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Rose estava linda. A mais bela dali. Seus longos cabelos caiam em uma grande cascata branca sobre seus voluptuosos seios. Ela trajava um lindo vestido vermelho cor de sangue que cintilava á luz incandescente do salão, sua cintura fina estava bem marcada e eu podia ver todas as suas curvas balbuciarem.
Todos estavam muito bem vestidos, parecia uma festa de gala. A música ao fundo era suave e melódica e o cheiro de vinho caro enchia o ar quente. Meu terno era de um preto ofuscado e riscado, exótico.

Rose caminha em minha direção com um sorriso largo no rosto. Ela estava absolutamente perfeita, como a face de um anjo delicado, parecia emitir uma aura dourada. Ela estendeu uma de suas mãos para mim, abaixei de leve e a beijei, ela sorriu e me puxou. Nossos corpos estavam colados ao som da música clássica instrumental. Ela dançava com um leveza, e me surpreendi ao perceber que estava dançando também. Meus pés se moviam como se alguém estivesse os controlando. Tudo estava absolutamente em perfeita harmonia. Mas um som alto de vidros se quebrando desviou nossa atenção que estava agora sobre uma grande janela do salão que havia quebrado, e por ela, entrava muita água, como se o mar estivesse lá fora, como se estivéssemos em um salão subaquático. Outra grande janela se quebra e a água alcança nossos joelhos, logo depois de alguns segundos, nossas cinturas, até que estávamos nadando. Meu olhar de desespero penetrou os olhos de Rose, que tinham uma expressão suave e tranquilizadora. Ela me disse que tudo iria ficar bem, a água cobriu nossas cabeças e me sufocou.


Johan acorda num sobressalto, assustado e sem fôlego. Ele para por uns instantes até perceber que tudo tratava-se de um sonho, suspira alto, logo depois inspira o ar seco. Estava em o que parecia ser um quarto, mas as paredes eram estranhamente incomuns. De um cinza desbotado e rajadas de marrons, notou que as paredes eram rochas e sentiu-se um pouco claustrofóbico, seus olhos febris, varreram toda a superfície petrificada do pequeno cômodo quase escuro demais. Além das paredes, Johan notou também que sua cama era de alvenaria, nada confortável. Parecia subterrâneo. Ele observa uma abertura estreita com uma lona cobrindo, como porta improvisada. Seus olhos descem até sua perna que agora estava enfaixada com um pedaço de ferro contra o joelho, imobilizando assim a fissura na tíbia. Seus ferimentos foram limpos e costurados.
Ele coloca os pés no chão levemente e sente todo o seu corpo estremecer, ainda lesionado pelo impacto, ao lado da cama havia uma bengala, ele pega o objeto de madeira e caminha lentamente até a saída, gemendo a cada passo. Ao passar pela porta, Johan se depara com um novo mundo. Ele fica em choque, estupefato.
A grande estrutura de propensões imensuráveis se estendia até seus olhos não alcançarem, no alto da caverna, uma abertura enorme naturalmente esculpida pela natureza, abria espaço  para a luz do luar adentrar na escuridão, ao lado do quarto de Johan, haviam fileiras de portas como a que ele saíra, lá em baixo, no centro cavernoso, havia uma plantação de trigo e milho que se estendia vastamente, cobrindo todo o solo com plantas rasteiras. Os morcegos voavam livremente pela grande estrutura natural. Johan olha para os lados, para cima e para baixo tentando encontrar alguém. Ninguém, já devia ser tarde e estranhou pelo fato dos vampiros preferirem a luz da lua do que a do sol . Ele caminhou para a escada que levava até o andar de baixo, lá parecia ser ainda maior, com pequenas casas de pedra esculpida naturalmente a partir de mãos humanas, apenas com recursos da caverna. Johan escuta passos ecoados pelo vão imenso vindo em sua direção, ele procura de onde vem o som oco e de repente uma criança aparece logo atrás dele, saindo da penumbra. O cheiro do sangue desvia a atenção de Johan que se volta para a menina. Humana. Indagou consigo mesmo. Seus olhos negros e felizes pareciam querer alguma coisa. Fazia anos que Johan não via um humano, uma criança muito mais.

– Med, volte! – Uma mulher aprece atrás da menina, e a empurra de volta para a escuridão – Você não deveria estar aqui – a voz dela era baixa e firme.

– Eu... Me perdi – disse Johan gaguejando. Ela era baixa e esguia, sua pele mestiça, brilhava á luz do luar, seus cabelos castanhos estavam amarrados em um rabo de cavalo, suas roupas eram de cor escura e pareciam sujas. Trajava jeans marrom e uma regata vermelha desbotada – Onde estou?

– Na maior caverna da Europa, Isrribsöar, Bélgica – ela estava séria e atenta a todos os movimentos de Johan, que se controlava ao máximo para não voar em sua jugular.

– Onde estão Meyson e Rose?

– Seus amigos? – disse ela

Ele assentiu.

– Estão nos quartos se recuperando. A garota está parcialmente bem, a não ser por muitos ossos quebrados, mas o garoto teve quase todo o corpo queimado. Nem sabemos se ele vai sobreviver.

Johan sentiu um calafrio. Meyson estava em estado grave e isso o assustava.

– Onde estão? Eu quero vê-los! – disse Johan exigindo saber.

– Calma ai garoto. Primeiro ele vai se recuperar, e você... – ela deu uma longa pausa e olhou Johan da cabeça aos pés – Vá tomar um banho, há uma piscina natural lá trás, eu vou lhe mostrar, venha.

– Quero vê-los agora mesmo – exclamou Johan alterando a voz.

– Calma garoto – disse uma grave voz masculina atrás dele. De imediato ele também a reconheceu.

Virou-se lentamente e viu um homem, alto, ruivo e forte, ele tinha uma arma na mão e estava pontada para a cabeça de Johan. Os olhos verdes como topázio do homem, rasgavam os de Johan, ele estava preparado para qualquer movimento que ele fizesse.

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