Ligação

49 6 0
                                    

‘’ Hm... Caleb? Sou eu, Melody... Estou passando muito mal, não vou à aula amanhã, mas eu queria muito que você estivesse aqui, eu não... (soluços) eu to com tanto medo... Se você puder me liga assim que acordar, por favor, Ai Caleb (soluços)... Eu sinto muito ‘’

*

— Bom dia família! — cheguei animado na cozinha e meus pais me olharam com aquela cara de: ‘’ Quem é você e o que você fez com o meu filho? .‘’

—Acordando mais animado a cada dia, muito estranho isso — meu pai me fitava de olhos arregalados.

  Ri e peguei uma maçã na fruteira, estava de ótimo humor e se você está pensando que o motivo para isso : Sim, é a Melody.

— É que ele está apaixonado — disse minha mãe enquanto passava um pouco de geleia de framboesa na torrada.

— Por aquela garota ruiva? Que veio aqui ontem?

— É ela mesmo! Um amor de pessoa querido, nosso filho tem uma sorte enorme de ter ela como namorada!

— Mãe, entende uma coisa, nós não estamos namorando ­ — enfatizei o não elevando a minha voz algumas oitavas.

— Caleb, eu e a sua mãe éramos exatamente iguais a você, quando eu a conheci...

— Ah não pai, essa história de novo não — o interrompi e fui, ainda com a boca cheia de maçã até a porta — Tchau.

— Tchau — os dois responderam.

  Andei pelos corredores da escola, com as mãos no bolso da calça procurando por Melody, tentando achar uma menina de cabelos ruivos e olhos cinzas no meio de pelo menos trezentos alunos. Eu não a vi em lugar nenhum, não pude deixar de ficar preocupado, Melody ao menos deixaria uma mensagem de texto para mim avisando que faltaria na segunda –feira e meu celular não tinha vibrado no bolso até agora.

Eae viado! — Tyler me deu um tapa de leve na nuca e me virei.

— Fala animal.

  Ele passou um braço pelos meus ombros e soltou um suspiro.

— Adivinha quem vai fazer par com a Amanda no trabalho de sociologia?

— Ah, deixe-me pensar... você?

— É.

— E ela já sabe disso?

O sorriso dele murchou.

— Não.

— Imaginei.

— Você é um estraga prazeres do caramba sabia?

— Que bom, fico feliz em ser bom em alguma coisa.

  Tyler me soltou e pôs as mãos no bolso da calça jeans, depois me olhou e juntou as sobrancelhas.

— Cadê a Melody?

— Estou me fazendo essa pergunta desde que entrei nessa escola.

— Isso é estranho, ela parece do tipo de garota que nunca falta à aula. Será que está doente?

— Ela não me mandou nenhuma mensagem, se estivesse se sentindo mal provavelmente me diria.

— Estranho.

— É.

  Não consegui prestar atenção na aula de História, estava sentindo falta de Melody, até mais do que eu deveria, sempre olhava para o lado para me certificar se ela não tinha chegado de fininho e se ela sorriria pra mim como se dissesse: Está tudo bem!

 Resolvi que iria ligar para ela na hora do recreio, assim que o sinal bateu peguei o meu celular e...

 O que é isso?

‘’ Você tem um correio de voz ‘’

‘’ 5 ligações perdidas’’

‘’ 13 mensagens não lidas’’

  Como assim? Como eu não escutei?... Ah, tinha colocado o celular no silencioso para não despertar o sexto sentido da minha mãe: A audição ultrassônica e levar mais uma bronca quando ela ouvisse o barulho das notificações de mensagens em meu celular no meio da madrugada, tinha esquecido de desativar o modo silencioso, por isso eu não ouvi nada.

  Cliquei no correio de voz e pus o telefone na orelha.

  A voz suave e aveludada de Melody falou:

‘’ Hm... Caleb? Sou eu, Melody, estou passando muito mal, não vou à aula amanhã, mas eu queria muito que você estivesse aqui, eu não... (soluços) eu to com tanto medo... Se você puder me liga assim que acordar, por favor, Ai Caleb (soluços)... Eu sinto muito ‘’

  Ela estava chorando?

 Senti um arrepio sacudir todo o meu corpo e de repente o meu coração começou a bater forte, tanto que conseguia ouvir o ritmo frenético das batidas, todo o meu corpo gelou e a frase: ‘’ Eu Sinto muito’’ começou a martelar dentro de minha cabeça.

 Eu sinto muito, eu sinto muito, eu sinto muito...

  Mas pelo o que?

  Nem precisei discar os dígitos do numero de Melody já que o seu numero estava gravado na discagem rápida. Eu estava entrando em pânico, as mãos tremiam, coração brincava de fazer polichinelo dentro do peito...

— Caleb? — alguém atendeu, mas não era a voz de Melody, era a sua mãe o que só me fez ficar mais apavorado, o que poderia ter acontecido?

— Abigail, sou eu, a Mel está bem? Ela me ligou mais cedo e não pude atender... Ela tá legal?

— Caleb — a voz de Dona Abigail soava embargada— Estamos no Hospital St. Price, Melody não pode falar... Ela... Ela...

Dona Abigail começou a chorar e não conseguia completar a frase.

— O que aconteceu? O que aconteceu?

  Estava claro que Abigail não conseguiria pronunciar uma palavra se quer, conseguia ouvir o som do seu pranto e isso me esmagou o peito.

— Eu estou indo para o Hospital agora — disse antes de desligar o telefone e sair correndo em direção à porta da escola, enquanto isso disquei os números do celular da minha mãe.

Ela atendeu no segundo toque.

— Alô?

— Mãe... Você pode me dar uma carona até o Hospital?

— O que aconteceu meu filho? Você não deveria estar na escola?

— É a Melody mãe... Ela está no hospital — respondi, a voz falhada, parecia que eu tinha engolido um saco inteiro de bolas de algodão e elas formaram um enorme bolo na minha garganta.

  Melody, por tudo que é mais sagrado, pelo o que você sente tanto? Por que está com tanto medo?

  Meu deus, nunca me senti tão em pânico na minha vida.

Querida MelodyOnde histórias criam vida. Descubra agora