Não consigo me separar de você

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Já estamos no final do mês de Junho.

O casamento foi marcado para o dia 12 de julho.

Mas as coisas não estão indo nada bem e eu estou com medo.

Neste exato momento estamos reunidos na sala de estar da casa de Melody, assistindo um programa de TV sobre culinária, ela está dormindo com a cabeça apoiada em meu colo, os remédios a deixam com sono, ela não tinha conseguido comer nada o dia inteiro porque estava sem fome e quando comeu logo pós vomitou.

Abigail estava abraçada ao marido, com a cabeça apoiada em seu ombro, parecia cansada, eu também estava. A preocupação cansa, cansa muito.

Os dias estão passando rapidamente, eu estou tentando aproveitar bastante quando estou junto de Melody, e nós aproveitamos, mesmo que fazendo atividades simples como assitir tv ou conversar no jardim enquanto observamos as estrelas no céu, ou tocar violão juntos. Simplesmente tentávamos ficar juntos o máximo que o tempo nos permitia. Às vezes só ficávamos sentados no jardim em silêncio, aquilo era bom, sentir a presença dela é bom, me traz uma paz inexplicável, acalma e me deixa feliz.

Melody se mexeu e desviei meus olhos da televisão, os olhos dela abriram devagarzinho e me fitaram, ela sorriu e depois se levantou.

- Tem muito tempo que eu estou dormindo? - perguntou enquanto se espreguiçava.

- Se dois milênios é muito tempo pra você, sim, tem muito tempo.

Ela riu.

- Você é tão exagerado assim desde sempre?

- Sim.

Melody olhou para os pais e suspirou, depois olhou pra mim.

- Desculpa por estar roubando à tarde de vocês, eu deveria parar de fazer isso.

- Você já roubou meses da minha vida, então não faz diferença.

Ela riu e me lascou um beijo na bochecha.

Quando fui para casa já era noite, já se tornou normal que eu voltasse para casa à noite depois de ficar o dia inteiro na casa da Mel, mamãe entendia a minha necessidade de estar sempre por perto e aceitava numa boa.

- Mãe? - entrei em casa, precisava conversar com a minha mãe.

- Estou aqui - gritou ela da cozinha, fui até lá e a encontrei preparando o jantar.

- A Mel tá piorando - disse.

Ela suspirou e fechou a panela de sopa com a tampa, secou as mãos no avental e depois olhou pra mim.

- Filho, eu realmente sinto muito.

Me sentei no balcão e olhei para o chão.

- Eu também sinto.

- Caleb, eu só quero que você saiba que todas as noites eu rezo por ela, eu peço todo santo dia para que Deus não a tire de você, eu não quero te ver sofrer, e sei que não posso dizer pra você se preparar porque ninguém se prepara de verdade para coisas como essas, mas se você precisar de um abraço eu vou te dar ok? É a minha função, eu sou a sua mãe.

Engoli o nó enorme que havia se formado em minha garganta, assenti e minha mãe me abraçou.

- Espero que fique tudo bem.

- Eu também.

Depois disso tomei banho e me deitei. Mas não consegui dormir, do mesmo jeito que não havia conseguido dormir na noite anterior, porque dormir significa menos um dia, menos um pouco de areia na ampulheta, menos um minuto em 24 horas, menos um dia em oito meses.

Querida MelodyOnde histórias criam vida. Descubra agora