Capítulo 10- Ele

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Semanas mais tarde.....

Eu estava super empolgado. Consegui convencer a doutora Odete a deixar Ilana ir passear comigo- e como Ilana não se cortava há quatro semanas- ela deixou.
Cheguei às 08h na clínica, com uma enorme mochila contento meu violão nela. Sim, eu toco. Ilana me esperava logo na porta- pulseiras nos braços, uma camiseta colorida, uma touca com o cabelo longo caindo por seus ombros.
-Adivinhou que eu ia usar touca?- ela sorriu notando que eu também estava com uma
-acho que estamos em sintonia- dei de ombros
-Você toca violão? -ela falou surpresa
-Sim, tome- dei meu caderno de músicas para ela- vamos a uma parque ficar de bobeira.
-Tá bom- ela sorriu largamente

Olhei para trás vendo a doutora Odete nos olhando com um largo sorriso no rosto. Acenei para ela, e então segui caminho ao lado de Ilana.
Nós parecíamos dois regueiros, largados por aí. Ilana observava as ruas e as pessoas como se não estivesse acostumada a ver tanto movimento. Eu segurei sua mão, dando incentivo para ela se sentir à vontade.

No parque, nos sentamos perto de uma árvore. Tirei o violão da mochila e então comecei a tocar, era uma melodia que havia visto em um filme da Disney, ela pareceu reconhecer pois seu sorriso demonstrava isso.
Começamos a falar sobre as coisas, o tempo, nossos fetiches, gostos, infância, piadas, nossas manias, coisas que só nós dois poderíamos saber um sobre o outro. Era um momento único, que eu não poderia esquecer.
Ilana começou como um projeto, mas hoje era uma parte importante minha. Criei uma afeição grande por ela e digo que o que mais quero é ter ela perto de mim.

O tempo passou, ensinei ela à tocar umas melodias, mostrei para ela uns desenhos que fiz, e e ela decidiu me ensinar golpes de Jiu-jitsu- e fiquei surpreso por ver que ela sabia esses golpes- ela pegou minha touca e esse foi o início para uma brincadeira de pega-pega. Eu nunca havia visto seu rosto tão cheio de vida, com um sorriso tão real. Talvez ela estivesse curada, talvez ela estivesse bem agora.
Eu consegui. . .

Às 10h paramos para tomar um sorvete, Ilana tentava não deixar o sorvete derreter e eu ria dela.
-Hoje é o melhor dia da minha vida- ela falou me deixando eufórico
-Sério mesmo? -perguntei
-Claro, olhe só? Eu não me sinto tão bem a tanto tempo- ela sorriu
-Fico feliz em ouvir- sorri junto com ela
-Onde vamos almoçar? -perguntou ela
-hã, meus pais convidaram a gente para comer com eles.
-Oh. Então vou conhecer sua casa?- ela balançou suas sobrancelhas
-hahaha vai menina.
-Ótimo, só não reclame, pois eu como demais- ela pegou minha touca de novo e logo voltamos a correr

Meus pais haviam caprichado na recepção. A mesa estava farta, uma música calma tocava, e havia flores nos cantos. Ilana segurou minha mão, e eu senti minha pele formigar.
Ela parecia ser minha namorada, e considerando que eu gosto dela, não acharia ruim se fossemos.
-Olá. .-Mamãe chegou com um prato de arroz em mãos- bem vindos.
-Oi mãe- falei constrangido- essa é Ilana.
-Muito prazer...-Ilana ajeitou as pulseiras e apertou a mão de mamãe
-Você é mais linda do que eu imaginava- mamãe sorriu de orelha a orelha
-Olá família- papai surgiu com a jarra de suco
-Esse é meu pai- sussurrei para Ilana- pai, essa é a Ilana.
-Muito prazer senhor- Ilana corou
-Muito prazer senhorita- papai sorriu
-O almoço parece ótimo- Ilana apertou minha mão
-Então, vamos comer- mamãe se agitou

O almoço foi tranquilo, meu pai contando sua piadas, eu com as mãos entrelaçadas com as de Ilana por baixo da mesa, minha mãe rindo e oferecendo mais comida. Não houve menção alguma sobre assuntos desagradáveis, nem perguntas sobre a clínica ou algo parecido. Foi um almoço tranquilo.
Quando acabamos, Ilana se ofereceu para ajudar minha mãe na cozinha, eu fiquei na sala- pouco nervoso- com meu pai. Não queria deixar Ilana sozinha, mas não podia cercar ela sempre.
-Você está caidinho por ela- meu pai sorriu
-Como é? -olhei para ele confuso
-Você se apaixonou por essa garota- ele disse- e dessa vez, acho que escolheu bem filho.
-Não sei, acho que ela pode pensar errado- falei- pensar que gosto dela por pena
-E é por isso?
-Não.
-Então, pode ter certeza que ela não pensará isso.
-É. . .- sorri empolgado
-E a universidade em Harvard? -ele perguntou- essa é sua última semana para responder se aceita a vaga.

Droga. Havia esquecido disso.
-Sim, é. .eu só. .
-Filho, não pense em mim e sua mãe. Nós vamos apoiar cada escolha sua. Você é um garoto brilhante.
-Obrigado pai- sorri para ele
-Ele parece mesmo -Ilana surgiu rindo com minha mãe na sala
-Ilana e eu nos demos super bem- mamãe disse- traga ela mais vezes aqui.
-Sim,senhora- sorri- vamos Ilana?
-Sim- ela veio para meu lado- foi um grande prazer conhecê-los.
-o prazer foi nosso- papai disse
-Volte sempre querida- mamãe abraçou Ilana

Demos tchau, e Ilana pegou minha mão para irmos para a clínica novamente.
O dia hoje foi incrível, e eu tenho certeza que daqui para frente será totalmente diferente.

Querida Lâmina. . .Onde histórias criam vida. Descubra agora