Sentado na solta areia da vida
olho ao longe o mar da solidão
pescadores ardilosos, redes na mão
lançam, recolhem, voltam a lançar
hábeis manejadores de teias, iscos
prendem a eles encoutas sereias
surdos ao seu canto, na escuridão
envolvem, seduzem, jardins floridos
belos, mentirosos, flores de plástico
nem erva nasce em terra árida, seca
usam-nas nos seus prazerosos desejos
ardil montado, promessas de beijos,
quando saciados, é vê-los, em fuga
deixando ao abandono, esfarrapadas
almas inertes, devastadas,
secando ao sol, de um negro inverno
chorando a desgraça do inferno
com que alegria da vida as deserdou!
E eu?
sentado na solta areia da vida
cantando em fado, a desgraça
de uma qualquer vida sem graça,
vida que a abandonou na partida!
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Os dias do Fim ( Completo) 59 poemas
PoetryCompilação de poemas... num estilo depressivo...