26 - Merry me?

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Não foi fácil encontrar a morada de Denise mas quando consegui fiquei desmoralizada, vivia num bairro tão degradado que até eu que não me considero fraca, fiquei com receio. Subi 6 lances de escada e os gritos, barulhos e cheiro fétido estavam por toda a parte, tive de respirar fundo antes de bater à porta. Quem abre a mesma é um homem enorme, de ar carrancudo, estava de tronco nu e tresandava a álcool.

— É aqui que mora a Denise?

— Porquê? Quem é você? Se é da segurança social pode ir embora! - ia fechar a porta mas não deixei.

— Sou a professora de dança e quero saber porque deixou de ir às minhas aulas e à escola?

— Ela não tem tempo para essas mariquices, ela está a trabalhar que tem bom corpo e agora vá embora!

— Eu quero... - levei com a porta na cara.

Mal educado, monstro; tive de ir três dias seguidos montar guarda na porta do prédio e consegui subir assim que vi aquele homem sair. Depois de insistir na porta ela responde

— Denise?!

— Professora?! O que faz aqui? - os seus olhos mostravam pânico.

— Santo deus que marcas são essas? - entrei sem pedir.

Quando a abracei ela começou a chorar como um bebé, o padrasto ficava com ela porque a mãe trabalhava em navios, a fazer de tudo um pouco e só vinha a casa de três meses. Devido à falta de dinheiro ele batia nas duas e como era ele o dono da casa ambas se sujeitavam a maus tratos. Não tinha muito tempo e tinha medo que aquele monstro voltasse por isso combinei ir busca-la no domingo a seguir ao meu aniversário. Ela iria fazer o turno da noite por isso iria levar as suas coisas e documentos numa mochila e eu iria traze-la para casa. Não lhe dei tempo de responder e saí. Óbvio que quando contei ao Mark ele não gostou nem um pouco mas felizmente a minha mãe iria ajudar-me, até parece que alguma vez, eu seria capaz de ficar de braços cruzados. No final da tarde seguinte antes de ir para casa, passo num Shopping, compro um vestido preto, justo, por cima do joelho e sem costas, um cinto salmão e uns sapatos bem altos a condizer, amanhã é o meu jantar de aniversário e tirei a tarde para fazer as unhas e o cabelo, admito que estou triste porque os meus pais não poderão vir, tal como alguns amigos e por isso serei só eu, Mark, Jo e Brian e claro a Maria pois até à Tara tinha planos mais importante. Gostaria de reunir todos mas como não posso... a Jo foi a primeira a querer tratar de tudo, será no jardim lá de casa e pediu-me somente para não chegar a casa antes das oito, Concordei mas pedi para fazer algo bem simples.

Sexta-feira foi um dia calmo, não vi a Danielle e a Tara pediu desculpa por não poder ir ao jantar e por isso almoçámos na cantina e e ela ofereceu-me um lindo relógio, os meninos não se lembraram do meu aniversário mas quem pode ligar? São crianças! No final da tarde corri para o SPA, fiz manicure, pedicure, maquilhagem e um lindo apanhado no cabelo. Como Jo me pediu para avisar quando estivesse a caminho assim fiz e para não perder tempo vesti-me lá mesmo.

São oito e dez e estou a meio do caminho, já avisei a Jo e espero que seja uma noite tranquila, espero que Mark goste mim com este ar mais sério e formal. Quando cheguei estava tudo tranquilo, apenas algumas luzes de presença, quando chamei não obtive resposta mas ao chegar ao jardim tinha todos à minha espera e todos inclui: os meus pais, Tara, Danielle e até alguns dos miúdos ( nem todos os pais aceitaram o pedido de Jo).

— SURPRESA!

— Adorei, obrigado a todos!

— Este é o meu presente! - diz Mark num forte abraço.

— O melhor que me poderias ter dado!

É mesmo verdade! Existe melhor presente do que termos a casa cheia de família e amigos? Havia uma mesa repleta de comida, música... os miúdos brincavam com Brutus e eu estava derretida, nunca me passou pela cabeça que estivessem a organizar uma festa surpresa. Depois do jantar volante seguiu-se muita dança e por fim a hora do bolo e champanhe.

— Obrigado a todos por trem vindo, sei que Mel está feliz com a vossa presença. - Mark parece nervoso.

— Sim foi o melhor presente de todos! - digo sem conseguir parar de sorrir.

— Espero conseguir superar ainda mais a tua noite! - entrega-me uma taça de champanhe. - vamos todos brindar!

— Mark?! - depois de dois goles vejo um anel dentro do flute. - Que é isto?

— Primeiro bebe tudo e depois eu explico! - bebo o restante e então ele retira o anel, limpa com um guardanapo - Melany quero estar junto a ti em todos os teus aniversários, natais, dias bons e dias maus...

— Oh meu deus!

— Aceitas casar comigo? - diz enquanto me o segura nas mãos e me fita.

— Agora sim chegou o melhor presente. Claro que sim!

Pegou-me ao colo e beijou-me de maneira diferente, não era só paixão ou desejo, era realmente amor. Ouvi assobios, palmas, gritos e risos de crianças e até o Brutus ladrava, este foi sem dúvida o melhor aniversário. Após comermos o bolo e despedir-me das crianças e claro recebi muitas felicitações, chamei a minha mãe à sala...

— Assim sendo a Denise vai convosco domingo!

— Melany adoro saber que esse coração está cheio de bondade mas isto é a loucura, o padrasto desta miúda pode fazer-te mal. - A minha mãe está preocupada.

— Está tudo bem, só quero que tomes conta dela por mim.

— Claro que farei com que ela fique bem e ajudar-te-ei sempre filha.

— Mãe!? - Agarro nas suas mãos.

— Que carinha é essa? - ela passa a sua mão no meu rosto.

— Fui ao médico a algum tempo e ao que parece posso nunca chegar a ter filhos.

— Oh, Melany! Porque não me contaste antes?

— Não estava preparada para falar disto.

— Tudo bem, falamos quando quiseres mas agora vai aproveitar a tua festa.

— Vamos mãe! - Abraço com força a minha mãe e depois fomos ao encontro do resto dos convidados.

A festa acabou, são três da manhã e não sei quando aconteceu mas estou descalça, atiro-me para a cama à espera de Mark e apago.

Dancando para ti...também (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora