Capítulo 4

8.1K 562 493
                                    

Quando cheguei do cinema, expliquei que tinha saído para a minha mãe, por isso a demora. Foi até divertido, tirando o fato da menina lá ter dado em cima de mim o tempo todo. E por tanta insistência, fiquei com ela.

Foi divertido a cara dela depois do beijo, estava exausta e sem folego.

Fui tomar um banho pra tirar o cheiro enjoado do perfume da garota. Quando terminei já era de noite, fui até a cozinha pegar uma xícara de café, logo em seguida voltando para meu quarto e lendo meu livro até cair no sono.

Na manhã seguinte Mark apareceu de novo, igual no dia seguinte, porém eu já usava as lentes e já estava com a mochila.

-Vamos?- Mark Perguntou.

Ele estava diferente. Seus olhos estava pra baixo, esboçando uma cara de tédio, igual ou piro que a minha, e as olheiras estavam gigantes.

-Está tudo bem?- Perguntei já saindo em direção ao colégio.

-E isso importa?-Mark pergunta fazendo pouco caso. Se virou o começou a andar.

Realmente tinha alguma coisa de errado com Mark. Ele sempre teve o sorriso fácil, até mesmo quando eu fazia pouco caso. Se importa? Nunca me importei com ninguém a não ser minha mãe. Digamos que fiquei incomodado com o silêncio repentino. Ainda mais o dele.

Ele era baixinho em comparação a mim, e tinha uma face tão delicada. Eu sentia que devia protege-lo como se ele tivesse aquele sorriso por ser inocente e que ninguém podia tirar isso de ninguém, não igual o meu foi tirado.

-Mark?-O chamei. Ele olhou pra mim com o mesmo olhar de mais cedo. Ele andava devagar como se não quisesse chegar na escola.

-Fala.

-Me conte, está tudo bem?- Disse reduzindo os passos para o alcançar.

-Claro!-Disse como se fosse a coisa mais obvia do planeta. Abaixou o olhar e então resolvi não contestar mais.

Quando chegamos na escola ele saiu correndo para sala de aula. Talvez queria chegar mais cedo lá para poder pegar umas das cadeiras do fundo da sala.

Uma coisa que percebi ontem, ninguém fala ou senta com ou perto dele. Todos agem como se ele não existisse, ou não estivesse lá.

Cheguei na sala e olhei para Mark que estava no mesmo lugar de ontem, na terceira cadeira. Então a hipótese de correr pra sentar no fundo da sala se foi, então, porque ele correu?

Me sentei atrás dele novamente e percebi seu olhar pela janela, e foi ali que meu coração apertou tanto que chegou a doer. Seus olhos estavam cheios de lágrimas e sua expressão era triste, e então, silenciosamente, uma delas caiu. 

O-O

A aula acabou e a menina, na qual eu esqueci o nome, veio falar comigo.

-E ai Jason, topa uma segunda rodada só que lá em casa?- Perguntou ela em um tom tão malicioso que pensei que estávamos em uma cena de filme porno.

-Ahm... hoje não. Vou voltar pra casa com o Mark.

-Quem é Mark?- Perguntou séria como se realmente não soubesse. Quanta arrogância.

Ela acabou falando um pouco auto de mais fazendo com que Mark escutasse e abaixasse a cabeça olhando seus pés.

-Ele é Mark.- disse apontando pro menino.

-Ah... ele é Mark...- Ela fez uma cara de desgosto- Ahmm sério vem comigo, te faço sentir coisas maravilhosas.- Disse ela se aproximando apertando seus peitos contra meu corpo segurando minha cintura, aproximou sua boca a minha orelha e a mordeu.

-Olha- Disse soltando um suspiro e fazendo com que ela se afastasse de mim.- Não é por nada não mas, não to afim não, quero ir pra casa, com o Mark, e ler um bom livro com uma xícara de café maravilhosa que só eu sei preparar, agora se me der licença.

-Você tá brincando né?- Disse ela segurando meu braço.

-Tenho cara de quem está brincando?- Agora percebi que Mark nos olhava com estranheza pelo fato de ter aumentado a voz.

-Você vai em trocar por um apagado, uma resma de folhas e um café?- Perguntou fazendo cara de indignada

Me exaltei. Me soltei se seus braços indo em direção de Mark e dizendo no final:

-Com esses comentários, acharia até um panfleto ter mais conteúdo do que você. E não se preocupa se vou trocar ou não, porque eu já fiz isso. -Segurei no braço de Mark o arrastando pra fora da sala deixando a garota lá sozinha.

O-O

Voltando pra casa senti um grande incomodo entre nós dois.

-Obrigado....- Disse Mark com o olhar pra baixo.- Mas você sabe que ela vai acabar com a sua vida naquele colégio né?

-De nada e foda-se o colégio.

Mark parou de andar me olhando incrédulo.

- Você não tem noção mesmo né? Não sabe o que está fazendo. As pessoas daquele colégio sabem muito bem maltratar as outra quando querem, sei como é...- Parou um pouco como se lembrasse de alguma coisa- Então entenda quando eu digo pra pedir desculpas pra ela amanhã.

-Não vou mesmo!- Eu estava completamente nervoso. - Você viu como ela te tratou?

-E desde quando você se importa?- Ouch, aquilo doeu, mas era verdade, desde quando eu me importava?- Que eu me lembre você nem olhava na minha cara. Não precisa fazer isso por mim. Peça desculpas a ela amanhã. Sei que não vai se arrepender.- Parou no meio da calçada e começou a gesticular com os braços.

-Mark eu já disse que não vou.

-Ha- deu uma gargalhada de uma sílaba só baixo e me olhou incrédulo.- Você fala isso porque não sabe como é não ser notado, como é ser esquecido, como é não ser ninguém.

Eu estava prestes a quebrar. Vê-lo assim me deixou tão vulnerável. Ele já deixava algumas lágrimas escorrerem pelo rosto. Me vi nele nesse exato momento e disse:

-Você não sabe de nada, como pode falar tanto?

Ele parou me encarando perplexo.

-O que eu não entendo, Jason? Diga na minha cara o que eu não entendo? Você é perfeito!

Abaixei a cabeça e levei minhas mãos até meu olho esquerdo tirando a lente que havia somente nele. levantei a cabeça e perguntei:

-Que perfeição é assim? Aberrações, Mark, esse é o nome dado.

- Você é um idiota! Não vê? Não vê que essa porra, - Apontou pro meu olho- essa " aberração" é linda? Como pode dizer isso? Jason, vai se ferrar tá legal? 

Ele andou em passos largos me deixando pra trás, parado, estático.

Café. Eu preciso de café.

Meu Vizinho (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora