11 - Gêmeos gregos, você sabe, da Grécia

111 21 119
                                    

Nem estando na minha aula preferida eu me sentia animada

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Nem estando na minha aula preferida eu me sentia animada. Eu estava com uma irmã emburrada sentada na minha frente, o que não contribuiu para melhorar meu humor. E não ousava olhar para trás. Não ousava lembrar da Mibs e da Jubs. Doía muito.

Faziam cinco dias desde aquele dia. O dia em que minhas amigas se sacrificaram para nos salvar. Desde então eu briguei, chorei e ameacei fugir de casa. Mas nada abalou meu pai. Tivemos que vir para a escola.

Pelo menos nenhum monstro tentou nos atacar. Até aquele momento.

E nesse tempo todo eu não vi o Rod nem uma vez. Um dia depois daquela luta ele me mandou um whatsapp. Avisou que tinha conseguido tratamento para as meninas. Que elas ficariam bem. E disse que se precisasse de alguma coisa era só avisar. Apenas respondi um ok para não ser mal educada.

Não queria mais vê-lo.

E com a Pri não estava melhor. Nós não nos falávamos. Ela mal resmungava quando eu perguntava algo pra ela. Encaminhei a mensagem do Rod para a Pri, mas ela nem visualizou. Aquilo me destruía. Eu só queria o bem dela, protegê-la. Mas não tinha sido capaz disso quando ela mais precisou. A amiga dela teve que dar a vida para ela ser salva. Eu não tinha moral mais para falar nada para ela. Nem para o André e a Carol.

O jeito era aproveitar a aula de história dormindo. Você não achou que eu ia prestar atenção, não é? Eu já ia ter que estudar tudo depois para a prova, não precisava aprender duas vezes. Estava me ajeitando quando meu celular vibrou. Era uma mensagem da Pri.

"Ótima aula para um cochilo."

Mordi os lábios e pisquei para as lágrimas não virem. Aquilo foi um bálsamo, embora fosse apenas uma mensagem. Me apressei para digitar a resposta.

"Com certeza. Tá com fone aí?"

Fiquei batendo os pés enquanto ela digitava.

"Tô sim. Vou curtir um Building 429 com aula do professor Drumon no fundo."

Mandei um emoji de risadas. Ela se deitou e achei melhor não forçar. Quanto mais natural as coisas fossem, melhor. Talvez eu devesse refletir sobre seguir isso na minha vida toda. Mas naquele momento eu ia mesmo dormir. Coloquei Sweet Foot no celular e deitei no meu braço.

Acho que era mais ou menos umas 08h45min quando acordei com o barulho da porta. Uma vovó entrou na sala. Para entrar daquele jeito deveria ser a diretora Dulcinéia. Ela era a expressão ideal de uma vovó do mal. Usava um vestido branco com flores azuis e óculos pretos de aro de tartaruga. Os olhos pretos encaravam a sala toda, mergulhada em silêncio. A cara era enrugada, e o nariz nojentamente cabeludo (dava para ver pelos saindo dele).

Infelizmente era possível sentir de longe um poderoso "bafo de jacarandá" da velhinha. A cara dela era uma carranca só. Acho que nunca havia sorrido na vida.

Atrás dela entraram um garoto e uma garota. Com certeza eram irmãos. Tinham olhos azuis e eram bonitos, o que já levou a maioria dos alunos a sussurrar. O garoto tinha os cabelos lisos e loiros até a altura dos ombros. O sol refletindo nos cabelos ruivos e ondulados da garota era uma cena linda.

Ambos olhavam para a turma como se procurassem algo. Quando olharam na nossa direção, ela abriu a boca como se visse um fantasma. Cutucou o menino e apontou pra mim com a cabeça. Ele ficou com os olhos arregalados por uns dez segundos. Depois disso eles desviaram o olhar e não olharam mais para o nosso lado da sala. A Pri virou a cabeça para sussurrar.

— Eles estavam olhando pra cá?

— Eu acho que sim — respondi.

Pri estreitou os olhos para os garotos.

A Filha do Tempo - Os Descendentes de Etherion (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora