Capítulo 1

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NOTAS:

1)Black Sabbath: Banda de heavy metal fundada no final dos anos 60.

2)Neil Peart e Lars Ulrich: Baterista do Rush e do Metallica, respectivamente.

3)Master of Puppets: considerado o melhor albúm do Metallica.

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Duas semanas depois.


– Qual é a próxima aula?

– Introdução a composição musical.

– Deus, quem vê pensa que vamos nos formar em música clássica.

Chang riu baixo, daquele jeito discreto que só ele tinha. Quem via Chang andar pelos corredores da Berkeley, cabelos lisos e negros até a cintura, camiseta do Black Sabbath e jaqueta de couro, poderia achar que ele era um bad boy de primeira categoria. Mas Jack sabia melhor que isso: seu amigo era a pessoa mais zen que conhecia e olha que eles eram amigos desde o colegial. Sem contar também que Chang era um baixista excepcional.

– Jack.

O jovem parou de andar ao ouvir a voz baixa do japonês. Ele olhou para o lado e viu que o amigo observava pela porta de vidro de uma das salas. Um som reverberante ecoava de dentro dela e pela primeira vez Jack percebeu.

– O que foi?

– Venha ver.

Jack voltou alguns passos e espiou pela porta junto ao amigo. Seu coração, inexplicavelmente começou a pular no seu peito.

Dentro da sala uma bateria enorme, para não dizer monstro, estava montada no meio da sala e um jovem, provavelmente da idade deles, tocava de olhos fechados, sua camiseta do Rush grudada em seu corpo devido ao suor. O som era rápido e poderoso, como uma sinfonia de trovões antes da tempestade. Jack poderia quase ver uma aura em volta dele, o som que aquele arrancava do instrumento fazendo todo seu corpo vibrar.

Logo ele e Chang se afastaram e foram andando pelo corredor novamente, indo em direção a sala de aula. Mas uma coisa era certa: ele tinha que conhecer o garoto.

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– Se importa se sentarmos aqui?


Brian olhou do seu prato de comida para as duas pessoas recém-chegadas a sua mesa. Um era claramente descendente de japonees, usando uma jaqueta de couro e com cabelos longos, presos displicentes num elástico. O outro...

O moreno piscou ao olhar o jovem a sua frente, os cabelos cacheados e castanhos emoldurando um rosto delicado, mas definitivamente masculino. As luzes artificiais refletiam no único brinco pendurado em sua orelha direita.

– Claro, a mesa é pública. – respondeu ele finalmente.

Os dois sorriram e sentaram-se de frente pra ele. O jovem logo estendeu a mão para ele.

– A propósito meu nome é Jack. E esse é o Chang.

O oriental apenas acenou, a boca já cheia de hambúrguer. O moreno sorriu largamente, pegando a mão estendida num aperto firme.

Nas Sombras de um SonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora