Nas primeiras duas semanas que tivemos, Doom acabou me convencendo a ir com ele passear pelos parques abandonados da região e escolher o 'mais adequado'. Disse que como eu faria a decoração, já estaria familiarizada com o ambiente, portanto seria mais fácil. Mas ele com esse papo não me enganava nem um pouco; sabia bem que ele estava era com medo de ir sozinho.
Acabamos por escolher um lugar grande, fora da cidade. Um parque que parecia estar abandonado fazia pouco tempo, levando em consideração que a maior parte das coisas ainda estava intacta. E depois da escolha - e do Doom se vangloriar por ela -, o mês passou rapidamente, e a noite de Halloween finalmente chegou. Ficamos no parque o dia todo para dar os últimos detalhes, e então eu me sentei na porta da Casa de Espelhos, ao lado do Lindemann.
"Não foi tão difícil." Ele suspirou, dando uma olhada em volta. "E até que ficou legal."
"Só tive que comprar umas coisinhas. O parque em si já da a imagem de 'assustador'." Ri. "Quando é que vamos colocar as fantasias?"
Till olhou no relógio e se levantou, me dando a mão. "Devíamos ir agora."
Segurei sua mão e nós caminhamos até o banheiro. As fantasias tinham mudado um pouco; era algo bem simples, porém uma ideia muito boa. Cada um estaria vestido com a roupa que usou em um dos clipes. Lindemann com Mein Herz Brennt, Richard com Ich Will, Doom com Du Riechst so Gut, Paul usaria Du Hast, Ollie usava Sonne, e Flake com Haifisch. Enquanto isso, eu usaria o longo e vermelho vestido de Du Riechst So Gut. Eram alguns dos videos favoritos deles, então acabamos concordando e fomos atrás de tudo. Tarefa muito fácil e que me deixou com muito tempo livre pra escolher toda a decoração sangrenta e assustadora da festa.
Till acabou me ajudando a colocar o vestido, e eu o ajudei com a 'maquiagem' preta e vermelha. Logo que terminamos, ele me levou para a entrada da roda gigante.
"Já esteve em uma?" Ele perguntou, olhando para ela. Gigante e imponente, quase como ele mesmo. Se encostou na grade, com um sorriso.
"Claro que já. Você me levou em um parque uma vez, lembra?" Sorri.
"Lembro sim. Você era uma garotinha, e não a jovem mulher que é agora."
"Jovem?" Ri. "Eu já tenho quase trinta, Till."
"E eu mais de cinquenta." Ele riu, colocando um dos braços nos meus ombros. "Só espero ter feito tudo isso direito, e que a festa seja legal."
"Vai ser, relaxa. Você fez tudo o que o Flake explicou?"
"Mandei colar alguns cartazes por aí e tirar no mesmo dia, depois um rapaz começou a comentar."
"E se a gente se encrencar por estar em propriedade particular?"
"O Richard da um jeito, você conhece ele." Ele riu.
Eu e Lindemann continuamos ali por mais um tempo, conversando sobre nossas expectativas da festa.
Till Lindemann era o maior e mais intimidante cara que eu conhecia, quer dizer, o Oliver era maior em altura, mas o Till... Era maior de um jeito impossível de explicar. Ele tinha um ar um tanto quanto 'selvagem', brusco, até meio rude. Não falava mais do que o necessário, o que te fazia pensar que ele se achava melhor do que todo o resto - um grande engano.
Não havia, nesse mundo, um homem mais gentil e humilde do que Till Lindemann. Assim que você passa um tempo com ele, e o conhece direito, você começa a perceber. Ele colocava a família acima de tudo, e isso incluía a banda. E pra minha felicidade, eu era parte da família dele também.
"Doom estava com um pouco de medo. Disse que ouviu algo sobre esse lugar ser 'assombrado'." Ele disse, erguendo uma sobrancelha.
"Ele me disse. Tentou de tudo pra me convencer a mudar de escolha por que ele 'leu' umas coisas online sobre algum tipo de assassinato por aqui, e queria mudar. Mas, você sabe, eu não acredito nessas coisas e ja estava tarde pra mudar."
"Assassinatos, é?"
"Ele disse que um cara assassinou uns adolescentes por aqui e que nunca acharam ele, dai fecharam o parque por isso, e por que 'os espíritos' dos adolescentes continuavam aqui. Um daqueles clichês de filme de terror." Dei de ombros, me sentando na grade.
"Bobeira da cabeça do Schneider. Ele é fácil de se impressionar, tem uma mente de criança com relação a esses assuntos. Mas e você? Tem lido bastante sobre assassinos ultimamente."
"Assassinos de verdade, não de uma história inventada pra manter as crianças longe de um parque fechado." Ri.
"Ei, pessoal." Ouvimos Paul chamar, e eu desci da grade, virando pra ver ele caminhar na nossa direção. "Já está escurecendo, e as pessoas estão começando a chegar, é melhor vocês virem ajudar."
"Pesadelos ambulantes, você quer dizer?" Lindemann suspirou.
"Não seja chato." Paul revirou os olhos.
"Fique perto e você vai ficar bem." Sorri pra ele, enlaçando meu braço no dele.
Lindemann era tímido, uma surpresa, é claro. Só quem era mais próximo conhecia esse lado dele. Na verdade, não era tanto por timidez, e sim um desconforto em 'socializar'. Algo totalmente aceitável.
Começamos a caminhar para a entrada do parque, enquanto Paul contava que estavam todos surpresos sobre a banda fazer uma festa mesmo, e que muita gente já havia chegado. Ele estava alegre, meio ansioso, enquanto Lindemann parecia já começar a ficar desconfortável, só de saber que havia tanta gente assim. Nós havíamos decidido mais cedo que ficaríamos na entrada por um tempinho, para 'recepcionar' o pessoal. Então, em uma fileira de seis homens e eu, ficamos lá. O público variava de um pessoal mais jovem, para alguns mais velhos. Todos com algum tipo de fantasia de Halloween.
"Pensei que fosse mentira quando meus amigos me contaram." Um garota disse, antes de dar um abraço no Richard, e então eu segurei no braço dele.
"Pois é..." Ele disse, sem graça, se aproximando um pouco mais de mim quando ela se afastou.
O ritmo de pessoas entrando começou a diminuir, então já poderíamos ir dar uma volta pela festa, conversar com o pessoal e se divertir um pouco.
"Ei, caras, vocês viram o Till?" Paul perguntou, olhando em volta, então o resto de nós fez o mesmo. Não conseguia ver o Till em lugar nenhum, o que era realmente estranho. Como era possível perder o Lindemann de vista assim?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Stein um Stein
FanfictionComo uma festa deixa de ser mais uma comemoração inofensiva, para se tornar o pesadelo da garota que convive com a banda mais perversa do mundo? É quando seus seis companheiros fiéis a deixam, que ela começa a desconfiar de que, sim, existe algo de...