2. Egídia

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A noite estava chuvosa e fria. Apesar de ser cedo a escuridão tomava conta da rua e a fina garoa estava me congelando.Meu cabelo que já era armado foi ficando pior com a chuva e a umidade. Do loiro claro passou para um castanho meio lamacento, parecendo até de mau humor.Apertei o passo até o carro.Entrei e liguei o ar condicionado no máximo e aproveitei para zapear pelas estações de rádio quando senti meus músculos relaxando com o calor do carro. Por conta do tempo ruim quase  nenhuma delas funcionava direito, sendo apenas um chiado irritante.
Do lado de fora as pessoas caminhavam apressadas, fugindo da chuva e do vento cortante.O clima cinzento deixava tudo com ar de desanimação e tristeza e todos compartilhavam o mesmo sentimento sem saber. Era automático. O stress e tudo mais eram um combustível para essas sensações negativas.Fiquei ali sentada observando o mundo enquanto relaxava antes de voltar para casa.
"Sinceramente, não gosto muito de pessoas em geral. Não sou sociável e nem quero ser também."
Nem todos me aceitavam por causa do meu jeito de encarar tudo. Eu era calada, fazia tudo sozinha e não aceitava ajuda. Isso afastava todos. Me acostumei por que assim ninguém julgaria meu modo de ver o mundo.
Havia começado a tocar uma música calma no rádio e me aconcheguei mais no estofado macio do banco. Meus olhos pesaram e fui ficando sonolenta e lentamente eles. se fecharam.
"Eu morri todos os dias esperando por você."
A frase da música ressoou em uma voz macia e aveludada.
"Não há mais medo querida."
Não era a voz do cantor. Essa era mais suave e me levou ainda mais para a inconciência. Adormeci em meio ao caótico mundo urbano.

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