Capítulo 28

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Depois de falar com uma enfermeira que a tratara na receção, Sophie sai do hospital pelos corredores menos movimentados. Quem sabe não poderia, por azar, encontrar Zayn e Nicholas à espera dela, algures no meio dos humanos, mesmo tendo explicitamente dito para estes não a esperarem.

O dia está bastante claro, embora de vez em quando Sophie sinta na pele o frio que o vento transporta. Ao caminhar pelo parque de estacionamento, distingue o seu carro devido ao facto de este se apresentar amassado. Aproxima-se e concentra-se na porta do lado do condutor, abrindo-o com apenas duas palavras em latim. Depois de pousar as suas coisas no banco do lado e de pôr o cinto, murmura um conjunto de palavras que põe o carro a trabalhar, o que a faz pensar no quanto as coisas mudaram. Dantes precisava de uma chave para ligar o carro, agora bastavam umas simples palavras numa língua que praticamente nem conhece para o fazer. Mas o mais importante no momento é que, tal como pensava, os vampiros ficaram à sua espera no hospital, deixando o carro ao seu dispor caso conseguisse sair sem que eles dessem por isso.

Algum tempo depois, Sophie chega ao hotel. Decide estacionar um pouco longe do edifício, para o caso de Zayn e Nicholas regressarem lá. Assim, estes talvez não vissem o carro e achassem que deviam procurá-la noutro sítio.

Eu vou procurar as bruxas e a Anne sozinha, não preciso deles para nada, pensa Sophie, a raiva tomando conta do seu corpo. E assim toma a decisão de partir à procura daquilo que a levara até ali, sozinha e sem qualquer ajuda.

***

Zayn e Nicholas saem do hospital, depois de terem perguntado a todas as pessoas que viram se alguma delas tinha visto Sophie passar nos corredores.

- Ela escapou-nos, Zayn. – Diz Nicholas, mostrando alguma preocupação no seu tom de voz.

- Se ela está por aí sozinha, ela vai fazer alguma coisa que não deve. – Pára os seus passos lentos. – Tipo procurar as bruxas e a irmã por conta própria.

- Bem, a verdade é que ela já nem precisa de muita ajuda...

- Claro que precisa. – Refuta Zayn, retomando o passo.

- Tu dizes isso porque foste tu que lhe ofereceste ajuda. Apegaste-te a ela e à razão pela qual a procuraste. – Nicholas arranja o casaco e passa os dedos pelo cabelo. – Ela já não precisa mais de ti.

- Ela corre perigo.

- Porque não acreditas nela de uma vez por todas? Ela é uma irmã, ela é das criaturas mais poderosas criadas até agora pelas bruxas. Ninguém conseguirá enfrentá-la.

- Eu nego-me a acreditar nisso.

- Não a subestimes. – Coloca a mão no ombro de Zayn e ultrapassa-o.

Zayn abaixa a cabeça, mas volta a erguê-la quando Nicholas o chama.

- Zayn, o carro não está aqui.

- Ela levou-o. Perdemo-la. – Conclui Zayn, fixando-se no espaço vazio entre dois carros brancos, onde o carro de Sophie deveria estar.

***

Já no quarto, Sophie começou por tomar um banho rápido e por vestir outra roupa. Tencionava ir para Salem o mais rápido possível. Guarda na bolsa o livro, assim como tira de dentro desta o telemóvel, atirando-o para cima da cama. No entanto, este acaba por cair no chão. Sophie ignora o facto, põe a bolsa ao ombro e sai do quarto.

Entra novamente no carro depois de sair do hotel e começa a conduzir. Em pouco tempo encontra uma placa a indicar o número de quilómetros que faltam para chegar a Salem. Sophie começa então a pensar no que Zayn e Nicholas lhe disseram que as bruxas tinham causado o acidente. Talvez seja evidente que elas o fizeram porque não queriam que Sophie fosse acompanhada de dois vampiros. Seria mais conveniente se fosse sozinha, e aí seriam apenas criaturas da mesma espécie e resolver problemas, sem que outros seres se intrometessem.

Finalmente chega a Salem, notando o facto de a população da cidade ser muito pequena, em comparação com o que esperava. Após estacionar e desligar o carro com algumas palavras, Sophie inicia o seu percurso por Salem.

O céu começa a ficar cinzento, as nuvens a cobrir todo o azul e pingas de chuva a cair suavemente. Sophie estende a mão e, surpreendentemente, a chuva não só fica mais intensa como parece queimar-lhe a pele, deixando pequenas manchas vermelhas. Olha à sua volta, mas ninguém parece dar-se conta das anormalidades da chuva. Tenta ignorar o facto de cada gota de chuva deixar queimaduras na pele, e continua a caminhar.

- Volta para nós. – Uma voz sussurra, algures num nevoeiro que acabara de se formar.

Sophie começa a andar às voltas, perguntando quem lhe dirige a palavra.

- Deixa tudo, e entrega-te ao teu verdadeiro eu.

- Anne? – Pergunta, jurando a si mesma que a voz que acaba de ouvir é da própria irmã.

O nevoeiro fica mais forte, sem deixar mais nada à vista. É como se as cores pouco vívidas de Salem tivessem sido cobertas por um vasto monte de cinzas. O ambiente fica mais frio, o vento possui tudo ao seu redor.

- Tu és nossa.

- Aqueles vampiros não irão tirar-te de nós.

- Eu nem sei como alguma vez foste capaz de confiar neles.

Diversas vozes pronunciam-se ao mesmo tempo, deixando Sophie com dores de cabeça. É possível que tenha ouvido algumas delas quando as bruxas a apanharam pela primeira vez.

Quererá isto dizer que..., pensa Sophie. Elas vão apanhar-me de vez.

- Isso não é verdade. – Grita. – Eu não vos pertenço!

- Nem mesmo à tua própria irmã? – Anne surge do nada, e assim que Sophie a vê, desaparece.

- Só a ti. – Responde, agarrando-se ao seu próprio corpo, de forma a diminuir o frio que sente.

- Então vem comigo. – Anne não aparece.

- Eu não quero outras bruxas próximas de mim. – Sophie grita de novo, e as suas pupilas dilataram-se de uma forma fascinante.

- Não te preocupes, minha irmã. – Responde-lhe Anne, surgindo à sua frente e estendendo-lhe as mãos. – Seremos só tu e eu.

E em movimentos lentos, Sophie larga o seu corpo e aproxima as suas mãos das da irmã. Um pouco hesitante, atira-se para os braços de Anne.

- Só tu e eu. – Repete, desvendando um pequeno sorriso, e desaparece, levando Sophie consigo.

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Estamos na reta final!

O que acontecerá a Sophie?

Irão os vampiros salvá-la?

Qual o perigo que todos correm?

Próximo capítulo previsto para domingo.

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Boas leituras!

Sofia.


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