Capítulo IX - Parte II

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Visualizando o capítulo que acabamos de postar, notamos que tinha continuação! kkkk

SORRY, aqui está o restante... ;)

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O fim de semana foi maravilhoso como sempre, bem que poderíamos fazer uma alteração no calendário, trabalhar dois dias e folgar o restante e não o contrário... Mas não tenho como fazer isso, infelizmente, então nessa segunda (bendita!) tomo um banho relaxante e me jogo dentro do look CEO fodão, tomo um café baseado em batata doce e dirijo até a empresa. O dia tinha tudo para ser ruim, até a Cátia me saudar.

— Bom dia Felipe — Cátia me sorri — A Sra. Aline Lettieri aguarda na recepção.

Cátia indica para a mulher que espera sentada. Ela usa uma calça de tecido preta, uma camisa social branca que cobre toda a extensão dos seus braços e nos pés sapatos fechados que escondem sua tatuagem. Ao notar que estava sob minha observação minuciosa ela fecha a cara. Levanto os braços em sinal de rendição e me aproximo sorrindo.

— Bom dia senhorita Lettieri — chamo-a pelo sobrenome esperando que diga que posso chamá-la somente de Aline, mas ela assente como se concordasse com essa formalidade — fiquei com receio que não aparecesse.

— E abrir mão do meu salário master? jamais — Ela sorri e retribuo o sorriso.

Noto que Cátia nos observa discretamente e percebo que não fiz as devidas apresentações.

— Catinha, essa é a Aline minha assistente pessoal, Aline essa é a Cátia secretária da presidência.

— Prazer em conhecê-la, Cátia — Aline estende a mão para Cátia, que retribui.

— Seja bem-vinda Aline.

— Obrigada.

— Comigo você não é gentil - perturbo a  minha nova funcionária.

— Não sabia que gentileza era um dos predicados para a vaga.

Gosto da sua língua afiada.

— Não mesmo, até porque se fosse você não estaria aqui.

— Sendo assim o senhor não foi enganado, agora se me permite podemos ir direto ao trabalho e deixar essa conversinha para outro momento.

— Um jantar às 19h?

— Posso reservar o restaurante da sua preferência, mesa para um ou dois? — Sorrio perante seu sarcasmo. Desisto por ora.

—Vamos? — Indico a sala da presidência e ela caminha a minha frente.

Bela bunda.

E como se lesse meus pensamentos, disse sem ao menos se virar.

— Saiba que olhares insinuosos entram como assédio — Gargalhei e caminhei em sua direção.


***


Aline era extremamente eficiente. Organizou a minha agenda no notebook e sincronizou para meu smartphone, assim eu receberia lembretes de todos os meus compromissos. Além disso, me deu um sermão sobre assinar documentos sem ler. Sua forma decisiva, porém leve de organizar o caos que estava minha vida de presidente me fez crer que havia acertado na escolha. Ela explicava tudo calmamente e tirava algumas dúvidas. Apesar de jovem, era madura e segura de si, nem parecia que estava de frente a uma mulher de 23 anos. Enquanto eu me incumbia da missão de ler os documentos que estavam amontoados na minha mesa, ela devorava o regimento interno da empresa pontuando alguns tópicos na sua agenda. Passamos a manhã enfurnados dentro da sala.

Somente na hora do almoço pude respirar e sair. Ela não quis me acompanhar, não insisti era minha chance de não falar de trabalho. Quando retornei a sala estava modificada, havia uma mesa e cadeira de escritório no canto oposto ao meu. Uma distância significativa de onde eu me sentava, ela parecia não notar minha presença, estava concentrada digitando algo no notebook.

— Eu saio por menos de duas horas e você já muda o ambiente, o que mais pretende mudar? — digo fingindo está bravo, ela ignora meu comentário, sem ao menos retirar o olhar da tela do notebook — Não gosto desse silêncio absoluto — completo.

— Não se preocupe o senhor fala por dois e preencherá o ambiente em segundos.

— Assim você destrói meu coração — gargalhei.

— Unrum – emitiu um som de concordância.

— O que você tanto faz aí? — Perguntei curioso me aproximando, abaixei e me apoiei em sua cadeira. Não consigo evitar e inspiro seu cheiro, meu hálito quente atinge seu pescoço.

Ela desliza bruscamente a cadeira para trás acertando em cheio minha perna. Resmungo um palavrão. Enquanto me olha furiosa.

— Eu sabia que não ia dar certo, o playbozinho não está a procura de uma assistente, está a procura de qualquer uma para comer na sua mesa.

Respiro fundo. Foi sem querer. O instinto de predador falou mais alto.

— Desculpa Aline. Isso não vai acontecer.

— Não irá mesmo porque estou indo pra longe da sua empresa — ela se vira em direção a saída e seguro seu braço.

— Me solta! — pede assustada como se estivesse com medo de que a atacasse.

— Eu não vou te fazer nada, só quero conversar.

— Então solta meu braço — atendo ao seu pedido.

Passo a mão pelos cabelos buscando as palavras.

— Foi mal... Agi por impulso e... — ela me interrompe.

— E continuará agindo assim por quanto tempo? Felipe, sejamos francos – ela me encara com desânimo evidente.

— Apenas escuta, eu estaria mentindo se negasse que acho você gostosa, mas já compreendi que não tenho chances com você, então pode ficar tranquila. Seremos brothers, te verei como uma amiga — ela me encara com olhar de incredulidade, portanto nada de toques, olhares ou comentários.

— Não sei...

— Aline, tô perdido nessa presidência, por mim eu ligava o "foda-se", mas é a empresa da minha família. Empresa essa erguida com afinco pelo meu pai. Não posso decepcionar o velho. Só preciso de você pelos próximos meses depois estará livre de mim.

Ela pareceu reconsiderar a hipótese.

— Vamos por partes — ponderou — Um dia de cada vez. Vou permanecendo à medida que não cometa nenhuma gracinha ou tentativa de sedução.

— Tipo os alcoólicos anônimos: só por hoje não.

— Exatamente.

— Ficarei quatro meses longe de você.

— Quatro meses?

— O tempo mínimo da licença maternidade da minha irmã, depois disso...

— Depois você vaza da presidência e eu fico na empresa!

— Obstinada.

— Persistente — rebateu e ao ouvir essa palavra lembrei da sua tatuagem — vamos começar pelas suas atribuições? Cátia me passou a sua agenda, com inúmeras reuniões remarcadas. Precisamos ver isso... — ela falava sem respirar e eu só conseguia pensar que, com sorte, daqui a quatro meses eu teria minha vida de volta e tudo seria diferente.

Vamos começar a contagem...

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Agora sim, o capítulo está completinho! O que acharam? =D 

CARPE VITA - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora