2 - Califórnia cheguei

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MANHÃ DE DOMINGO ...

É bom ter uma família que nos ama principalmente para nos envergonhar no aeroporto, parecia que íamos para outro planeta. São dez horas da manhã e acabei de me sentar no avião com a Tara parecemos umas idiotas a chorar e rir em simultâneo, no fundo tínhamos noção que teríamos de ser fortes e ter em mente a responsabilidade que nos esperava... chegámos a Califórnia perto das cinco e meia e Julio, o primo da Tara já nos esperava, é um moreno simpatico de vinte e três anos, ele é o filho mais novo de Maria mas a outra filha vive em outro país, quando entrei na casa de Maria a famosa tia eu fiquei espantada, a casa era modesta mas muito acolhedora, decoração mexicana muito engraçada e ela era uma senhora morena, baixinha, robusta com farto cabelo preto aos caracóis, usava uma flor no cabelo e um vestido florido, era a típica matriarca da família.

— Bem vindas senhoritas, o quarto está pronto como foi a viagem? o seu presente está a su a espera Melany. - Ela falava muito rápido e com um sotaque latino o que a tornava engraçada.

— Obrigado, vamos arrumar as malas e descemos já.

— Adios chicas, adios mamazita. - diz o Júlio a sair de casa.

— Júlio, se chegas em casa depois das onze da noite não entras em casa! - acreditem que ela era capaz de o fazer.

Não sei como mas conseguimos arrumar tudo, claro que a maioria das coisas eram da Tara. Descemos, Jantámos e em seguida a Rosa entregou-me uma chave, pedindo logo de seguida para ir com ela à porta de casa, apontou para uma Ford Ranger preta, uma pick up linda e novinha, fazia dois anos que pedia um carro aos meus pais mas nunca pensei que eles realmente me oferecessem um.

— Ai deus do céu, os meus pais são mesmo os melhores do mundo! Eu pedi tanto isto.. ADOREI!

— O Júlio já está farto de me pedir para o exprimentar, não deixes! Aquele miúdo é irresponsável demais - Oiço a Maria dizer enquanto se afasta e entra em casa.

— Mel que loucura, vamos pôr os rapazes todos a olhar para nós! - Típico comentário de Tara.

— Tara por favor, tu só pensas em homens?

— Até parece que tu não Mel! - rimos as duas porque ela sabia que homens está no final da minha lista de prioridades.

Por hoje não toco no meu presentem eu queria mas o meu corpo pedia uma cama aconchegante, amanhã vou aproveita-lo bem mas por hoje vou dormir, estava cansada da viagem, subo até ao quarto, visto o pijama e caio na cama mas antes liguei aos meus pais, precisava agradecer e deixar ambos tranquilos, eu tinha trocado dezenas de mensagens com ambos desde que cheguei podia apostar que a minha mãe estava a chorar neste momento, mesmo cansada ainda abri o notebook, pesquisei a morada do centro desportivo e a morada da casa onde Maria trabalhava, ficava em caminho por isso iríamos as três juntas de manhã, era o mínimo que podia fazer para agradecer a estadia visto que ela nem deixou falar em pagar uma parte das despesas.

Seis da manhã, sou a primeira a tomar banho porque a Tara demora uma eternidade, visto uma calça desportiva, top, ténis e um rabo de cavalo, estava cheia de energia para enfrentar as novidades que me esperam. Enquanto desço para ajudar a Maria a tratar do pequeno almoço a Tara fica a vestir-se como se fosse para uma festa, ela adora perder tempo com enfeites. Felizmente estamos a morar perto do centro desportivo e consigo deixar Maria dez minutos antes do previsto no casarão onde trabalha.

— Uau tia que casarão lindo! - a Tara não consegue fechar a boca.

— Meninas então imaginem o trabalho que tenho, felizmente os meninos são organizados! - a Maria diz enquanto sai do carro com certa dificuldade.

— Bem Maria, vamos acertas as coisas no centro e depois psssamos aqui para te dar novidades. - digo enquanto começo a afastar-me dela.

— Tudo bem meninas, cuidado com a estrada!

Em vinte e cinco minutos chegámos ao centro, era enorme e a Danielle já esperava por nós na entrada, primeiro visitámos todas as instalações eram moderadas, salam de tamanho médio com o mínimo de equipamento mas a variedade de actividades desportivas era realmente impressionante. Teríamos uma sala para cada uma de nós as três, iríamos dar aulas de dança, teríamos um horário ainda meio vazio, uma aula de manhã e uma a tarde somente; pelo menos inicialmente. Passamos a manhã a ver as fichas de inscrição dos miúdos que iam dos quatro aos quatorze anos e fizemos o planeamento das aulas, havia algumas duvidas de como gerir os grupos e muitos detalhes a acertar. Só parámos ao meio dia e acabamos por ir até à cantina para comer uma salada, ainda faltava conhecer alguns professores das outras modalidades mas o que interessava é que teríamos uma semana livre para nos organizarmos até começar verdadeiramente o trabalho. Passámos pela praia, sentamos as duas na areia a falar sobre as ideias que cada uma tinha sobre o projeto e fizemos tempo para ir buscar a Maria ao trabalho, as primeiras impressões são muito boas agora veremos o que virá com o tempo, levo a dança muito a sério e este projecto será duro, complicado, por vezes talvez frustrante mas eu nunca fui de desistir.

A minha mãe sempre me ensinou que com calma e um sorriso tudo se consegue, pelo contrário o meu pai é com força e persistência então nada melhor que juntar o melhor dos dois, tenho noção que enfrentarei crianças com falta de educação e regras, sem família, talvez sem casa ou comida então eu terei de me preparar para tudo.

Dancando para ti...também (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora