16 - Tudo mentira

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A viagem foi cansativa e o meu pé já está a reclamar, vou descansar para o quarto que os meus avós montaram para mim e para a Tara. Acabo por adormecer e acordo com a voz da minha mãe a dizer que o funeral seria dentro de uma hora, saímos de casa e em quarenta minutos estávamos todos reunidos no cemitério, foi uma experiência horrível, um sentimento de perda que nos deixa frustrados porque não há nada que se possa fazer para voltar a dar a vida de quem perdemos. Depois de um regresso silencioso fomos para casa dos meus avós onde a família se reuniu com amigos e pessoas que tinham muito respeito pelo meu avô, todos os funcionários apareceram com palavras de apreço, todos o estimavam. À noite estava na cama, cansada deste longo dia mas com vontade de ouvir uma voz tão especial, marquei o seu número.

— Melany?

— Estás ocupado?

— Não, estou aqui com a minha irmã e Brian em casa, então, como estás?

— O que achas? Se estou a ligar para ti é porque estou mesmo mal!

— Pois assim parece! - Oiço dizer com um sorriso.

— Está tudo bem por aí? - Tenho saudades dele.

— Sim tudo na mesma mas temos saudades tuas. Quando voltas?

— Não sei, vou tentar dormir, depois falamos, beijos para todos.

— Mel, espera aí - Oiço barulho de passos e uma porta fechar - Agora que estou sozinho, quero saber se queres que vá ter contigo! Gostava de estar aí ao teu lado.

— Logo vou estar aí, eu fico bem, adeus Mark mas obrigado pela preocupação.

— Adeus Melany.

— Eu... Morro de saudades tuas!

Fiquei mais dois dias e depois regressei para saber como estavam os meus meninos, fico descansada por saber que o meu pai voltou à empresa e aos poucos a vida toma o seu rumo dentro da normalidade. Quando regressei também tive de seguir o meu caminho, voltei para casa da Maria e tive alta na segunda feira seguinte, continuei a sair com Josh, era um homem incrível; divertido, gentil, mas o meu coração estava ocupado.

Voltei também à rotina, cada vez mais próximo da Jo pois a Tara passa todo o tempo com David, eu compreendo e espero que ela seja feliz mas tenho saudades das nossas conversas, ao contrário de Jo que se tornou uma amiga muito leal. A única restrição era falar de Mark, ele deixou de ir à discoteca à sexta feira e deixou de ter tanta piada ir para lá dançar, no meu tempo livre ia a praia, ao Shopping ou simplesmente ficava em casa por vezes com Jo e Brian, por vezes sozinha. Maria ia aproveitar as férias que Mark lhe ofereceu com Júlio, iriam ter com a Rosa e como ela é uma mega protectora não me deixa ficar sozinha em casa logo agora que Tara dorme quase todos os dias com David então eu ficaria na casa de Jo.

Três semanas passaram e os miúdos já confiam minimamente em mim, pelo menos a maioria deles, já me faziam confidências e brincavam comigo, as raparigas já me pediram conselhos acerca de rapazes e sinto-me mais próxima deles, isso deixa-me mais confiante acerca do meu bom trabalho.

Hoje tenho consulta no médico para confirmar que o meu pé está completamente restablecido, enquanto estou na sala de espera vejo a Lori a sair do gabinete médico e como conheço a enfermeira vou tentar saber como está o bebé.

— Desculpe incomodar enfermeira Jenna mas a minha amiga Lori acabou de sair da consulta e desencontramo-nos, já se sabe qual é o sexo do bebé?

— Qual bebé? A Senhora que acabou de sair está a fazer tratamentos para engravidar mas ainda não conseguiu!

— Tinha percebido ela dizer-me quê já estava grávida. - tento disfarçar o meu espanto.

— Impossível menina! - diz e sai para dentro de um gabinete.

Como é possível? Que louca! Engravidar para prender um homem? Depois da consulta e de saber que poso voltar aos treinos e à dança em pleno, vou para casa com a cabeça a mil, vou até ao escritório na casa de Mark e ligo para a Tara, coloquei o telefone em alta voz em quanto ligo o computador.

— Melany porque não me deixaste ir contigo ao médico?

— Não foi necessário, já estou a completamente restabelecida. Mas tenho um dilema para resolver .

— Qual é o problema? - a Tara nem imagina.

— Se calhar é melhor esquecer, não é nada comigo e não me devo meter!

— Vá lá prima, conta lá! - a Tara adora cusquices.

— Tudo bem mas não podes contar a ninguém!

— Ok, diz lá. - a Tara já está a ficar impaciente.

— Bolas Tara... a Lori não está grávida!

— Como assim!? - ela grita ao telemóvel

— Foi uma enfermeira que me contou, enfim... O que interessa é que não há bebé nenhum. - Estou a vaguear pelo escritório, tenho a cabeça a mil.

— Mel então e o que o Mark disse? Passou-se certamente!

— Acabei de descobrir, como lhe vou contar isto e se ele não acredita em mim ou se.... - nesse momento vejo Mark na porta do escritório e pela sua expressão, ouviu a conversa. - Mark estavas aí?

— Sim. - Foi rispido e saiu para a sala.

— Tara falamos amanhã, beijos.

Procurei por toda a casa e fui emcontra-lo às voltas no jardim.

— Mark, ouviste tudo? - ele não me olha.

— Melany, deverias ter contado no momento!

— Acabei de saber! Que vais fazer?!

— Eu vou acabar com esta palhaçada.- Agora para e olha-me.

— Tem calma, não faças nada que te venhas a arrepender!

Ele passa por mim que nem um furacão e sai, como não podia ir atrás dele, liguei a Brian a contar tudo e pedi para ir atrás dele, a Jo veio directa para casa e acabei por adormecer já tarde sem sinal de dele. Eram quatro e meia da manhã quando desci para beber água e quase morri de susto quando vejo a sombra de Mark no sofá, a casa estava mergulhada em silêncio e escuridão.

— Mark? És tu?

— Vai dormir Melany! - a voz arrastava e cheirava a álcool.

— Anda, vamos para cima! - arrastei-o para o quarto com dificuldades porque ele tem o dobro do meu tamanho.

Assim que entrei no quarto despi-o e coloquei-o no chuveiro, primeiro ele reclamou mas aos poucos caiu em si. Fui fazer um café e quando regressei novamente ao quarto ele estava a escovar os dentes só com uma toalha na cintura.

— Estás melhor?

— Obrigado Mel! Como está o teu pé? - ele está a olhar-me com um ar bem mais descontraído.

— Recuperado e tu como te sentes?

— Aliviado! A palhaçada acabou!

— Agora vai descansar que eu também vou fazer o mesmo. - Pouso a chávena de café e viro costas.

Quando abri a porta ouço Mark:

— Mel o que há entre ti e esse tal Josh?

— Ainda nada! - respondi sem me virar.

— Porquê "ainda"?

— Cabe a ti impedir ou não que algo aconteça entre mim e ele! - Oiço o seu sorriso e fecho a porta.

A semana acabou e os miúdos estão cada vez melhores, voltei para casa de Maria mas acabei com as danças de sexta na discoteca. Quanto ao Josh ficamos amigos depois de uma conversa franca, Mark e eu estávamos juntos sempre que possível mas sem nenhum desenvolvimento.

Dancando para ti...também (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora