Fünf.

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"Eu não sei não, Ollie." Respirei fundo, enquanto Ollie passava o portão do parque. Não me parecia uma boa ideia deixar os meninos lá. Não era a cara do Lindemann ir embora sem avisar, mas o carro dele não estava lá, e aquela era a explicação mais sensata.

"Fique calma, nós vamos buscar o Lindemann, e quando voltarmos pra festa, Paul vai estar lá." Ollie sorriu, e então eu acenei a com a cabeça e olhei para a estrada. Ainda não fazia sentido. Algo estava errado...

Oliver Riedel com sua mente e atitudes inocentes não veria isso, eu tinha certeza. Apesar de ser um homem, ter visto tudo o que há de ruim nas pessoas, ele ainda sim procurava o lado positivo, e as coisas boas de tudo em volta. Eu costumava dizer que ele tinha a cabeça nas nuvens, com seus dois metros, e não via o mundo real 'aqui em baixo'. Ele só ria e concordava. Mas talvez Ollie só escolhesse o que queria ver; não que não visse que era possível acontecer algo ruim com um de nós, mas sim que só quisesse investigar a fundo antes de tirar uma conclusão daquelas. Eu o respeitava por ser tão calmo e sabia que aquilo, mesmo que parecendo, não era frieza.

"O que acha daquilo que o Doom anda dizendo?" Perguntei, querendo saber o que ele realmente pensava sobre tudo isso.

"Os assassinatos?" Ele me deu uma olhada rápida e fiz que sim, então ele balançou os ombros, prestando atenção na estrada. "Acho que ele esta te assustando, e a si mesmo, pra nada. Porta-luvas, olha o que ele me trouxe."

Abri o porta-luvas, e tirei de lá um papel enrolado.

"Isto?" Perguntei, e ele fez que sim, então o desenrolei. No topo da folha, em letras grandes de título, a seguinte frase: 'Assassino de garotas ataca em Blue Beens.', era a manchete de algum jornal, datado de anos atrás. Blue Beens era o nome do parque em que resolvemos fazer a festa. Dei uma lida rápida na matéria, que contava como os corpos de quatro garotas foram encontrados espalhados pelo parque, e que o culpado não foi encontrado. "Se esse é o assassino que o Doom tanto fala, o artigo diz ele só mata garotas." Dei de ombros, mas o sentimento de que havia algo de errado não passava.

"Não me espanta que ele tenha dito umas mil vezes pra não te deixar sozinha. Não que o Richard fosse permitir, é claro." Ele deu um sorrisinho de canto. "Só te prova que nada aconteceu com Lindemann e Paul." E me deu um sorriso sincero.

Assim espero, Ollie, assim espero. E então me mantive em silencio, tentando ocupar minha mente com possíveis motivos que tenham levado o Lindemann a sair as pressas de lá, sem nem avisar. Talvez algo tenha acontecido com sua filha? Ou com Sophia? Mas ele não carrega celular, como saberia? Nada me fazia sentido mais.

"O que é aquilo?" Perguntei, vendo um amontoado de carros parados logo a frente. Estávamos a alguns quilômetros do parque; era possível ver os brinquedos mais altos, como a montanha russa e a roda gigante, mas tudo fora planejado para que as luzes do lugar não fossem vistas, e eu dava graças a Deus pelo raciocínio rápido de Flake.

"Ah, não." Oliver respirou fundo. "São policiais, vamos ter que parar."

"O que?" O encarei.

Voltei a olhar para os carros, dos quais nos aproximávamos. Estavam parados, como em um congestionamento, e o policial parava com uma lanterna, dizia algo e partia pro próximo carro. Ollie abaixou o vidro quando ele se aproximou, e o policial se debruçou para olhar para nós.

"Houve um acidente mais adiante, crianças. Vão ter que esperar até que liberem a estrada, sinto muito." O policial disse, dando uma boa olhada para dentro.

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