Capítulo 8- Ele

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Ela me olhava de uma forma diferente, mas logo fez algo inesperado. Ela se aproximou e me abraçou, uma abraço sincero e assustado.
-Eu sou fraca Sebastian, eu não aguento essa dor. Eu preciso me cortar- ela disse
-Eu vou te ajudar- sussurrei de volta- vamos passar por isso juntos. Me deixa ajudar você.

Ela se afastou, olhou para mim de um jeito intenso como se lutasse com alguém dentro dela.
Ela era tão linda.
-Eu deixo- ela sussurrou- eu quero sair disso.
-Você quer? -fiquei surpreso
-Sim, quero sair daqui. Pelos meus pais- ela colocou o cabelo atrás da orelha
-Vou ajudar você- sorri feliz

No fim do dia eu voltei para casa totalmente aliviado, as palavras de Ilana ainda estavam na minha cabeça
Eu deixo, eu quero sair disso.
Eu podia dizer que tive um progresso com isso, mas não posso afirmar que ela vai parar de se cortar tão rápido. Isso com certeza vai levar tempo.
-Sebastian!- minha mãe me chamou
-Aqui...- fui até ela vendo em suas mãos uma caixa de presente -que isso?
-É para a Ilana- mamãe deu a mim
-o que? -quase engasguei
-São três livros de ficção incríveis, acho que ela vai gostar- Mamãe disse animada
-Mãe, ela vai ficar constrangida- passei as mãos no cabelo
-Por isso é você que vai entregar- mamãe insistiu
-Acho que não é uma boa ideia- falei tenso
-Ótimo, eu mesmo levo.
-Não! -falei rapidamente

Mamãe sorriu me dando a caixa, eu não pude fazer nada além de aceitar.

Depois do jantar eu estava com a mente longe. O rosto de Ilana era meu foco, ainda não havia acreditado que ela havia deixado eu ajudá-la. Consegui sorrir e então dormir tranquilamente.

O dia na escola não foi nada animado, eu recebia os olhares dos outros adolescentes. Olhares que me questionavam, e eu, como um bom entendedor, sabia porquê eles me olhavam assim.
Coloquei meus fones ignorando tudo ao meu redor.
Eu não podia dizer estava agindo como o melhor estudante da escola- como sempre fui considerado- no momento, eu queria estar sempre na clínica com Ilana, a sorte era que eu era liberado às 12h logo depois de almoçar, se eu pudesse dormiria lá, mas meus pais não iam aceitar. Estou empolgado para ver Ilana sair da clínica. Minha mente formulou a imagem minha e de Ilana passeando por ai, rindo de alguma bobagem, vendo os outros querendo fazer amizade com ela...
Meu sorriso aumentou me deixando cada vez mais ansioso, era melhor ir com calma nos planos.

Terminei meu almoço rapidamente- depois que peguei a caixa com os livros que minha comprou para Ilana no meu armário , eu fui para clínica o mais rápido que pude, e assim que cheguei notei uma agitação diferente.
A doutora Odete dava ordens a umas enfermeiras enquanto anotava algo em sua prancheta.
-Doutora, o que houve?- cheguei apressadamente
-Ah, Sebastian, ainda bem que chegou...- ela veio com seu olhar assustado
-O que houve?- perguntei de novo
-Ilana cortou uma veia - ela anunciou como um soco no meu estômago

Meu coração se desesperou.
Não. Não. Não.
Ela não pode morrer, ela não pode estar morta. Deus! Por favor! Meu peito subia e descia totalmente assustado.
-Calma...- Odete disse rapidamente- ela foi parar na enfermaria, ainda está inconsciente, mas passa bem.

Logo senti o sangue voltar a correr por minha veias. E minha respiração se regulou.
-Nossa, você ficou pálido -ela disse
-A senhora me assustou- falei baixinho
-Ela falou seu nome. Chamou você várias vezes- a doutora disse me deixando sem palavras- não desista dela.
-Não irei- murmurei

Quando ela sorriu, eu apressei meu passo indo até a enfermaria. Quando entrei, meu coração acelerou. Ilana estava na cama, curativos por todo o braço, soro , e muito pálida.
-Olá, deve ser o Sebastian- a enfermeira falou
-Sou...- murmurei
-Ela te chamou.
-Sim, eu sei...- disse ainda surpreso- foi grave?
-Ela se cortou no meio da noite, não deve ter calculado bem e furou uma veia. Deve ter caído. Encontramos ela desmaiada às 11h da manhã. Perdeu muito sangue.
-Deus...-caminhei até ela pegando sua mão que ainda estava gelada
-pode ficar com ela- a enfermeira sorriu e saiu em seguida

Os rosto dela estava tranquilo, tirei um pouco das gases vendo os cortes no seu braço, marcas vermelhas. Os cobri logo em seguida.
-o que houve, Ilana ?- encostei minha testa em seu braço tentando entender o que houve.

O dia passou lentamente, meus olhos nunca deixavam o rosto dela, torcendo para ela acordar o mais rápido possível. Mas seus olhos ainda permaneciam fechados.
-Sebastian. . .- a voz dela soou pela sala fracamente

Saltei da cama achando que ela havia acordado. Mas ela ainda estava dormindo.
-Ilana...-suspirei
-não vai...-ela se debateu

Segurei sua mão plantando um beijo suava nos nós de seus dedos.
-Não vou sair daqui, pequena- respondi a seu pedido inconsciente

Querida Lâmina. . .Onde histórias criam vida. Descubra agora