Bruno

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Ela vai atrás do que acredita,corre o risco e se entrega.Nunca teve tudo e já perdeu a maior parte do que tinha,vai atrás da felicidade,porque essa nunca bateu em sua porta. - Kath Pessoa

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Passei o olho por cima de algumas páginas,mais nenhuma me chamou a atenção.

Olhei pra uma delas.E comecei a ler um pequeno poema.

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Solidão

Sozinha,sem um abraço pra me dizer que tudo vai estar bem.

Sem uma mão para me guiar e me acompanhar na dor.

Sozinha sem as minhas lágrimas cansadas.

Chorando por dentro;por fora pareço de aço

Sozinha,sem ar para respirar.

Sem ilusões para sonhar.

Exausta de tanto procurar e achar solidão.

Exausta de procurar e encontrar realidade.

Exausta de lutar entre tanto egoísmo.

Cansada de ser forte sem dizer que estou morrendo lentamente.



Pra que minhas mãos,se não têm quem acariciar ?

Pra que meus lábios,se não têm quem beijar ?

Para que meus sonhos,se não têm quem falar ?

Para que meu corpo,se não tenho quem amar ?

Para que gritar,se ninguém vai me escutar...?


( Dulce Maria - Dulce Amargo )

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O que aquele poema queria dizer ?

Minhas costas estavam começando a doer,peguei o diário e me sentei numa cadeira que ficava na sacada.Voltei uma página anterior a do poema e continuei a ler.

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Rio de Janeiro,25 de Julho de 2015

Já se passaram cinco meses desde o meu término com o Alan.Não me arrependo de ter terminado com ele,ao contrário,agradeço.

Fui pra uma festa com a minha amiga Mel,e não avisei o Alan porque ele sabia que aquela era uma noite só para garotas,assim como todos os últimos fins de semana do mês.Na saída eu avistei ele encostado na parede e com o semblante sério.Perguntei o que ele fazia ali me esperando,só disse que queria me levar em casa.Até aquele momento,eu não desconfiei de nada.Só que no meio do caminho,ele me imprensou numa parede.

- Você é uma vagabunda !

- Me solta ! - Gritei em meio ás lágrimas,enquanto ele apertava o meu braço. - Tá me machucando.

- E é pra machucar mesmo ! - Ele me deu um tapa no rosto,e eu cai.Minhas bochechas ardiam,meus joelhos e pernas estavam todos ralados. - Espero que aprenda,que quem manda aqui sou eu ! - Dava pra sentir de longe o cheiro de cachaça.

- Eu te odeio,você é um monstro ! - Gritei caída no chão,não conseguia encontrar forças para me levantar e enfrentar ele.Parecia que minhas pernas não me obedeciam.

- Pode gritar,eu não ligo mesmo. E quer saber,amanhã você vai me perdoar mesmo. - Ele me deu um soco e eu desmaiei.

Aquela foi a primeira vez que ele encostou o dedo em mim.Com o tempo,as agressões ficaram mais constantes,e ele, ameaçava me matar se eu contasse pra alguém.Cansada de tanto sofrer,acabei fazendo o boletim de ocorrência.

Ele me pediu desculpas,comprou flores e chocolate e disse que nunca mais iria fazer aquilo.Perdoei e cancelei o boletim.

Só que ele não parou.E voltou a me agredir.O meu salário só servia pra comprar maquiagem e passar no rosto,pra poder esconder as marcas que ficavam.

Um dia a minha amiga Mel ,percebeu o meu comportamento estranho e perguntou o que estava acontecendo.Acabei contando tudo pra ela,que na mesma hora,ficou vermelha de tanta raiva. Depois desse dia,ela me levou na polícia e me fez contar tudo ao delegado. Uma semana depois ele foi preso.

Quando saiu da cadeia pra comemoração do dia das mães,ele veio na minha casa fazer justiça.Por sorte,meus primos estavam em casa e me defenderam das garras daquele monstro.

Ele tentou fugir.Correu pra um dos parques do outro lado da rua,mas um caminhão passou na mesma hora,não deu tempo de frear,e acabou matando ele.

Hoje,já não sou a mesma pessoa de antes,eu mudei.

Agora,meus pensamentos só estão voltados para a minha carreira profissional.A única coisa que eu quero pensar agora,é em me preparar para a minha primeira entrevista de emprego,e torcer que a partir de agora,o meu futuro comece a dar certo.

Lena...

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Não consegui ler mais nada,fechei o diário,entrei e me sentei no sofá. Deixei algumas lágrimas silenciosas descerrem pelo meu rosto.



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