Traição

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Annabell:

O Homem me encarava nos olhos, podia notar a insana crueldade que eles exalavam, seus olhos roxos eram estranhamente penetrantes e sua vibração mágica era forte, tente acertá-lo com uma esfera de poder, mas um anjo se meteu na frente. A explosão o jogou para trás fazendo-o cair sem demonstrar nenhuma reação. Meu oponente abriu suas asas e se afastou de mim nesse meio tempo, e seus servos se puseram na minha frente, impedindo minha passagem, um deles pulou sobre mim e me prendeu no chão, abri minhas asas e fiz impulso jogando-o pra longe.
Era estranha a forma com que eles atacavam, pareciam inertes, nenhum deles fazia qualquer tipo de movimento no qual eu poderia considerar como uma verdadeira luta, eles se jogavam contra mim, chutes e socos eram suficientes para detê-los. Mas aos poucos eles forma me cercando até que não havia mais para onde ir, o poder da Princesa da Ruína os impedia de se aproximarem muito, mas estava me deixando cansada.
Um bater de asas ao longe desviou a atenção do anjo de cabelos roxos para cima, penas brancas caíam por todo local, até que elas começaram a se movimentar entre si, e assumiram a forma de lâminas atacando os anjos a minha volta e distanciando seu líder de mim.
— Quem poderia? — ele se perguntou, mas ao ver a luz branca que irradiava das asas da menina, arregalou seus olhos.
— Esqueceu de me mandar um convite pra festa. — Lu ironizou enquanto o outro anjo olhava para ela, sua expressão havia mudado.
— Veja só se não é a pequena Luciela. — ele disse rindo.
— Não me chame por esse nome! —ela lançou duas espadas invocadas contra ele, que desviou com facilidade, as espadas explodiram ao entrar em contato com a superfície da parede, fazendo o local inteiro tremer.
Que poder absurdo. Pensei.
— Você fez amizade com a Princesa da Ruína? — ele ironizou novamente — Está cada vez mais patética.
Lu invocou outras seis espadas e as jogou contra ele, duas delas atingiram seu corpo profundamente.
— Você não tem o direito de me chamar de Luciela. Você não é digno Mikhael. — Lu concentrou seu poder mais uma vez, mas o anjo foi mais rápido, agarrando a menina pelo braço e a jogando contra a parede, ele se voltou para mim e correu em minha direção, tentei revidar, mas seus servos me prenderam.
Por um breve momento olhei para minha mão, e me lembrei das palavras que Dimitri havia me dito.
— Mesmo sendo de minha raça oposta e podendo ter me matado, está escrito que da próxima vez que lutássemos, seria do mesmo lado. — minha mão começou a formigar e o Corvo apareceu em minha frente trocando de lugar com Dimitri em instantes. O Aversu agarrou o pescoço de Mikhael jogando-o no chão.
— Anna, siga em frente! — ele disse enquanto enforcava Mikhael e um círculo mágico se abria sob eles.
— Mas e você? — perguntei.
— Eu não posso ficar aqui muito tempo. — respondeu — Vai!
Corri em direção ao próximo cômodo, notei que o contrato em minha mão havia desaparecido. Logo depois, passos que me acompanhavam desviaram minha atenção de minha mão para os cabelos acinzentados de Lu.
— Não era pra me seguir. — disse fazendo sinal para que ela voltasse.
— Eu não vou te abandonar. — Lu disse sorrindo pra mim.
Uma risada cruel, que fez Lu arder em raiva, podia ser ouvida da escuridão, passos arrastados vinham da nossa frente, junto de passos arrastados e um par de olhos escarlate vindo em nossa direção.
— Amor de amiga, dizem que vão até o túmulo não é. — Uno dizia saindo da escuridão e apontando a espada para nós — Vamos ver se vai mesmo.
— Anna, vai em frente. — disse Lu erguendo sete espadas em suas costas.
— Você não me abandonaria, por quê acha que eu o faria? — perguntei ficando do lado dela sem desviar a atenção de Uno.
— Meu assunto com Uno precisa se resolver, e deve ser agora. — ela ergueu as sete espadas na direção de nosso oponente. Elas flutuavam como lanças apontadas para ele.
— Que tipo de coisa é essa? — Perguntei abismada.
— Essa são as lanças dos sete pecados, só a Santa das espadas sabe como controlar.
— Só que as Lanças custam uma quantidade absurda de seu poder vital. — Uno disse.
— Por que faria isso aqui Lu? — Perguntei.
— Já estou cansada desse brinquedinho de Lúcifer atrapalhar minhas missões. — Lu ergueu-se novamente — Eu cuido dele. Vai!
Corri na direção de Uno e saquei minha foice, ele veio em minha direção apontando seu sabre contra mim, Lu ergueu uma espada que o desviou do percurso, dando passagem para que eu continuasse, sorri e acelerei na direção da próxima porta. Porém ao chegar mais a fundo, algo prendeu minhas mãos e meus pés, impedindo minha locomoção, as luzes se acenderam e Lucifer estava sentado num trono me encarando com sarcasmo.
— Bela garota Vielmont. — ele disse ainda no mesmo tom de sarcasmo me aplaudindo — Achou mesmo que poderia derrotar meus servos apenas com isso?
— Então suas intenções são  verdadeiras? — disse tentando me soltar das sombras que me prendiam — Sabia que você era repugnante, mas não tinha ideia de quanto.
— Não ouse me julgar em meu reino! — ele exclamou chutando meu lado, me livrando das sombras e me jogando contra parede. — Você é a garota do sangue amaldiçoado, você nasceu da família maldita do reino dos céus, aquela cujo a alma corrompida está destinada ao inferno.
— Estar no inferno deve ser muito mais recompensador que estar com você, — retruquei — além do mais, eu sei de tudo Lúcifer. Eu sei quem você verdadeiramente é.
Ele arregalou o olhar.
— Mentir também é pecado Lucifer. — disse Lu aparecendo na porta, já havia derrotado os guardas. — E matar uma família por pura inveja, é mortal.
— O que você fez com Uno? — Lucifer perguntou.
— Estava cansada dele, então o fiz desaparecer. — ela mexeu nos cabelos, é deles surgiu uma espada dourada, com detalhes verdes e pérolas em seu cabo.
— Não adianta mais pra vocês, — ele riu — Vocês já estão destinadas ao inferno!
— Não pode derrubar a santa das espadas. — disse Wade surgindo no meio do local.
— O que faz aqui? — perguntei.
— Justiça. — ele respondeu — não pode derrubar uma santa, seria um pecado decisivo para você.
Lucifer bufou.
— Eu ainda posso levar vocês ao inferno! — ele se preparou para atacar Wade.
— Não! — gritei estendendo minha mão para Wade e Lu, formei círculos de teletransporte e os tirei dali a tempo.
— Maldita! — Lucifer veio em minha direção, abri minhas asas e com um pouco de esforço e poder, voei e abri uma clarabóia no teto dando-me livre espaço para voar — Não vai muito longe.
Lucifer estendeu sua mão em minha direção e correntes me agarraram, me puxando para baixo. Ele me levou até à frente dele e olhou em meus olhos.
— Pequena Anna. Por que virar um anjo caído, quando pode se unir a mim? — ele acariciava meu rosto enquanto falava.
— Eu nunca me uniria àquele que matou meus pais. — prefiro viver no inferno!
— Que assim seja! — ele estendeu as mãos e um tremor invadiu o local. Senti minha sanidade indo embora por um segundo e o chão se abriu abaixo de mim, Lucifer me soltou e eu me deixei ser levada pelo vento que passava em meu rosto. Numa última olhada para cima, vi Lucifer dando ordens aos seus anjos para que me destruíssem, concentrei todo poder em meu interior por algum tempo enquanto caia e o liberei em uma energia catastrófica que rompeu as nuvens e aniquilou os anjos ali presentes, após isso, minha consciência se perdeu e eu acordei com um par de olhos cintilantes me observando, passei a mão nos cabelos brancos dele e sorri em meio a uma alegria perdida em mim.
— Dimitri...

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