XI

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Das mais puras águas Johan se banhara. A água da fonte termal, parecia ter luz própria, vários microrganismos fotoluminescentes nadavam livremente pela imensidão de cristal. Das estalagmites caiam gotas que pareciam diamantes líquidos. Havia um tempo que Johan não tomara banho, e ao entrar na água morna, sentiu todo seu corpo relaxar como se mergulhasse nas nuvens. Seus ferimentos doeram, e até manchou de leve a água de sangue, que se dissipou.

De volta a pequena vila, ele pode mais uma vez contemplar a grandiosidade do lugar. Era monstruosamente grande. Ele respirou fundo novamente. Seus cabelos molhados, pingavam nas roupas novas que Harry dera á ele. Harry não era um homem ruim. Além de ser alto e robusto, com uma aparência um pouco assustadora, ele pareceu se importar bastante com Johan.
Harry era um dos guardas de busca que saiam para procurar comida e levar pessoas. Johan se perguntou por que estava ali, ele, Rose e Meyson. Os únicos vampiros em uma comunidade humana. Quem o resgatara e por que ? Johan deu uma olhada no relógio rachado em seu pulso. 2h40. Ele dormira por dois dias seguidos mas ainda estava muito cansado. Ele caminhou de volta até seu quarto. Johan tentava controlar-se ao máximo. Os cheiros eram muito fortes e o destraia, e ele estava com sede. Johan sabia que se Meyson acordasse talvez não conseguiria controlar-se. Entrou pela pequena passagem de seu quartinho e parou de súbito. Havia uma mulher lá, ela estava de costas e seus cabelos negros batiam no meio das costas.

— Olá? — disse Johan á ela.

Ela se virou lentamente e Johan se assustou, quase caiu de sua bengala e ela riu. Ele franziu as sonbrancelhas. Seu rosto era lindo e corado, seu corpo já estava formado, e os cabelos eram brilhosos e sedosos. Mas seus olhos. Eram brancos, como os de Johan e de todos os outros vampiros.

— Desculpe me entrar no seu quarto, eu só queria saber se você estava bem — Johan havia reconhecido a voz dela. Era melódica e levemente aguda. Era a mesma voz que ele ouvira quando estava no metrô — Prazer, me chamo Irina.

— Como é possível? — disse ele se aproximando com estranheza — Você... o que é você?

Ela sorriu discretamente.

— Muitas pessoas tem a mesma reação. E eu esperava o mesmo de um vampiro — disse ela ainda com um sorriso suave no rosto — Acho que você já ouviu falar dos "imunes" ao vírus, então, eu sou um deles. Fui mordida e apenas meus olhos mudaram. Acho que tenho sorte.

Johan parou e a observou. Ele sabia que existiam pessoas como Irina, mas nunca pensou em encontrá-los, pois quase 1% apenas, da população é imune. Johan não conseguia tirar os olhos dos dela, ele estava apenas a alguns metros de distância de seu rosto, e Irina não se incomodava com isso, se fosse outro humano, ficaria pelo menos a dois quilômetros dele, e mesmo receoso. Mas Irina não, ela estava calma e confiante. Finalmente Johan consegui dizer.

— De onde você veio?

— Longa história.

— Bom acho que preciso descansar um pouco, e não vou à lugar algum — disse Johan sentando-se na cama de pedra — Não poderia ser uma cama mais confortável? Nossa!

Ela sorriu alto, Johan retribui rindo também.

— Bom, eu sou daqui mesmo, mas eu era da capital, que infelizmente foi tomada... Quero dizer atingida por...

Irina contou a Johan toda a sua história desde o começo quando Harry a achara em uma casa com medo de sair, e que logo depois encontraram um grupo de pessoas que tentavam encontrar um lugar seguro.

– Meses se passaram como um borrão entre dias e noites
Viajamos entre leste e oeste mas sempre rumo ao norte, para longe da morte. Evitávamos cidades.
A praga marchou entre seus portões fechados e viraram armadilhas mortais.
Quando a Bélgica caiu, tudo que conheciamos havia acabado. Enquanto o governo sumia os grandes líderes fugiram e a esperança foi abandonada, estávamos sozinhos agora, viajando por uma terra de ruínas.
Todos nos estávamos órfãos, tentando nos agarrar-se a algo...

Johan a observava com atenção e cautela, as palavras saiam de sua boca ecoando pelo pequeno cômodo com apenas uma candelária, que prendia-se no centro do teto com duas velas.
Ela disse também que estava ali há três anos, e que nenhum vampiro entrara desde que chegara.
Johan hesitou.

— Por que nos trouxe para cá? – disse ele seco.

— Eu não via um vampiro há bastante tempo e quando os vi, pensei em ajudá-los — disse Irina sentando-se ao lado dele.

— Você pode ter cometido um erro grave — disse Johan sério

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