13 - Irmãs e Promessas

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Sabe o que é bom para te fazer esquecer todos os problemas? Ir à praia

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Sabe o que é bom para te fazer esquecer todos os problemas? Ir à praia. E abençoado seja meu pai por nos levar naquele fim de semana. Depois de todo aquele rolo, eu precisava molhar o pé na água salgada.

Nossa família tinha uma modesta casa na praia, em Caraguatatuba. Quase todas as nossas férias eram passadas lá. Tinha muitas recordações gostosas dos últimos cinco anos.

No primeiro ano em que nossos pais nos adotaram, fomos para lá nas férias. O pai conseguiu levantar nosso astral. Nadamos, pescamos e fizemos castelos de areia. Mamãe fez pratos maravilhosos. Eu não sabia se já os tinha provado. Dano colateral da amnésia.

A amnésia era um problema constante. Eu vinha me esforçando para não ceder ao impulso de procurar sobre nosso passado. Não tinha esquecido meus pais. Jamais deixaria de procurá-los. Mas a Pri e eu estávamos nos aproximando... então eu tentava não falar sobre o que a irritava. E se eu procurasse, eu falaria.

Eu ainda não sabia porque ela estava tão decidida a esquecer nossos pais. Era confuso, porque ela não tinha aceitado nossos pais adotivos. Não totalmente. Sempre os chamavam pelos nomes. Eu sabia que isso os magoava. Nunca reclamaram. Nunca nos forçaram a chamá-los assim. Mas para mim foi natural. Para a Carol e o André também. Só a Pri agia assim.

Então eu daria um tempo. Reconstruiria meus laços com a Pri. Isso porque eu tinha a certeza de que ela e eu éramos próximas anteriormente. Mesmo não me lembrando, eu sei que éramos amigas.

Demoraram umas duas horas para chegarmos à Ubatuba. Nossa casinha ficava de frente para o mar, era só atravessar a avenida. Eram 8h00 e estávamos elétricos. Ajudamos nossos pais a arrumar a casa. O mínimo para deixá-la habitável. O único ponto complicado era que nossa casa não tinha Wifi. E como o 3g já tinha ido embora, fiquei sem acesso à internet. Meus irmãos e eu encaramos isso numa boa. Ou seja, quase nos descabelamos e reclamamos de montão. Mas no final fomos jogar Uno. Depois Monopoly. Rummikub e Stop. Foi uma noite divertida que eu não tinha há umas semanas.

Não poderia falar com o Rod. Estava preocupada com ele. Mas ele sabia se virar bem mais que eu. E minha família... Tentei sem sucesso não ficar aliviada de estar longe dos monstros e da mitologia que tentava engolir minha vida. Por mais que isso me deixasse longe dele.

Ainda não tinha dado a resposta para ele. Na verdade eu evitava pensar no assunto. Eu gostava dele, mas tudo que vinha junto...

Deitada na minha cama eu escutei as ondas que batiam na areia. Enquanto adormecia fiquei pensando nos olhos pretos e no contorno da boca dele. Pena que não tinha como dar um boa noite. Mas nada demais iria acontecer. Ali estávamos seguros.

***

No dia seguinte acordamos as seis da madruga. Quer dizer, fui forçada a acordar nesse horário. Segundo meu pai, quanto mais cedo, mais aproveitamos. E não dá para refutar a lógica dele. Mesmo que a praia estivesse a dois minutos andando a pé. Bem, bem devagar.

A Filha do Tempo - Os Descendentes de Etherion (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora