Quando o ambiente ficou mais calmo, Zayn e Sophie decidiram continuar a percorrer aqueles túneis que não pareciam ter fim.
Finalmente, deparam-se com uma grande porta com grades de ferro, e o local parece um pouco mais escuro. Zayn aproxima a mão da fechadura e tenta abrir a porta.
- Está trancada? – Pergunta Sophie, espreitando por detrás dele.
- Sim, mas – Zayn cala-se e dá um encontrão à porta, enquanto roda a fechadura – Nada que eu não consiga abrir. – Termina, num tom irónico.
Assim que passam a porta e viram à direita, encontram uma enorme divisão. Há duas mesas, uma delas coberta por folhas escritas a computador, uma estante de livros e um armário com vidros escuros.
Sophie aproxima-se de uma das mesas e começa a remexer nos papéis lá espalhados.
- Zayn, anda ver isto. – Diz, assim que lê o conteúdo das folhas.
- O que é? – Pergunta, curioso.
Sophie passa-lhe umas folhas para a mão.
- É um documento sobre as bruxas. – Adianta Sophie.
- Eles andaram ocupados a fazer pesquisa sobre elas.
- Mas eles não são os vampiros que sobreviveram? Tipo, já deviam saber imenso sobre elas.
- Talvez, mas nunca é suficiente. Daquela vez, por exemplo, não foi. – Folheia as páginas, e continua a falar. – E certamente eles estarão a ampliar o número de vampiros.
- Queres dizer que...
- Sim. Eles transformam humanos em vampiros para ficarem mais fortes e em maior número.
- Então algum poderá voltar aqui. Temos que nos despachar!
- Pega nessas folhas. Vamos levar tudo connosco. – Avisa Zayn, começando a afastar-se em direcção ao armário. – Eu vou dar uma olhada aqui.
Sophie começa então a juntar todos os papéis num monte e, assim que termina, vira o olhar para onde está Zayn.
Ele abrira a porta do armário ficara a encarar o que quer que estivesse no seu interior. Move o braço direito e pega num objeto que Sophie não consegue identificar.
- O que é isso? – Pergunta, curiosa.
- Não sei – Responde Zayn, virando-se para ela e estendendo uma pequena caixa de madeira. – Mas quero saber o que tem aqui dentro.
- Não abre?
- Hum... não. – Zayn tenta mover a mola que fecha a caixa, mas sem sucesso.
- Trá-la e vamos embora.
Zayn fecha o armário com uma mão enquanto a outra segura a caixa. Sophie pega no monte de folhas, apertando-o com ambos os braços contra o peito.
E num espaço de dez minutos, saem do buraco por onde entraram, voltando à floresta escura e silenciosa.
***
Zayn e Sophie voltam para o carro. Zayn senta no lugar do condutor e Sophie ao seu lado, no lugar do passageiro. Zayn estende-lhe a caixa de madeira, que ela pega e pousa no seu colo.
Ficam ali por muito tempo Sophie vai lendo os documentos. Os seus olhos arregalam-se uma e outra vez, como se estivesse estupefacta com o conteúdo dos papéis.
- "Eram dez ao todo" – Cita Sophie. – "Poderosas há dois mil anos". – Encara Zayn, que encontra o seu olhar assustado.
- Que mais?
- Diz aqui que elas tinham um livro de feitiços, que desapareceu juntamente com os vampiros que morreram.
- Algum dos que sobreviveram pode tê-lo conseguido.
- Mas segundo o que aqui diz, só as bruxas podem pegar nesse livro, pois "ele tem energia própria" – Lê, seguindo as palavras com o dedo indicador. – "Nega de forma violenta o toque de seres indesejados".
Assim que Sophie termina as citações, gera-se um silêncio. Zayn olha para a rua com a cabeça encostada no vidro, e Sophie olha chocada com o fim da página.
- Zayn – Chama-o, e consegue sentir a sua voz a tremer.
- O quê? – Pergunta, sem desviar o olhar do lado de fora.
- Diz aqui que... - Engole em seco. - É neste livro que está o feitiço que as bruxas fizeram para me "criar" a mim e à Anne.
Assim que ouve o que ela dissera, ele desencosta a cabeça do vidro e olha fixamente para Sophie.
- Temos que encontrar esse livro. – Zayn responde com uma voz vazia.
- Como? Não temos pistas.
- Mas eu sei onde podemos encontrá-las.
- Onde?
- Em Lynn, onde as bruxas mataram os vampiros.
-Lynn não é perto de Salem?
- Estás a tentar descobrir uma ligação? – Questiona Zayn, largando uma pequena gargalhada.
- Queres dizer, há mesmo uma ligação?!
- Salem era a cidade das bruxas – Começa a contar. – Foi lá que decorreram julgamentos por causa da bruxaria, em 1962. Mas bem antes disso, já as outras bruxas existiam.
- Porquê em Lynn e não em Salem?
- Antes de 1962, Salem não era a cidade das bruxas, suponho que seja por isso.
Zayn liga o carro, que começa a fazer barulho. Sophie pousa as folhas no colo, depois de pegar na caixa. Fica então a olhar fixamente para esta, mais precisamente para a mola que a fecha.
E sem mais nem menos, começa a proferir uma frase em latim.
- Quidem sepositam et conditam, aperi qui habet potestatem, abre – Diz, sem desviar o olhar da pequena caixa.
E resulta. Ouve-se um clic e a tampa levanta-se um pouco. A mola que fechava a caixa saltara e caira em cima do tapete onde Sophie tinha os pés. Zayn olha para Sophie, desvia o olhar para a mola e vira-se novamente para Sophie.
- Tu sabes exactamente o que tens de dizer.
- Parece que sim...
Sophie levanta a tampa de madeira por completo, e no seu interior encontra-se um pequeno foral, com o mesmo aspeto que um talão de compra enrolado, mas um pouco mais largo. Assim que Zayn o vê, desacelera um pouco, e espera que Sophie desenrole o foral.
- Então, o que tem aí? – Pergunta, assim que Sophie o desenrola e fica a olhar para ele.
- Um mapa – Dá uma resposta curta e vira o foral aberto para Zayn. – Um mapa de Lynn.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Origins
ParanormalQuando a sua irmã, Anne, desaparece sem deixar rasto, Sophie começa a procurá-la por todo o lado, com esperança de encontrar a única pessoa que tem. E quando não parece haver mais nenhum sítio onde procurar, um vampiro misterioso, Zayn, aborda Sophi...