Sem memória

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Há dias que se afiguram apenas dias

Sem memória de um tempo passado

Lembrados como notícia, desumana,

Tacanhez de mentes pequenas, moldáveis

Formatáveis, objetivos ocultos à luz do sol,

Gente pequena, sem valor, sem valorizar

Vida? Nada importa, a morte espreita

Nasceste para morrer, matas, por ordem

Por desdém, por crendice em alguém

Que se julga maior entre vós, que vos guia!

Hoje neste dia sem memória de ontem

Seguimos, calcando pedras, ruas e vielas

O mesmo percurso, as mesmas caras,

As mesmas portas, as mesmas janelas,

E esperas ser diferente? Com as mesmas taras?

Não há sol ou chuva que te desvie

Não há susto, ou pedra que te mude

Segues fitando o chão, sem elevar o olhar

Sem ver, sem escutar, sem tocar, sem cheirar

O mundo que tristemente apresado correr a teu lado

Não há esperança num amanhã,

Nem num hoje escrito a negro

Um número, um simples número

Depois de um ontem, antes de um amanhã

Escrito ali no calendário!

A pombas que se levantam à frente dos meus pés,

Não sabem da paz, da oliveira ou terra seca

Sem memória, procuram, o que tantos procuram

Apenas seguir e sobreviver!


Os dias do Fim ( Completo) 59 poemasOnde histórias criam vida. Descubra agora