Elayna está incrédula parada a minha frente. Contei tudo a ela: desde a noite no refeitório até essa manhã no dormitório de Jason.
-M-meu deus, Lia – ela gagueja – V-ocê devia ter me contado antes. Precisamos fazer alguma coisa... Vamos avisar a policia!
-Não! Elayna, isso é sério. Talvez eu avise a policia, e eles revidem. Podem ir atrás da minha família, Lay – sussurro baixinho, tentando segurar as lágrimas – Eu não sei o que fazer. Nem sei o que querem comigo. Mas não posso arriscar.
Lay me abraça.
-Eu sinto muito, Lia. De verdade. Você mal chegou aqui e sua vida já se revirou. Saiba que pode contar comigo.
Eu sorrio de leve enquanto passo a mão no rosto para secar minhas lágrimas.
-Eu sei, Lay. – respondo – Agora preciso te pedir uma coisa: não conte nada disso a ninguém, entendeu? Qualquer pessoa que saiba disso está correndo perigo. Eu só contei a você porque percebi que mesmo sem querer, você já estava envolvida. Mas ninguém mais pode saber. Nem mesmo o Alex, entendeu?
-Certo – ela afirma – Não vou contar a ninguém, pode deixar comigo. E agora, o que você vai fazer?
Respiro fundo enquanto respondo:
-Vou atrás de Daniel.
***
Hoje é o primeiro dia letivo, e a universidade está um caos. Estudantes eufóricos para todos os lados. Eu estava empolgada uma semana atrás, também. Antes de apontarem armas para minha cabeça e me interrogarem sobre um cara que mal conheço. Antes de me sequestrarem.
Pego os livros no meu armário e me preparo para a primeira aula. Preciso encontrar Daniel, mas não posso faltar. E até onde eu sei, ele também está em aula. Infelizmente, vou ter que esperar.
Sinto Lay me cutucar.
-Olha, Lia, eu sei que você está passando por um momento extremamente difícil e tudo o mais, mas... Você não acha estranho que em uma universidade, do nível da Everbolt, não tenha trotes com os calouros?
Franzo o cenho.
-Acho que com o que aconteceu – digo me referindo ao incidente no refeitório – A direção deve ter inventado uma desculpa e proibido o trote esse ano.
-Eu acho que não. Quero dizer, que tipo de desculpa eles poderiam inventar para segurar um bando de jovens possuídos com espírito do bullying e do divertimento em ver a humilhação do próximo?
Dou de ombros. Não faço ideia.
Abro a porta da sala de biofísica e franzo a testa.
Não tem ninguém, nem mesmo o professor está na sala.
Tenho um segundo e meio para registrar isso antes de uma enorme lata derramar 5 litros de tinta azul na minha cara.
Elayna e sua maldita boca profeta.
Escuto uma familiar voz masculina gritar:
-Primeira caloura a cair no trote esse ano!
Todos no corredor soltam um "Aeeeeeeeee" estridente.
Viro-me com ódio para encarar o rosto de Dilan.
Ele abre aquele maldito sorriso perfeito e joga um balde cheio de penas e purpurina dourada em cima de mim.
-Bem-vinda a Everbolt, Lia.
Preparo-me para dar um chute tão forte em suas bolas que elas chegariam ao estômago, mas Dilan me joga em cima de seu ombro.
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Amor Armado
Ficción históricaLia Zanthe é uma garota que se muda para a Califórnia após ganhar uma bolsa integral para cursar veterinária na Everbolt University. Por ser uma universidade extremamente cara, ela já se prepara para o pior, pensando que sofrerá preconceito por ser...