O meu julgamento é daqui a pouco tempo. Na verdade, estou ansiosa. Ansiosa para deixar tudo isto. Ansiosa para ver o ambiente lá fora com os meus próprios olhos. Ansiosa para deixar estes três anos, quase quatro, ultrapassados.
- Amy, no que estás a pensar? – Louis falou distraindo-me de todos os meus pensamentos.
- No meu julgamento… É daqui a umas horas.
- Vais sair? – Harry perguntou.
- Talvez sim … - suspirei – Já cumpri todos os anos de cadeia.
- Que bom… - Harry falou sorrindo – Nosso julgamento é amanha.
- Quem sabe se não nos encontramos por aí. – Louis falou piscando-me o olho.
Já passava da meia noite. Harry e Louis terão adormecido. Não conseguia dormir devido ao nervosismo e à ansiedade. Virava-me de um lado para o outro no colchão, com tantas coisas que me passavam pela mente. Senti que era a única que não conseguia dormir. O silêncio instalava-se pela prisão. Só as molas velhas do meu colchão se faziam ouvir.
(…)
Estava certa de que passavam já das sete da manhã. Dormi pouco, muito pouco. Quando fechava os olhos, sonhava como poderia ser o julgamento.
Ouvi as chaves metálicas da cela mexerem-se nas mãos da polícia, logo de seguida abriu a porta da cela bruscamente. Harry e Louis ainda dormiam, todos dormiam. A polícia algemou-me os pulsos e tirou-me da cela. Levaram-me em direção ao carro da polícia.
Estava nervosa. Sabia que se dissesse algo de errado, poderia voltar para a cadeia.
Cheguei ao tribunal passados vinte minutos depois de ter saído da esquadra. Agarraram-me nos braços tirando-me do carro, e levaram-me até ao tribunal. O julgamento era às oito.
Deram-me o pequeno almoço e depois, passados dez minutos de espera, mandaram-me entrar e sentar. Logo de seguida vi três pessoas entrarem, vestidas com um longo fato preto. Tinham um ar cansado e de quem está farto de aturar casos como o meu.
- Amy Boyce, levante-se por favor! – ordenou o senhor do meio e eu obedeci – A menina já cumpriu os três anos e meio de cadeia. É hoje que irá sair… - ele terminou e eu assenti com a cabeça enquanto o meu coração batia a mil.
- Bem, a Amy sabe que, seja qual o erro que fizer perante a sociedade, poderá voltar logo para a cadeia, não sabe? – o outro juiz falou.
- Sim senhor juiz, eu sei disso…
- Espero que tenha aprendido a lição, Amy… - o juiz mais baixo falou.
- Sim. – falei.
- Muito bem, dou o julgamento por terminado! – O juiz principal disse martelando três vezes na madeira.
Virei-me e vi minha família. Vi todos. Todos felizes. Cher chorava. O meu pai e a minha mãe mostravam a sua felicidade sorrindo. Apenas disse: ‘’vou ter a casa’’. Dois polícias altos levaram-me dali.
Entrei novamente naquele carro branco e azul, e fui buscar todas as minhas coisas à prisão.
- Desculpe Miss Emma… - eu chamei a polícia que me ajudava – Será que podia falar com o Louis e com o Harry?
- Tem quinze minutos!
Acabei de arrumar as minhas coisas e dirigi-me à sala de visitas onde eles me esperavam numa mesa.
- Então Amy, conseguiste? – Louis perguntou com curiosidade.
- SIM! – eu gritei abraçando-os – Acredito que amanhã vocês também possam estar livres.
- Também nós. – eles falaram ao mesmo tempo.
- Bem, até um dia. – eu disse despedindo-me.
De cabelo atado, camisola larga, com os típicos blue jeans e de mala na mão, eu caminhava para casa. Sei que a partir do assalto muita coisa mudou. Eu vou portar-me bem, eu acredito que sim…
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