Egídia

20 3 0
                                    

- Calada!- mamãe gritou.
- Mãe, eu já expliquei que peguei no sono dentro do carro.- argumentei.
- Chega. Nenhuma desculpa a mais. Vá para o seu quarto.
Saí bufando da cozinha sem falar mais nada para Amira, minha mãe. Peguei no sono instantaneamente dentro do carro e não percebi o tempo passar. Apenas quando senti o celular vibrar na bolsa, depois de sabe-se lá quantas vezes, despertei assustada. Era passada da meia-noite.
E apesar do susto, havia uma pontinha de aconchego dentro de mim, como uma afago. Me fez ficar um pouco mais calma, lembrar da voz doce que ressoou na música, me dando a sensação de estar envolta em braços aconchegantes. Pensando melhor, poderia ser produto da minha mente, alguma coisa sem nexo antes de ser arrastada para a inconsciência. Mas foi muito real.
Meus dias eram exaustivos. Pela manhã cursava arquitetura e a tarde trabalhava em um estúdio fotográfico. Todo o dinheiro que eu juntava ia automaticamente para a faculdade. Garantindo meu futuro.
Tomei uma ducha rápida e deitei na cama. Dormi automaticamente e sonhei com olhos negros me fitando. A dor neles era angustiante.

Mil Anos Onde histórias criam vida. Descubra agora