Capítulo 6

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Como meus pais estavam trabalhando mandei uma mensagem para mamãe, explicando que eu teria que viajar para a casa do tio do Gus e tudo mais e que o Rodrigo e Alice iriam com a gente. Não demorou muito e ela mandou uma mensagem.

"Filha e a escola? Não vou deixar você faltar desse jeito, nem sei que dia você volta, vou ficar preocupada."

Mandei a resposta em seguida.

" Mãe, eu tenho que ir, dessa vez não posso te obedecer, não estamos brincando, isso é coisa séria, tenho que ajudar o Gus, ele precisa de mim. O Rodrigo vai cuidar bem de mim, eu não vou demorar não se preocupe, e nem vou reprovar na escola. Quando ligarem ai, fala que estou com conjuntivite nível avançado, ok? Eu te amo muito, mas uma missão me chama, beijos."

Ela mandou uma mensagem reclamando, mas depois deixou, como era cedo ainda para o Rodrigo vim para cá, fomos comer alguma coisa no Mc Donald's.

Fizemos o pedido e sentamos numa mesa, estávamos comendo mudos, quando Gus quebra o silêncio.

- Você me faz esquecer um pouco da tragédia que está acontecendo comigo. O mundo precisava mais de pessoas como você. Mesmo você calada você me faz bem Helen, eu posso estar parecendo precipitado pois te conheço não faz nem uma semana. Mas tudo que estou te dizendo é verdade. Você é incrível. - Falou sorrindo.

Nesse momento minha cara deve ter virado um pimentão humano de tão vermelha que fiquei. Sabia que Gus estava falando a verdade, dava para ver no seu olhar.

- Você que é incrível Gus! - Falei , sem jeito.

Comemos e fomos para casa, no caminho ouço o celular do Gus apitar, ele o pega rapidamente e arregala os olhos quando vê a mensagem, pergunto quem era e ele apenas dá o celular para mim e abaixa a cabeça.

A mensagem dizia o seguinte:

"Filho, tivemos que partir para uma cidade distante, onde vamos viver bem, aqui é bem legal na verdade. Não tente nos procurar. Deixamos alguns cartões para você. Vamos depositar dinheiro na sua conta sempre. Vamos pagar todas as despesas da casa também. Filho tivemos que partir por causa do emprego do seu pai, a empresa dele se mudou para cá e precisávamos vim. Não levamos você, porque você ama São Paulo, e você não iria querer vim, e também para você criar mais um pouco de responsabilidade. Eu sei que você vai ficar bem. Desculpa não me despedir de você, é que eu tenho certeza que se me despedisse você não iria deixar a gente ir. Te amamos muito. Uma vez no ano estamos ai para matar a saudade. Ass: Juliana"

Quando eu acabei de ler, minha boca estava completamente aberta, estava indignada com aquilo.

- Com todo o respeito, mas SEUS PAIS SÃO LOUCOS. - Falei com raiva.

- Ela está certa. Eu simplesmente não iria. Sempre falei que se eles mudassem para algum lugar, era pra ficar avisados que eu não iria de jeito nenhum. São Paulo é a minha cidade. Só estou triste. Porque as coisas tem que ser assim? - falou chorando.

- Eu não sei Gus... Se eu pudesse mudar tudo isso, eu mudaria juro. - falei.

Abracei ele no meio da rua e ficamos assim uns 2 minutos.

Depois fomos para casa. Liguei para Rodrigo para falar que não precisava mais ele ir, liguei pra Mel explicando tudo também, ela ficou revoltada, e tinha razão. Liguei para minha mãe, falei que não ia mais faltar, e que não iria mais viajar, ela ficou super aliviada.

Ficamos em casa assistindo filmes e mais filmes para tentar fazer Gus tirar essa situação toda da cabeça.

- Acabou a pipoca, vamos lá na cozinha comigo pegar mais? - Falou Gus.

- Claro! - falei, caminhando para a cozinha.

Sentei na mesa, enquanto Gus colocava pipoca no balde. Lembrei da Carol e vi que era o momento certo para perguntar daquela história esquisita.

- Gus, acho que você me deve explicações sobre a história da Carol. - falei.

Ele olhou pra mim meio confuso, colocou o balde em cima da mesa e sentou na mesa. Olhou para mim e começou.

- Ok... começou assim. A Carol era a amiga da Mel e da Reb. Eu era novo ainda na escola, então fiz amizade com elas. A Carol foi a que mais me chamou atenção. Era bonita, educada, meiga. Perfeita para mim. Começamos a ficar juntos e a namorar. Só que depois a Carol começou a ficar muito possessiva, não gostava nem que eu chegasse perto da Mel e da Reb. Teve um dia que eu e a Mel estava conversando na escola sobre como é bom ter um amigo, e coisas desse tipo, e então quando o sinal tocou para irmos embora, nos despedimos com um abraço, e a Carol apareceu na hora, vez um show, no meio da escola toda, falou que eu estava traindo ela... Ela é realmente retardada... Puxou um menino que estava passando na frente e o beijou, e o beijou muito. Eu não fiquei nem um pouco sentido, já estava querendo terminar com ela mesmo... Depois ela subiu no palco e ficou completamente pelada, só com as roupas íntimas. O diretor apareceu, tirou ela do palco e ligou para os pais dela...
Depois os pais dela ligaram para Mel, que era a amiga mais próxima dela, para informar que a garota não iria para escola por um tempo, porque estava em um tratamento psicológico, com clínica e tudo. Mas pediu para Mel guardar segredo. Mel só contou para a gente. E até hoje ela é meia paranóica com respeito a isso. Mas eu nem dou bola. - falou.

A Carol me parecia louca, mas não a esse ponto. Que menina mais possessiva.

- Que louca! Agora você pode ir em paz mocinho, já falou o que eu queria saber. - falei, sorrindo.

- Obrigada senhora! - Gus disse, em tom de brincadeira.

Voltamos para a sala e terminamos de assistir os filmes. Meus pais chegaram e falaram que Gus podia dormir em casa hoje para não dormir sozinho, falaram também, que teriam que viajar por uma semana por causa do trabalho e que Augustus poderia ficar aqui comigo, para eu não ficar sozinha, desde de que a gente não fizesse nada de errado. Concordamos com tudo e fomos dormi. Augustus dormiu de novo, na minha cama improvisada.

Enquanto ele dormia, eu o olhava, ele dormia como um anjo, com o rosto leve, cheio de paz. Ele não merecia tudo o que estava acontecendo, não merecia mesmo. Augustus teria que ter várias responsabilidades com apenas 17 anos, e sem os pais. Ele não estava pronto, mas eu estava ali, pra ele. Estava ali para ajudá-lo, ele poderia contar comigo. E com a Mel e a Rebeca, claro. Ele podia ter a certeza que não estava sozinho nessa.

HelenOnde histórias criam vida. Descubra agora