Capítulo 10

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-Acorde, Lia. Chegamos.

A voz grave de Jason me tira de meu sono profundo. Eu abro os olhos e dor surge forte e latejante em minha cabeça. E junto com a dor, vem as lembranças dos acontecimentos de mais cedo. Inferno, o que está acontecendo com a minha vida?

Jason me ajuda a sair do carro. Olho ao redor e vejo que estamos no estacionamento da Everbolt. O que eu vou fazer agora? Elayna vai me encher de perguntas. Não quero ter que mentir para minha amiga. Nem quero falar com ela agora. Não quero falar com ninguém. Só quero fechar meus olhos e quando reabri-los quero minha vida volte ao normal.

-Lia? – Jason me chama.

Eu o olho.

-Eu acho que seria melhor você ficar no meu dormitório essa noite – eu arqueio minhas sobrancelhas para ele e com o movimento o machucado em minha testa se retrai. Faço uma careta com a dor. Jason limpa a garganta. –É... você está machucada. Elayna fará perguntas. Só estou pensando no seu bem-estar. Eu tenho um kit médico no meu quarto, posso cuidar do seu ferimento.

-E o seu colega de quarto? Ele também vai fazer perguntas. Eu não acho uma boa ideia.

Ele balança a cabeça negativamente.

-Nick não está. Ele ainda não voltou das férias.

-Elayna vai fazer ainda mais perguntas se eu não dormir no meu quarto hoje.

-CARALHO, LIA. VAMOS LOGO PARA O MEU DORMITÓRIO. CHEGA DE PROBLEMAS NA PORRA DE APENAS UM DIA! – Ele estoura. Eu me assusto. Meu deus, o que deu nele?

Jason parece reparar no que fez e tenta se aproximar de mim, que já estou a uns bons quatro metros de distância, com medo de sua extremamente repentina mudança de humor.

-Lia – ele me puxa pelo braço – Me desculpe, eu...

-Me solte – eu o interrompo. Ele não solta. Está começando a me machucar.

-Ouça, eu apenas estou estressado com tudo que está acontecendo, está bem? Jamais eu faria algum mal a você.

Olhos nos seus olhos. Ele parece estar dizendo a verdade. Droga, eu também estou ficando louca com tudo isso. Estou tão cansada. Definitivamente não quero ter que encarar Elayna hoje.

-Tudo bem – eu digo – Vou para o seu dormitório. Agora, me solte, Jason. Está me machucando.

Ele olha para sua mão em meu braço por alguns segundos, então me solta.

-Me acompanhe – ele diz.

Eu o sigo. O céu está escuro e já deve se passar das onze horas da noite.

Passamos em frente ao dormitório de Dilan, e por um momento eu penso que tudo o que eu estou passando é culpa dele. Caso eu não o conhecesse – quero dizer, eu não o conheço de fato, apenas troquei algumas palavras com ele, e por deus, nem foram palavras amigáveis – aqueles bandidos não estariam atrás de mim. Amanhã falarei com ele. Ele vai ter que me esclarecer tudo. Absolutamente tudo.

Jason abre a porta de seu quarto, que fica no quinto andar, e o dormitório é muito parecido com o meu. Eu me sento na beirada de uma das camas.

Ele para e no meio do quarto e fica me encarado.

-O que foi? – pergunto, irritada.

-Nada – ele balança a cabeça – Vou pegar o kit de primeiros-socorros.

Ele abre seu guarda-roupa e começa a procurar. Pega uma maleta branca e se abaixa a minha frente. Pega um pedaço de algodão e embebeda com soro fisiológico.

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