Capítulo 5 - O antigo povoado

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Sai do banheiro e o vapor da água quente se esvaiu pelo corredor. Fui até meu quarto e me troquei. Olhei pela janela, Coraline ainda brincava na neve. Desci até a sala de estar, mamãe assistia televisão, que ela aparentemente havia conseguido consertar, e tomava chá quente. Me sentei com ela.

- Melanie ainda não chegou?

- Não... - Senti o tom de preocupação e culpa em sua voz. Coloquei minhas botas e vesti o casaco.

- Vou achá-lá. - Anunciei saindo para fora. Disse para Coraline ir para dentro, pois já estava escurecendo, e lhe prometi que no dia seguinte brincaríamos o dia todo com os bonecos de neve. Mal eu sabia que isso não iria acontecer. Entrei na floresta, andei por todo o contorno do lago, entrei nas cavernas e clareiras, fui na antiga casa do empregado da fazenda, percorri todas as trilhas e nada. " Onde você se meteu... " , pensei entrando na última trilha que conhecia. A trilha que levava ao antigo povoado, me lembro da última vez que havia estado ali, quando papai havia levado eu e Melanie para passear na floresta como desculpa para nos levar ao povoado, já que mamãe dizia que não era um lugar para crianças brincarem. A trilha havia sido uma estrada, mas agora era tomada pela vegetação já que nenhum carro passava mais por ali, a trilha só existia porque alguns adolescentes malucos que iam em lugares abandonados para caçar fantasmas e fazer rituais adoravam o antigo sanatório e o orfanato do povoado. A maior parte da população havia morrido por uma peste que havia ocorrido no povoado no século 19 e desde então tudo era abandonado.

Depois de um tempo ziguezagueando pela trilha, avistei uma das torres da capela. Papai ao nos levar ali inventara várias historias de fantasmas, eu havia sentido calafrios de medo, já Melanie, como sempre mais corajosa havia pedido a ele para nos levar no sanatório, e ele felizmente recusou. Me lembrei de uma das histórias que papai havia dito sobre o povoado, que quando quase todos os habitantes morreram os que sobraram, iam no sanatório e diziam que lá sentiam uma forte conexão com seus entes, outros até afirmavam terem se comunicado com eles. Desde então as pessoas iam lá tentando se comunicar com parentes que tenham falecido. Parei abruptamente ao me lembrar disso. " Ela não teria ido tentar isso... ", eu meio que sabia a resposta. Melanie sempre foi mais apegada a nosso pai que eu, afinal depois de sua morte, havia passado meses sem falar uma só palavra. Logo ela que antes sempre fora mais equilibrada e forte que eu, sofrera e mudara tanto...

Ela sempre teve crenças nesse tipo de coisa, e eu sabia que se ela acreditasse que conseguiria se comunicar com nosso pai, não importasse como ou onde, ela faria. Passei por todo o povoado e entrei na trilha que entrava novamente na floresta e levava ao sanatório. Depois de um tempo, me vi diante da construção. Fui até a porta principal, que para meu temor, estava destrancada, e entrei.

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