Sorria

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— Filho, vai dormir, só um pouco, se seu telefone tocar eu prometo que te acordo.

  Balancei a cabeça negando e voltei a apoia-la nos braços cruzados sobre a nossa mesa de jantar, o sol já estava nascendo lá fora e logo meu pai iria acordar, o mais angustiante era que o meu telefone não tinha tocado até agora, fiquei encarando-o a espera de algum toque ou mensagem.

  Minha mãe suspirou e deu a volta na mesa, passou as mãos em meus cabelos e me deu um beijo no alto da cabeça.

— Caleb, come alguma coisa pelo menos.

  Fiz que não com a cabeça novamente.

— Filho, você não pode ficar assim, vai ser pior.

  Não respondi, eu não queria dizer nada, sabia que não podia fazer nada para reverter aquela situação, mas aceitar o que estava acontecendo não parecia uma opção muito fácil.

— Eu vou dormir um pouco tá? Se eles ligarem me acorde que eu te levo para o hospital.

  Apenas balancei a cabeça concordando, ela soltou um longo e cansado suspiro e depois foi embora me deixando ali na companhia do silêncio e da torturante angustia. Soltei um suspiro e fechei os olhos, queria lembrar a sensação de ver o sorriso de Melody, eu sei que isso é muito meloso o.k? Mas cara! Eu só tenho dezessete anos e acabei de ficar sabendo que a garota que eu gosto irá morrer e eu não poderei fazer nada para impedir, quem aos dezessete anos descobre algo assim? Alguém me diz por que essas coisas só acontecem comigo?

 Toda santa vez que eu encontro uma garota que parecesse legal o bastante para se tornar a minha namorada acontecesse alguma coisa, ou eu estrago tudo ou a vida estraga, acho que ela gosta disso, sei lá, deve ser muito legal me deixar pra baixo.

  Meu celular começou a vibrar na mesa e logo o peguei, atendi no primeiro toque, meu coração ficou descompassado.

— Alô?

—Oi Caleb — a voz era da mãe de Melody — Ela acordou.

  Não pude conter o sorriso e suspirei aliviado.

— Tá, daqui a pouco eu chego ai.

— Ok, acho que Melody sente a sua falta, perguntou por você assim que acordou.

*

 Decidi não acordar minha mãe já que ela tinha acabado de se deitar, aliais é irritante o fato de eu ainda não saber dirigir, malditas leis! Fui de ônibus até o hospital, quando cheguei lá não entrei com a mesma urgência do dia anterior, era a mesma secretária, deve ter se assustado tanto que até gravou o meu rosto e logo que me aproximei do balcão disse em que andar Melody estava, já tinha sido transferida para o quarto.

 Encontrei o pai de Melody no corredor, ele estava com Jared, brincando de pedra, papel ou tesoura.

— Bom senhor Hollys — cumprimentei.

— Bom dia Caleb — respondeu.

— O que o namorado da minha irmã ta fazendo aqui? Alguém já percebeu que ele é estranho? Parece que não dorme tem vinte anos — Jared apontou pra mim e pela primeira vez no dia eu ri, aquele garoto era a cara de Melody, tinha até a mesma personalidade travessa e o sorriso maroto.

— Você que é estranho — entrei na brincadeira e baguncei os seus cabelos, ele fez uma careta e me deu língua.

— A Mel deve ter problema, pra ter um namorado chato que nem você.

  Fiz careta também, mas que peste!

— Jared, pare com isso — seu pai o repreendeu e se virou pra mim — Melody já está acordada, mas não está falando muita coisa e está exausta, ainda sonolenta por causa dos remédios, nada de sustos ou...

Querida MelodyOnde histórias criam vida. Descubra agora