Drei.

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"Ele deve ter ido pra algum canto. Sabe como ele odeia festa." Flake deu de ombros. "Vou procurar." E suspirou, resmungando um 'nem deveríamos estar aqui, em primeiro lugar' enquanto saía caminhando pela multidão.

"Vamos nos separar, então. Dez minutos e nos encontramos na mesa das bebidas." Paul disse.

"Certo." E então eu segui por um lado com o Richard.

"E então, tudo certo pro plano?" Sussurrei, quando estávamos longe.

"Certinho. Só precisamos levar os cinco para o Castelo e começamos." Richard disse, olhando em volta atentamente. "Doom me encheu a tarde toda com a história dos assassinatos."

"Lindemann também me disse. O que acha?"

"Talvez tenha acontecido, mas faz algum tempo, então não deveríamos nos preocupar." Deu de ombros.

"Certo, certo." Fiz que sim.

Depois dos dez minutos procurando, nos encontramos na mesa das bebidas, que foram selecionadas cuidadosamente de acordo com os gostos de ninguém menos que Paul Landers.

"E então?" Perguntei, começando a ficar preocupada. Till não sumiria assim, não no meio de uma festa, e muito menos sem avisar.

"Nada." Eles disseram, e eu respirei fundo.

"Fique aqui com Paul, nós vamos dar mais uma olhada." Richard me deu um beijo na testa e saiu andando com Oliver, Doom e Flake.

"Está tudo bem, pequena Liese." Paul sorriu.

"Eu espero que sim, Heiko." Dei um soquinho de brincadeira no ombro dele.

Paul era o mais baixo e mais bem humorado de nós todos. Sempre pronto pra uma piada, ou para alegrar o dia. Ele era muito paciente, e sabia dar ótimos conselhos, além de sempre ter a coisa certa pra falar quando nós precisávamos. Melhor amigo do Richard e quem apaziguava tudo quando a banda acabava discutindo, algo que se tornou muito frequente nos últimos anos.

"E então, trouxe algo não alcoólico, certo?" Perguntei, tentando desviar minha atenção.

"Claro que sim." Paul sorriu. Aquele sorriso brincalhão dele, mas no fundo de seus olhos, eu conseguia ver que ele estava tão preocupado com o sumiço do Lindemann quanto eu.

Landers buscou na mesa lotada de bebidas um refrigerante pra mim, e eu tomei rapidamente, tentando acalmar o meu coração acelerado.

"Olha, o Till deve ter ido dar uma volta por aí. Você sabe como ele prefere ficar sozinho." Paul colocou uma mão no meu ombro e sorriu de novo.

"Tem certeza? Não é do feitio dele sair sem avisar. Estávamos todos juntos." Suspirei.

"Venha cá." Ele abriu os braços e me puxou para um abraço, e então eu respirei fundo. "Logo os rapazes voltam, e o Lindemann junto." Ele beijou minha testa e eu fiz que sim, antes de uma luz piscar atrás de nós.

Viramos os dois para olhar, e um rapaz tinha acabado de tirar uma foto. Nós reviramos os olhos, mas não fizemos nada. Por anos as revistas e sites de fofoca batiam em uma só tecla: qual dos seis eu estaria namorando. Era impossível não ir a algum lugar com um deles, ou todos os seis, sem que alguém fizesse aquela mesma pergunta. Era previsível que aquela foto estaria online no dia seguinte.

"Depois de tanto tempo, eu parei de me importar." Ele pegou uma lata de cerveja e bebeu um longo gole.

Paul, mais do que os outros cinco, odiava qualquer tipo de rumor desses. Dizia que era ridículo que espalhassem que ele e eu poderíamos ter alguma coisa, quando nossa relação era próxima do jeito que dois irmãos são, não passava disso. Ele me conhecia desde muito jovem, e nunca pensaria em tal coisa comigo. Tentou, várias vezes em vão, mencionar isso em entrevistas, mas as pessoas viam aquilo como uma tentativa de mascarar o que havia, e só o deixavam mais frustado.

"Eu também." Dei de ombros, antes de ver a figura alta de Oliver na multidão e sorrir, mas quando eles se aproximaram e eu vi que Till não estava com eles, o sorriso logo desapareceu.

"E então?" Perguntei, caminhando de encontro aos três.

"Nada ainda." Ollie suspirou.

"Eu disse." Doom alertou.

"Christoph, já é suficiente." Flake revirou os olhos.

"O que vamos fazer, então?" Oliver perguntou.

"Liga pra ele." Richard sugeriu.

"Till não usa o celular. Nem o trouxe." Eu disse, chacoalhando a cabeça.

"Cabeça dura." Doom suspirou, colocando uma mão sobre os olhos, antes de começar a andar de um lado para o outro.

"Doom." Richard chamou, mas nada de ele parar. "Doom!" Ele o segurou pelo braço. "Se você não parar com isso agora mesmo, eu vou ter que te bater! Não ta vendo que ta deixando ela nervosa?"

"Richard, se acalma." Oliver pediu.

"Você só vai atrair a atenção pra nós." Flake disse, segurando o braço de Richard.

Tentando me acalmar, enchi minha mente com aquilo que Paul havia me dito: Lindemann saiu para caminhar por que queria ficar só. Não havia nada além disso.

Talvez eu devesse o ouvir. Aliás, onde Paul estava? Olhei para trás rapidamente, já estava assustada com o sumiço de Lindemann, mas ver Paul conversando com um outro rapaz, logo ao lado da mesa de bebidas, me fez suspirar aliviada.

"Paul sugeriu que Till tenha saído para caminhar." Eu disse, voltando a olhar para os quatro.

"Eu também creio que seja o caso. Não há com o que se preocupar, Lies." Richard sorriu, mas o fundo de seus olhos azuis me disseram que ele estava tentando convencer a si mesmo também.

Eu conhecia esses seis como a palma da minha mão. Cresci com eles, vivi com eles. Na estrada ou não. Passei quase todas as memórias de minha vida ao lado deles, e por momentos difíceis que eles mesmos tiveram que enfrentar. Eu sabia os ler, os conhecia mais do que a mim mesma.

"Esta bem, esta bem." Fiz que sim, numa tentativa de acalma-los, mas eu sabia que não funcionaria. O conhecimento era mutuo, e eu não conseguia esconder nada deles.

"Com licença, será que podemos tirar uma foto com vocês?" Ouvimos uma garota atrás de Doom dizer, então nos viramos pra ela.

"Claro." Ollie sorriu.

"Uhn, onde estão os outros dois?" Outra garota perguntou.

"Paul está bem..." Me virei para chama-lo, mas desta vez, meu coração se acelerou e uma onda de desespero percorreu meu corpo.

Olhei em volta. Paul não estava em nenhum lugar ali por perto.

Stein um SteinOnde histórias criam vida. Descubra agora