A ideia de passar o Halloween em um parque de diversões abandonado fora, inicialmente, do Doom. É claro que assim que Ollie decidiu que era uma ótima ideia, Doom desistiu, dizendo que só estava brincando e nada mais. Till se opôs, disse que seria perder tempo, quando nós todos poderíamos fazer uma comemoração pequena na casa dele mesmo.
Sem necessidade de dizer o quanto Flake o apoiou nisso; os dois concordavam em tudo, melhores amigos desde sempre, e é claro, nenhum dos dois gostaria de fazer uma festa com tantos convidados. O que seria o caso, se decidíssemos no parque abandonado. Enquanto eles discutiam a melhor ideia, eu e Richard fingíamos jogar um jogo qualquer de luta no video game, mas prestando atenção em tudo. De costas pra eles, sentados no chão, nós dois nos encaramos, antes dos lábios finos dele se curvarem em um sorriso que eu conhecia bem.
"Acho que seria uma boa ideia, senhores." Eu disse, colocando o controle de lado e me virando para olhar para os cinco, espalhados pela minha sala de estar, totalmente bagunçada.
O apartamento que consegui em Berlin era pequeno, porém confortável, e além disso era bem em frente ao Brandenburg Gate, e a algumas quadras do apartamento do Richard. Lugar perfeito. Ele mesmo escolheu o lugar, especialmente para sua 'pequena Liese', como me chamava.
Enquanto mexia na minha coleção de discos, Oliver fingia nem ouvir os vários motivos que Till e Flake davam a ele. Mas logo todos pararam para olhar pra mim e pro Richard, que mantinha o mesmo sorriso sacana.
"Certo, Liese concorda, Ollie também. Deixa eu adivinhar, você também quer, Richard." Paul riu baixo, sabendo que Reesh concordaria com qualquer que fosse minha decisão. "Doom?"
"Ahn... Eu dei a ideia, mas..." Doom hesitou.
"Ele concorda." Ollie respondeu, se sentando no chão, do meu lado.
"Eu também. Então estamos de acordo?" Paul se levantou do banquinho da cozinha, indo em direção ao meu quarto.
"Mas..." Flake revirou os olhos. "Isso é uma loucura. Nós somos seis velhos e uma garota. Qual o motivo de fazer uma festa de Halloween?"
"Ora, Doktor Flake," Paul caminhou de volta para a sala, um caderninho e caneta em mãos, "o motivo é que não estamos velhos demais para se divertir."
"Não sei." Till suspirou.
"O que foi? O velho Lindemann que saía para festejar não existe mais?" Richard riu.
"Reesh..." Ergui uma sobrancelha.
"Só estou dizendo que vai ser divertido, e que faz muito tempo que não temos uma festa. É Halloween. Por que não?" Ele deu de ombros.
"Tudo bem." Till deu de ombros, o que fez Flake o encarar com surpresa e revolta. "Mas se não der certo, a culpa é de vocês."
"Você não vai se arrepender." Ollie piscou.
"Já que todos concordamos," Paul ergueu uma sobrancelha para Flake, antes de começar a escrever qualquer coisa no caderno, "vamos aos planejamentos."
Ainda que sem concordar com a ideia, Christian Flake Lorenz era o mais prático de nós, e com certeza o mais racional. Depois de perceber que nós não conseguiríamos organizar uma festa sozinhos, ele tomou as anotações de Paul e começou a fazer as dele, enquanto nós o ajudávamos. Quer dizer, fora sempre assim com a banda: nenhuma decisão era tomada sem que todos estivessem de acordo, e nem mesmo o planejamento de uma festa passaria sem que todos dissessem o que queriam, e como queriam. No fim nós juntávamos tudo e pronto, o que quer que fosse, estava resolvido.
A verdade era que uma festa não era nenhuma novidade. Rammstein era, sem dúvidas, uma banda conhecida pela loucura e exageros, e não era raridade quando os rapazes decidiam festejar. Quer dizer, não antigamente. Mesmo com meus 27 anos, eu ainda tive a sorte de estar com aqueles meninos no auge, quando eles nunca se cansavam de shows e festas noite e dia. Nós todos festejamos muito, aproveitamos o quanto podíamos, mas agora... Bom, depois de tantos anos, era natural que eles quisessem um pouco de sossego.
Depois de tudo planejado, cada qual teria uma tarefa, e também um mês pra tudo estar pronto. Eu, por sorte, fui deixada com a melhor e mais fácil: cuidar da decoração e, melhor ainda, das fantasias. É claro que eu teria que ajudar o Richard a encontrar algumas bandas pra tocar na festa, por que eles decidiram não o fazer, mas seria muito fácil, e um mês era tempo de sobra pra fazer tudo isso. Sabia que todos eles eram eficientes e poderiam cuidar de cada tarefa sozinhos, mas eu realmente esperava que o Dom conseguisse encontrar o lugar. Juntos, nós pensamos que fosse bem justo que ele procurasse, já que deu a ideia.
Já passava da meia noite quando os rapazes resolveram ir embora, e só ficamos eu e Richard, sentados na varanda com dois dos maiores e mais pesados cobertores que eu tinha em casa, e duas canecas do chocolate quente maravilhoso que ele fazia.
"Doom deve estar se borrando." Ele riu, batendo o queixo de leve, por conta do frio.
"Ele deu a ideia. Ótima, aliás." Dei de ombros, me encolhendo no cobertor.
"Que irresponsabilidade a nossa." Ele riu. "Estamos no Outono, querida Liese, não é prudente ficar aqui fora neste frio."
"Mesmo com chocolate?" Brinquei, erguendo a caneca.
Ele olhou pra cima, antes de dar de ombros. "Com chocolate creio que não faça mal." E bebeu um gole.
Dei de ombros também, antes de olhar para o céu escuro de Berlin e sorrir.
"É, não faz mal." Repeti, rindo.
"E então, quais são seus planos pra festa?" Richard perguntou, de repente.
"Estava pensando em dar um susto neles. Sabe, festa de Halloween, parque abandonado..." Dei de ombros.
"Tive mesmo essa impressão." Ele sorriu de canto. "Alguma ideia?"
"Ainda não. Mas já estou pensando nas fantasias."
"E então?"
"Lembra-se do que vocês usaram em Mein Herz Brennt? Pensei em usarmos algo parecido com aquilo."
"Eu gosto da ideia. Foi, com certeza, um dos nossos melhores."
"Acha que eles vão gostar?"
"Sem dúvidas, pequena Liese."
"Richard, eu já tenho 27." Ergui uma sobrancelha.
"Não deixa de ser pequena." Riu.
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Stein um Stein
FanfictionComo uma festa deixa de ser mais uma comemoração inofensiva, para se tornar o pesadelo da garota que convive com a banda mais perversa do mundo? É quando seus seis companheiros fiéis a deixam, que ela começa a desconfiar de que, sim, existe algo de...