Mil Anos

Hadiel

A tristeza me tomou de tal forma que eu não fazia nada além de dormir e ficar sentado como uma estátua, encarando o nada. Não comia,não bebia e não vivia.
Saí de Atenas e perambulei pela floresta em busca da morte. Encontrei uma cabana abandonada e lá fiquei. Por dois dias eu só chorei,
até não haver mais lágrimas.
Um vazio se instalara no meu peito e formava um bolo na garganta.
Gritei com todas as forças que ainda me restavam e a dor se intensificou por todo o meu corpo. Algo parecia se rasgar e pensei que a morte finalmente me encontrava.
Caí no chão de terra batida e a escuridão me cegou. No outro momento parecia flutuar. Abri os olhos e nada havia mudado realmente.
Apesar da súbita leveza, a dor ainda permanecia em algum lugar muito remoto dentro de mim.
Levantei do chão e a fluidez do movimento me assustou. Ao me virar percebi um vulto no chão também. Me aproximei lentamente e perdi o ar quando vi de quem se tratava.
Eu mesmo me encontrava ali deitado. Corri até o corpo e bati em um tipo de barreira azul brilhante. Um sonho, só poderia ser.
Minha transparência deixava dúvidas quanto a tudo.