Aqui, no meio destas quatro paredes, eu estou fechada. Queria ter feito tudo diferente mas já não deu volta a dar. Aqui, na prisão, eu estou fechada há três anos. Já olhei e já imaginei minha vida depois de passar aquele portão para fora, e sabem? Única coisa que consegui imaginar fui eu com uma família, e com responsabilidades… Sei bem que nada disso irá acontecer, pelo menos durante os próximos meses, depois de sair daqui.
Depois do erro que cometi, condenei minha própria vida. Nada agora me faz feliz, e tudo o que sempre quis, pode não voltar. Nunca mais.
A cela onde tenho ficado desde que cheguei, talvez seja igual a todas as outras. Uns nomes marcados na parede, frases escritas, grades com um pouco de ferrugem, um colchão duro e um chão todo sujo. Não é, obviamente, um quarto. Não é como aquele quarto que tinha antes de vir para este cubículo. Meu quarto tinha um espelho onde me podia ver todos os dias, onde podia escovar os meus longos cabelos lentamente sem ninguém me estar a chamar constantemente. Tinha uma secretária onde podia escrever e desenhar uns rabiscos como qualquer outra criança feliz. Tinha uma cama decente, onde podia dormir sem a preocupação de que alguém me estaria a vigiar a todo o tempo. Tinha um armário onde podia guardar todas as minhas roupas, enquanto que aqui, tenho que usar quase sempre a mesma. As paredes não eram como estas. As paredes do meu quarto estavam bem pintadas com um tom cor de rosa clarinho, e enfeitadas com fotos memoráveis e artistas que me marcaram. Na mesinha ao lado da cama tinha uma luz. Nas gavetas dessa pequena mesa, fechadas à chave, eu tinha o meu diário onde escrevia todas as noites, e tinha também, guloseimas que comia quando me sentia triste. E agora? Agora nada disso tenho. Já não posso ver todos os dias o olhar de orgulho da minha família e o sorriso dos meus amigos, que terá desaparecido.
Perguntam vocês o que terei feito eu para estar aqui, não é? Bem…
