Escrevo, logo existo

Um dia... mas esse dia não é hoje.

Um dia contar-te-ei tudo aquilo pelo qual passei, mas perdoa-me , esse dia não é hoje.

Um dia contar-te-ei todas as histórias sobre as cicatrizes que me cobrem a pele, todas as quedas e lágrimas que chorei por não aguentar a pressão deste mundo cruel.

Dir-te-ei quantas vezes fiz coisas que não devia ter feito, insisti em algo que todos diziam que ia dar errado e sabes que mais? Acabaram por dar certo, acabaram por ser as melhores experiências da minha vida.

Um dia digo-te em voz alta todos os segredos que partilhei no silêncio de um olhar,

talvez daqui a uns tempos estejas preparada para saber a verdade, para abrir os olhos para a claridade depois de teres sido protegida pelas trevas da ignorância.

Eu e só eu e Deus sabemos o quanto eu chorei, quantas lágrimas engoli para ser forte,

quantos sorrisos coloquei na minha cara e disse "Está tudo bem" porque sabia que as perguntas eram de pessoas curiosas, ninguém queria saber.

Um dia... tantos dias já passaram desde o dia em que decidi que seria o dia,

a coragem não é o meu forte,

cara amiga, eu dou o que de melhor tenho para dar até ficar sem nada.

Dei tudo de mim, tudo de mim levaram e nada restou, mas eles deixaram,

oh deixaram tanto, memórias que nunca se irão apagar.

Um dia eu conto-te quantas estrelas eu contei apontando com o dedo indicador, a minha mãe dizia que deixava os dedos numa lástima. Eu não ligava, sorria, as estrelas eram o meu grande sonho.

Talvez venhas a encontrar as cinzas de todos os poemas idiotas que escrevi, eles diziam que tinha talento, mas eu julgava que não.

Talento, balelas.

Um dia talvez saibas tudo isto e muito mais, mas sabes...? De certo que não será hoje.