Bruno

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Tem muita Julieta se matando pelo Romeu errado.

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Ver ela dormindo nos meus braços,me fez ver a menininha por trás daquela linda mulher,e o seu jeito reservado,que tem como motivo,o medo de se machucar de novo. Como um amigo,ofereci o meu abraço.A única coisa que eu sabia que ela precisava naquele momento.Mas se eu pudesse,embalaria ela nos meus braços e protegeria de todas as pessoas que quisessem lhe fazer  mal.

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Assim que eu sai da casa da Helena,eu entrei no meu carro e fui direto pra casa. Fiz o percurso todo em silêncio porque eu precisava pensar. Cada palavra e cada poema daquele diário mexeu comigo,de um jeito que eu nunca pude imaginar.

Estacionei o carro na garagem e subi direto pro meu apartamento,não cumprimentei nem o porteiro e nem o meu vizinho que conversavam animados entre si.Joguei a chave na bancada e peguei uma garrafa de Whisky,abri alguns botões da camisa e me sentei na varanda. Imaginar ela sendo agredida por um idiota e as marcas ficando em seu corpo,sem contar o medo e os gritos de dor,me deixa revoltado. Eu queria poder voltar no tempo,e ter conhecido ela antes desse imbecil do ex-namorado chegar. Isso teria evitado tanta dor...

- QUE RAIVA ! -Gritei bem alto,e joguei a garrafa que estava na minha mão,direto pro chão. Apoiei a cabeça nos joelhos e chorei igual uma criança quando se perde da mãe.

Saber que a minha mãe,a Lena e tantas outras mulheres já sofreram na mão de quem não vale nada,me deixa indignado.Cada dia,aparece na televisão uma nova reportagem de uma mulher agredida pelo marido,ou pelo namorado. Mesmo com a LEI MARIA DA PENHA,que é utilizada na defesa da mulher,não impede que o número de casos aumente. Tem vezes em que o agressor ameaça a vítima ou até mesmo a família,e com medo,as mulheres não denunciam.

Não podemos ficar de braços cruzados esperando a solução cair do céu,temos que agir agora,antes que seja tarde demais.

E é isso o que eu vou fazer,achar a solução. Preciso dormir,porque amanhã o dia vai ser cheio.

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Acordei bem cedinho,me arrumei e sai para o encontro de uma possível ajuda.

- Bom dia,em que posso ajudar ? - A recepcionista perguntou.

- Bom dia,o senhor William está ? - A moça ruiva sorriu.

- Sim,ele se encontra.Tem horário marcado ? - Teclou no computador.

- Não senhora,vim aqui para fazer algumas perguntas de extrema importância pro seu chefe. - Fiquei nervoso.

- Só um momento. - Clicou em alguns botões no telefone. - Senhor William...o senhor... - Me olhou com dúvida.

- Bruno.

- O senhor Bruno deseja falar com o senhor...Ele apenas disse se tratar de um assunto de seu interesse. - Ela esperou um pouco na linha. - Sim senhor. - Colocou o telefone de volta no gancho.

- Ele está te aguardando na sala dele.

- Obrigado.

- De nada.

Me virei e subi naquele elevador.

Bati na porta e entrei um pouco apreensivo.

- Bom dia Bruno ! - Se levantou para me cumprimentar.

- Bom dia,como o senhor está ? - Apertei a mão dele e sorri.

- Bem. - Voltou ao lugar que estava ocupado. - A que devo a honra de sua visita ? - Me pediu para sentar.

- Obrigado. - Agradeci. - Eu vim pedir ajuda.

- Ajuda em que ? - Franziu a sobrancelha.

- Como o senhor sabe,na sua empresa trabalha uma funcionária chamada Helena.

- Sim,ela é minha secretária.O que isso tem haver ?

- Bom... - Comecei a contar desde a minha saída do jantar,até a noite anterior,quando eu abracei Helena num ato de solidariedade.

Não sei qual vai ser a reação dele.Só espero que ele possa me ajudar.



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