Eu sinto a falta dos meus pais. Sinto falta de quando me davam um beijo de boa noite. Sinto falta de todas as vezes que falávamos enquanto bebíamos chocolate quente antes de ir dormir.
- Amor, em que estás a pensar? – Liam chegou-se ao pé de mim.
É verdade, já se passaram oito anos. Eu e o Liam já temos uma casa só nossa, Zayn e Cher estão a viver juntos e Niall… O Niall finalmente arranjou alguém.
- Nos meus pais… - respondi encostando a minha cabeça ao seu ombro esquerdo.
- Eles estão a olhar por ti…
Os meus pais faleceram há cinco anos. Eu não pude despedir-me deles como queria. Na verdade, ninguém está preparado para uma ‘’despedida’’ como esta. Só queria pedir-lhes desculpa por tudo o que fiz, e por tê-los desiludido. Só queria dizer que me arrependo de lhes ter virado as costas quando me expulsaram de casa. Eles realmente tinham razões para o fazer.
- Tenho tantas saudades… - falei interrompendo o silêncio enquanto Liam passava levemente a sua mão no meu cabelo.
Só queria ter-lhes dito que os amava antes de partirem. Só queria dizer-lhes que, ainda hoje, penso neles. Eu espero que eles saibam disso.
Se o acidente não tivesse acontecido, eu poderia estar a passar o Natal com eles e com o Liam. Podia estar desculpada e rir no meio de todas as conversas que tínhamos durante os jantares. Mas já nada disso pode acontecer. Eles não estão cá. Só memórias podem ser relembradas.
- Amor… - Liam acordou-me dos meus pensamentos – Sabes, quero ter dois filhos.
Ri-me com a frase inesperada de Liam. É isso que me faz gostar tanto dele. É sincero, compreensivo, e faz-me rir quando sabe que não estou nos melhores dias.
- Tu não tens ideia do quão eu te amo. – afirmou mais uma vez.
O silêncio entre nós não era constrangedor. Só as nossas respirações se ouviam, e no meio de todo esse silêncio, os nossos olhos ‘’gritavam’’ palavras de que só nós os dois entendíamos.
(…)
O despertador tocou, acordando-me. Despachei-me para ir para o trabalho, e logo que estava pronta, saí.
O habitual ritmo das pessoas logo de manhã já se notava. Umas tristes, outras contentes. Outras tão bipolares como o tempo a cada dia. Todos a fazerem a sua vida.
Abri o guarda chuva metendo-o por cima de mim a cada passo que dava. A chuva caía lentamente, à medida que o tempo passava.
(…)
- AMOR! – chamei o Liam logo que entrei em casa. Sem resposta – Liam!
- Tenta descobrir onde estou… - gargalhou.
‘’Que esperto Liam’’ – pensei. A voz dele vinha do andar de cima. Subi as escadas rapidamente. Estava escuro, e o silêncio preenchia cada canto da casa.
- Liam? – chamei por ele fingindo não saber onde estava. Ele soltou outra gargalhada e não evitei rir.
Liguei a luz do nosso quarto. Liam estava deitado na cama, tapado com os cobertores e sorriu-me assim que a luz me iluminou a cara e eu, sorri de volta logo que o seu sorriso apareceu.
- Anda cá. – pediu.
Sem pensar duas vezes, descalcei-me e saltei para cima da cama, juntando-me a ele. Os nossos narizes roçavam um no outro.
- Beija-me! – fez outro pedido.
Assim o fiz. Os nossos lábios moviam-se em perfeita sintonia. Sorrisos entre o beijo apareciam, e memórias também, em cada uma das mentes.
- Eu amo-te. – ele disse.
- Eu amo-te. – repeti.
As suas mãos analisaram cada curva do meu corpo, provocando-me leves arrepios.
- Amo-te! – disse eu mais uma vez acabando com aquilo tudo.
Virei-me para o meu lado direito, e Liam fez o mesmo, permitindo-nos ficar em conchinha.
Liam beijou os meus lábios molhados, e logo adormecemos, enquanto a chuva caía na janela. Cada dia mais apaixonados. Hoje apaixonados, amanhã mais um pouco. Nunca irá acabar. Eu sei disso.