Parte 9

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Chegou o dia de parar de me lamentar com tudo o que acontece na vida. Vou ocupar o meu tempo, fazer qualquer coisa… Sei que com o meu passado não vai ajudar a arranjar um trabalho, mas quem sabe, se um partime não resolve.

Acordei decidida a arranjar trabalho. Meti-me no chuveiro e estive pelo menos quinze minutos a deixar a água escorrer sobre mim. Enrolei a toalha ao meu corpo assim que acabei, deixando alguns pingos que escorriam do meu cabelo, caírem no chão. Abri o armário e escolhi vestir uma camisola branca larga e umas calças pretas, calçando também as minhas Converse brancas.

O relógio marcava 08:55, ou seja, faltavam apenas cinco minutos para todas as lojas da cidade começarem a abrir! ‘’OH NÃO!’’. Desci as escadas rapidamente saltando alguns degraus. Dirigi-me à cozinha pegando numa maçã. Cher estava lá e eu apenas disse ‘’Até logo Cher!’’. Peguei na minha mala castanha que se encontrava no sofá e corri até à porta.

A esta hora já as ruas começavam a encher-se de gente, obrigando-me por vezes a ter que me desviar. Dirigir-me em passos largos até à passadeira onde várias pessoas esperavam que o sinal passasse para verde e desse 'autorização' para passar. Olhei para o relógio novamente e já marcava 08:57. Será possível? Tanto tempo… Oh. O sinal já estava verde. Juntei-me à multidão de pessoas na passadeira. Comecei com aquelas brincadeiras típicas de criança em que só se podia pisar os riscos brancos, caso contrário, ‘’morria’’. Com tanta distracção…

- Au! – reclamei passando a mão pelo ombro onde alguém me tinha aleijado – Liam?

Vi o seu sorriso aparecer. Desliguei-me do mundo à minha volta. Os nossos corpos estavam paralelos um ao outro, o que me permitiu observá-lo com a ajuda da luz do dia. A minha timidez tinha voltado não me deixando falar o que queria.

- Desculpa – ele disse.

Ouvi um apito de um carro, de seguida olhei logo para o semáforo que já tinha mudado a cor do sinal para vermelho. Olhei uma vez para ele, que me olhava profundamente para os meus olhos, e atravessei a estrada.

Continuei com os meus passos largos olhando para todas as lojas, procurando se algum vidro poderia estar com um papel a dizer ‘’Procura-se empregado’’. Andei dez minutos nisto, e nada.

O meu telemóvel tocou. O nome de Cher apareceu no ecrã. Atendi.

- Sim? – disse pondo o telemóvel ao ouvido.

- Onde estás? – ela perguntou do outro lado da linha.

- Vim procurar emprego. – disse.

- E já encontraste alguma coisa?

- Não, nada. – fiz uma breve pausa – Oh, espera, ligo-te mais tarde – desliguei a chamada.

No outro lado da rua estava um papel a dizer mesmo aquilo que procurava. Atravessei a estrada com a esperança de que ninguém agora iria contra mim.

Parei em frente à loja. Olhei para a montra, e… Uma papelaria? Não custa tentar. Entrei observando a loja com atenção.

- Bom dia, precisa de alguma coisa? – ouvi uma voz de uma mulher que aparentava ter uns 40 anos.

Maybe You Should Come BackOnde histórias criam vida. Descubra agora