Cap.11: Lacey

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Pov. Harry

A rua Rockville de Maryland estava com um engarrafamento infernal. Uma casal de velhinhos fez o esforço de me dar uma carona até o centro da cidade. Faziam apenas cinco dias que saí do Acampamento Meio-Sangue.

Eu estava ciente de que pegar carona com desconhecidos poderia ser perigoso.

Uma música clássica de Beethoven soava no painel do rádio do carro. Eu estava no banco de trás aconchegado. O cinto de segurança era um pouco desconfortável. A vista que eu tinha das casas de Bautimore eram, talvez, melhores do que Cloe estava passando. Eu precisava chegar à Washington o mais rápido possível. O problema também seria em achar Lacey, como eu conseguiria? A cidade é tão grande.

Segurei um suspiro recostando minha cabeça na janela de vidro. As imagens passavam devagar, culpa do engarrafamento.

Olhei para baixo, no bolso da minha calça. As folhas de Cloe. Meti a mão no bolso e puxei uma delas. A folha estava perdendo sua cor de verde vivo, estava escurecendo, ficando num castanho escuro, linhas pareciam querer separar as folhas em fios. Eu não sabia exatamente o que aquilo significava, mas eu sabia também que não era uma coisa muito boa.

O engarrafamento cessou. E os velhinhos pararam numa rua vazia. O homem que dirigia virou-se em minha direção.

- Fim da linha, garoto. Só podemos vir até aqui. Nossa casa fica numa rua sem saída. Precisará ir à pé agora. - ele falou e destravou a porta do carro.

Assenti e saí, puxando minha mochila e pondo nos ombros.

- Obrigado. - falei e fechei a porta.

O velho arrancou em direção à uma das várias ruas sem saída que tinham.

Me ajoelhei na calçada e abri a mochila do acampamento. De lá, puxei um mapa. Fechei o zíper e a joguei em minhas costas novamente.

Me pus a andar rápido. Caso monstros poderiam aparecer.

Faltavam muitos quilômetros para chegar em Washington. Era horário de almoço e minha barriga roncava. Talvez eu tivesse dinheiro suficiente para comer e ainda pagar um ônibus para a capital. Mas só talvez.

Explorei meus bolsos à procura de dólares de mortais. Encontrei dez dólares.

- Bem, talvez eu possa almoçar mais tarde. - sussurrei e bufei de frustração. - Vamos lá!

Continuei caminhando. Tentando achar um ponto de ônibus. E eu encontrei, não querendo me gabar mas, eu tenho muita sorte, é, eu sei.

- Não pense que vai sair ileso dessa, semideus. - ouvi uma voz rouca atrás de mim. Estava bom de mais para ser verdade.

Virei devagar, e um cara grandão de um olho só estava à minha espera. Cara, como ele era feio.

Corra. A voz de Cloe soou no meu ouvido.

Sorri para o grandalhão, acenei com a cabeça e saí correndo.

- Volte aqui filho de Morfeu!

Corri o máximo que pude entre as ruas, eu tropeçava nas pessoas e elas me xingavam.

- Desculpe...

O ciclope me seguia de maneira mais lenta, não daria certo eu parar para respirar. Mas eu precisava parar para respirar. Porque ninguém passa dois minutos correndo sem perder o fôlego.

Entrei em uma rua sem saída e me escondi de trás de um carro. O ciclope parou na entrada da rua e farajou o ar. Meu coração ficou acelerado. Santo Morfeu... Passou se alguns minutos e então escutei:

- Harry? É você? - ouvi a voz de Lacey. - Está tudo bem, eu já matei o ciclope. Veio me avisar alguma coisa?

Fiquei quieto, não me mexi. Eu estava pronto para colocar aquele ciclope para dormir. Minhas mãos tremiam, e eu engolia em seco. Não sei se ele podia ouvir os roncos da minha barriga.

- Harry, saia daí.

Ouvi de novo. Resolvi me manifestar.

- Venha aqui você.

Eu sabia que tinha me metido numa baita de uma encrenca. Ouvi passos. E ainda de olhos fechados bati palmas, logo escutando alguém caindo no chão, desacordado.

Abri os olhos devagar. Quem diria que a verdadeira Lacey estaria em Maryland, à poucos quilômetros de Washington?

Tomara que ela durma bem. Enquanto isso, espero ela acordar.

- Desculpe Lacey. Não sabia que era você. - passei a mão nos seus cabelos, retirando uma mecha escura que caía no seu rosto.

Fiquei brincando com meus dedos até ela acordar naquele chão gélido asfaltado.

Att dupla da semana. Aproveitem!

A União dos Três Grandes | A Batalha Final (#3)Onde histórias criam vida. Descubra agora