Noite de Quarta

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Era uma quarta-feira dia da Copa Libertadores. E lá estava Lucas com uma vasilha de pipoca e guaraná. O Rex deitado aos pés de Lucas e olhando para TV. E o Téo? Na mesa com o notebook ligado fazendo o orçamento da Lan House.

― Pai, já estão passando a escalação.

― Filho, eu preciso entregar isso para o contador amanhã. Se eu terminar logo. Assistimos o segundo tempo juntos.

― Rex, se fosse jogo do Timão. Ele estava aqui.

A campainha toca. Lucas atende:

― Miguel!

― Oi! Lucas, você não deveria estar com a camiseta do Timão?

― Hoje é quarta! O Timão joga amanhã.

― Eu posso assistir o jogo com vocês?

― Comigo e com o Rex. Claro!

― O que você está fazendo, Téo?

― Orçamento. Oi! Miguel, sinta-se em casa. Cerveja só depois que o Lucas dormir.

― Ele não tirou o olho do computador nem para falar com você. Desculpa. Por que você não trouxe o Zac?

― Pois é! Eu pensei que esta era a semana da sua mãe.

― Era. Mas minha mãe foi chamada para fazer um show lá... Eu num lembro o nome da cidade, mas eu sei que é longe.

― Entendi.

Começa o jogo e ... Eu não sou o narrador da Libertadores. Então eu vou lá na casa da Clara. E quando o jogo acabar voltamos.

― Mel!

― Clara!

― As crianças estão dormindo. A que devo a honra?

― Clara, eu vim lhe perguntar uma coisa.

― Ah! Consegui um engenheiro e uma empreiteira para fazerem o segundo andar. Vai ficar linda!

― Que bom! Mas não era isso que queria lhe perguntar.

― Então...

― É sobre o Miguel...

― Ele está bem? Aconteceu alguma coisa?

― Furacão Clara.

― Ele não me deixou explicar. Eu... Eu... Tenho... Eu num quero casar. Eu amo ele mais que tudo. Mas casar não! Não!

― Clama. Você é a primeira mulher que eu conheço que não quer se casar. Nós moramos numa cidade pequena. Todos! Todos já comentavam que vocês eram estranhos que deviam ser casados.

― Eu não ligo para os outros.

― Clara, você está falada. Você num pode criar essas crianças sozinhas.

― Faz três anos que estamos juntos. Eu amo eles.

― A cidade inteira lhe chama de mãe solteira.

― Eu adotei as crianças sozinhas. O que você queria que a cidadezinha de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro dissesse?

― Você não entende. Você precisa de um marido.

― Eu agrado a cidade inteira e me desagrado.

― Você quer dizer que o meu irmão te faz infeliz?

― Não. Eu quero dizer que o casamento me faz infeliz.

― Você já se casou antes?

― Não.

― Eu não lhe entendo.

Acabou o jogo! Vamos voltar para casa do Téo. Esta conversa dessas duas me deixou confuso. E você?

― Boa noite! Obrigado pela companhia!

― Boa noite!

― Vem Rex! ― Rex se levantou e seguiu o garoto.

― Téo, o que está acontecendo?

― Miguel, as férias acabaram e eu faturei menos que o mês de novembro. Eu vou ter que pedir outro empréstimo no banco. Pelo menos até vender o carro.

― Nossa! 

― Eu estou procurando emprego. Assim que eu arrumar eu fecho a Lan House.

― Não! Vamos pensar em outra solução.

― Miguel, eu perdi a noite quarta. A noite mais importante pro Lucas. Eu sou um péssimo pai.

― Você não é. Eu que sou.

Fim de Capítulo.

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