Rosto sem rosto

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Guia-me. Não te peço mais,

guia-me e não me perguntes porquê.

Estou perdida nos gritos da sociedade, nas crianças que não choram e vivem num engano.

Quero acordar para ti, quero partir os vidros e seguir-te.

Não consigo.Sangue. 

Espinhos corroem a minha pele pálida.

As veias pulsam como as estradas da cidade.

O coração bate-me no peito como o galope de um cavalo

Arranho a minha mente, fica marcada mas não acorda.

Acorda-me. Acorda-me e leva-me daqui!

Ele vem devagar, não faz barulho. Não o escutam.

Todos podem conhecê-lo. Poucos enfrentam.

Ele abre a porta. Finjo que estou a dormir.

As suas mãos negras pegam-me ao colo.

Silêncio. Faz-se silêncio e as lágrimas quentes queimam o meu rosto.

Não consigo fugir dele sozinha.

Vem, ajuda-me a afastá-lo.

A dor dilacerante enche-me as veias como uma droga.

Abres a porta e puxas-me da cama para o teu colo.

Mar. O mar é calma. É revolto mas é casa.

Areia. O teu cabelo acalma-me o espírito.

Mais uma vez salvas-me dele: Do medo de mim mesma.

Escrevo, logo existoOnde histórias criam vida. Descubra agora