LIMITES [CONCLUÍDO]

Capítulo 3

- Mãe quem era o homem que estava aqui ontem à noite? - Alice perguntou enquanto tomávamos o café da manhã.

-Um amigo. - Falei encarando a xícara de café.

-Ele é bonito.

-Como você sabe?

-Ouvi uma voz diferente e quis espiar. - Alice disse rindo. - Mas mamãe concordou que ele é bonito.

-Não concordei em nada.

Olhei para meu celular e tinha uma mensagem de Alex o que me surpreendeu.

"Milena, sei que errei ontem. Peço desculpas. Hoje é sexta, vamos sair para jantar a noite e conversarmos?"

"Não, não vou deixar Alice sozinha." - Respondi e logo Alex retornou.

"Deixarei hoje Alice com a avó dela, minha mãe me ligou perguntando se podia passar o final de semana com Alice, pois quer comprar presentes."

Olhei para Alice que ainda permanecia sentada na mesa.

-Você quer passar o final de semana com sua avó Helena?

Alice balançou a cabeça em afirmativo, a mãe diferente de Alex era muito boa.

"Certo, mas não precisamos nos encontrar" - Respondi.

"Preciso conversar com você, me de essa chance."

Respirei profundamente e respondi que sim. Ele me encontraria na escola, após meu trabalho.

Nossa separação não teve conversa e nem choro, quando Alex chegou em casas suas coisas já não se encontravam mais e sua mãe estava comigo, pois apoiava minha decisão e não queria que seu filho me machucasse.

À tarde me arrumei e fui para a escola.

Luck era o único aluno que já estava na sala de aula, quando o olhei lembrei-me de sua aproximação falando de meu perfume, me arrepiei só de lembrar.

-Está tudo bem? - Ele perguntou.

-Sim. - Respondi colocando meus cadernos em cima da mesa. Olhei para o quadro que estava todo preenchido pelo professor anterior e o xinguei mentalmente. Por que diabos não apaga o quadro antes de sair? Quando peguei o apagador, Luck se aproximou rapidamente, para que nossos corpos não se encostasse fui obrigada a encostar minha roupa no quadro. - O que foi? - Perguntei tentando controlar minha voz.

-Vim oferecer minha ajuda para apagar o quadro. - Luck estendeu uma de suas mãos para que eu o entregasse o apagador.

O entreguei e falei.

-Você fez com que eu sujasse minhas roupas.

-Eu?

-Sim. Você se aproximou rápido de mais.

-Minha aproximação a incomoda? - Luck me puxou para si e então apagou o que estava atrás de mim. Quando se afastou perguntou novamente. - Incomoda?

Tomei o apagador de suas mãos e ordenei.

-Vá sentar.

Virei-me para continuar apagar e senti que Luck deu vários tapinhas leves em minha costas na intuição de tirar o pó de giz, após seguiu minha ordem e foi se sentar.

-Senhorita Willian's? - A voz vinha do professor de historia, o senhor Roberto, que de senhor não tinha nada. Seus olhos verdes me encaravam e seu sorriso com covinha me chamava à atenção.

-Diga. - O incentivei.

-Fiquei sabendo que está precisando de uma babá, a minha irmã tem 16 anos e ela já cuidou de crianças, se estiver interessada posso lhe passar o contato.

-Babá? Para que babá? - Luck perguntou.

O ignorei respondendo.

-Vou querer o contato sim, está difícil a deixar com seu pai.

Roberto me passou um papel onde estava escrito o número de celular e o nome "Ana".

-Se precisar de qualquer coisa pode falar comigo. - Disse sorrindo e inesperadamente Luck estava ao meu lado e colocou seus braços em volta de meu pescoço.

-Não precisa se preocupar, ela já está em boas mãos. - Falou.

-O que? - Eu e Roberto perguntamos juntos.

-Certeza que você ouviu professor Oliveira, agora nos de licença que Milena precisa dar aula.

Luck me puxou pelas mãos para que eu voltasse para dentro da sala, olhei para Roberto que apenas sacudiu a cabeça em negativo e então saiu.

-Você não pode ficar se metendo dessa forma.

Nesse momento o sinal tocou e vários alunos entraram na sala, dando inicio a minha aula.

No final da aula, antes de me encontrar com Alex, liguei para a irmã do professor Roberto e marquei com ela para que sábado pudéssemos nos encontrar para conversar.

Na saída da escola, encontrei Alex que estava em pé ao lado de seu carro, estava vestindo um terno preto e em suas mãos um buque de rosas.

O que diabos ele estava pensando?

Quando me aproximei ele abriu um enorme sorriso e então pedindo desculpas deu-me o buque.

Aceitei, mesmo estranhando todo esse teatro que Alex estava fazendo.

Entrei em seu carro e ele dirigiu até um restaurante bem famoso da cidade.

Sentamos a mesa próxima à janela, onde podia ver o céu escurecendo.

O garçom nos trouxe vinho e antes mesmo que Alex tocasse em seu copo eu o encarei e falei.

-Se você colocar uma gota que seja de álcool em sua boca eu irei embora ao mesmo momento.

Pela primeira vez, ele aceitou o que falei e então colocou o copo mais distante dele.

Enquanto jantávamos, Alex não disse sequer uma palavra, apenas me olhava. Irritada quebrei o silencio perguntando.

-Qual é o seu problema? Não queria conversar? Estou aqui, fale.

-Primeiramente eu queria pedir desculpas. Eu sei que errei e errei feio.

-Você acha que ontem foi sua pior ação? Então perdeu um pouco de sua memória não é mesmo?

Alex abaixou os olhos e encarou seu próprio prato.

-Não estou pedindo desculpas apenas por ontem. Estou pedindo desculpas por tudo que eu fiz e também queria lhe dizer que vou lhe conquistar novamente e não importa o quanto demore você voltara a ser minha.

Minha vontade na verdade era cair na gargalhada com o que Alex estava falando, mas não foi possível, pois meus olhos se encontraram com os olhos intensos de Luck. Ele estava sentado sozinho em uma mesa não muito distante da nossa. Senti que meu coração acelerou e então engoli em seco. O que diabos é isso que eu sentia apenas quando o via?

-Milena? – A voz de Alex me despertou fazendo com que eu voltasse à atenção para a sua babaquice.

-Bem, eu vou indo.

Levantei-me para sair e quando dei as costas para Alex, ele puxou um de meus braços e falou.

-Espere. Você não disse nada sobre o que falei.

Virei meu rosto para encarar Alex e então vi Luck levantado preparado para vir em nossa direção. Fitei diretamente seus olhos e balancei a cabeça em negativo, ele entendeu meu sinal e então voltou a se sentar.

-Alex, não perca seu tempo. – Com minha outra mão o fiz soltar meu braço e então sai desse restaurante, deixando meu ex-marido e Luck, aquele que estava fazendo meu desejo despertar.