Capítulo 5

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Sophie entra no seu apartamento e senta-se no sofá desarrumado, passando as mãos pela cara. Ainda está chocada com o que Zayn acabara de lhe mostrar, de lhe dizer.

"Como é possível? Como?"

Depois de aqueles caninos, saiu daquela casa o mais depressa que pôde. Sophie só quer encontrar a irmã. Não quer ver outra realidade, não quer deparar-se com coisas que não deviam existir, só quer descobrir o que aconteceu a Anne e encontrá-la.

Levanta-se, despe-se rapidamente e entra no chuveiro. A água corre, quente, deixando vapor nos vidros. Pousa a mão na porta de vidro do chuveiro e vai deslizando-a, deixando marcas. Deixa cair uma lágrima ou outra, mas chega a duvidar se será mesmo uma lágrima ou apenas uma gota de água do chuveiro.

Depois de tomar banho, enrola uma toalha no cabelo e veste o pijama. Anne e Sophie partilham o quarto e cada uma tem a sua cama de solteira. Sophie senta-se na sua cama e não consegue de desviar o olhar para a cama da irmã. Esta continua desarrumada pois a irmã não tinha arranjado o edredão. Estica-se na cama e cobre-se.

E num instante, a escuridão e o silêncio invadem todo o apartamento.

***

(...)

- Sanguinem duobus unum, sanguinem duobus unum...

Um grupo de bruxas o repete, de mãos dadas e formando uma roda. No meio delas forma-se uma chama forte. Esta está rodeada de pequenos frascos que parecem conter sangue no seu interior.

- Sanguinem duobus unum, sanguinem duobus unum...

A chama começa a falhar. Ouvem-se passos largos ao longe. Alguém se aproxima, mas as bruxas falam com muita mais força, mudando as suas falas.

- Qui vocat ortum vita nova entia, qui vocat ortum vita nova entia...

Já não há mais passos. Quem quer que fosse que estivesse a correr, parou a meio do caminho. A chama fica novamente forte.

- Qui vocat ortum vita nova entia, qui vocat ortum vita nova entia...

Ouve-se um uivo ao fundo. Os passos que antes se deixaram de ouvir ouvem-se novamente, mas parecem cada vez mais afastados.

Finalmente a chama apaga-se e as bruxas largam as mãos. Vê-se uma sombra por detrás de uma árvore, na qual os caninos brancos como a neve se destacam.

(...)

***

Sophie acorda exaltada. Acaba de ter um pesadelo confuso. Mas uma coisa que percebeu. Zayn está certo. Bruxas e vampiros existem, e ela não pode fugir.

Veste rapidamente umas calças de ganga e uma camisola branca com gola bastante quente. Puxa o edredão, cobrindo por completo os lençóis desarrumados. Antes de se dirigir à cozinha, lança um olhar à cama da irmã, ao lado da sua. A sua expressão de stress transforma-se em tristeza.

Na cozinha, abre a geladeira, pega no pacote de leite e aquece um pouco de leite numa cafeteira, no fogão. Tira do armário uma saca com cereais e enche uma taça com alguns, deitando leite por cima assim que este fica pronto.

Assim que termina o pequeno-almoço, lava os dentes e sai do apartamento, fechando a porta com três voltas e guardando as chaves na pequena bolsa que leva a tiracolo.

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