Capítulo 7 - Sombras

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Ao pisar no corredor me senti muito mal. Como quando você vai em algum lugar muito poluído, meu nariz ardia mesmo eu não sentindo cheiro nenhum, minha cabeça do nada foi tomada por uma enxaqueca chata, me sentia sufocado, e...

Observado. O corredor era mais extenso que todos os outros, e escuro, tão escuro que não conseguia enxergar nitidamente nenhum metro a minha frente. Por impulso, toquei a parede para me guiar melhor e senti algo... Molhado e frio. Olhei mais de perto a parede e quase cai para trás, pela parede escorria... Sangue. Sim, era sangue. Sem contar que andando um pouco mais pude distinguir alguns símbolos, pareciam desenhos tribais, ou melhor, satanistas.

Minha vontade era dar meia volta e zarpar fora daquele lugar, mas não podia, minha irmã só podia estar ali. Cada passo que eu dava era seguido de um arrepio e o desejo de não ter nada pior que aquilo no fim do maldito corredor.

Tentava não olhar para as paredes, e fazia de tudo para não men perguntar de onde raios havia vindo aquele sangue. Já estava andando a mais de dez minutos quando bati de cara em mais uma porta de madeira. " Ah, maravilha! ". Girei a maçaneta já esperando abrir a porta e encontrar mais uma.

Mas dessa vez, a porta estava trancada. Suspirei e me sentei de costas a porta, fechei os olhos e só então percebi o quão cansado e faminto estava. Já devia ser de madrugada.  "Mamãe deve estar desesperada. " , pensei e suspirei novamente, exasperado.

Acabei adormecendo. O que significava que não estava tendo uma alucinação, afinal, não tem como dormir dentro de um sonho, eu imagino. Tive sonhos perturbados e sem sentido, como sempre. Mas pelo menos sem nenhuma paralisia ou pesadelos. Acordei, mas quis ficar mais um pouquinho de olhos fechados, não sabia o que me esperava, e precisava preparar minha mente para o que fosse que viesse. Mas não imaginei que passaria por aquilo. Abri meus olhos lentamente. E por todos os deuses! Não conseguiria descrever o tamanho do susto que levei ao ver o que estava na minha frente. Eu havia deitado no chão do corredor, e a minha frente, deitada ao meu lado, a mesma garota que vi na floresta e achei ser minha irmã, me encarava com olhos esbugalhados e extremamente negros. Sua pele era estranhamente branca demais, como as mulheres que haviam passado por mim, e seu cabelo, preto, liso e na altura dos ombros como minha irmã, alias ela parecia ter uns doze anos assim como Melanie. Dei um salto e fique de pé. Fiquei grudado de costas entre a porta e a menina, ela continuava deitada, e agora encarava meus pés. Eu estava hiper ventilando, e se eu pensei que não podia ficar pior, ficou. Lá do fundo do corredor de onde eu tinha vindo, sombras, muitas sombras com silhuetas humanas avançavam até nós, eu estava quase abrindo um buraco na porta com minhas próprias mãos na porta. A menina se virou para as sombras e depois se ergueu, de uma maneira bem errada de se levantar.

Ela me olhou e depois as sombras, e a mim novamente. As sombras estavam a poucos metros agora. Ela olhou além de mim, para a porta. E eu não sentia mais a madeira atrás de mim. As sombras já estavam tocando a camisola dela, e então a menina, que eu não sei porque, mas já não tinha medo dela, me encarou com uma expressão triste e disse baixinho, com uma voz infantil.

- Pule. - Eu não entendi até olhar para a porta. Ela não estava mais lá, agora havia uma especie de poço de elevador vazio, olhei para baixo e só enxerguei breu. Olhei para ela, as sombras estavam quase a consumindo por completo, em seus lábios ressecados, se formou uma especie de sorriso, e então seu corpo se dissolveu em sombra. Olhei novamente para o poço. " O que acontecendo? ", me perguntei. Eu não sabia.

Então pulei.

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