A Aluna Nova

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— Caleb, acorda!

  Pisquei, tentando acostumar os meus olhos a luz do sol que inundava toda a extensão do meu pequeno e bagunçado quarto. Annie, minha mãe, uma mulher jovem, na faixa dos 30 e poucos anos, com grandes olhos cor de amêndoa e um cabelo curto e liso da mesma cor que os olhos me encarava de braços cruzados, parecia frustrada pelo fato de ter um filho demasiadamente preguiçoso.

 —Bom dia mãe – resmunguei, enquanto coçava os olhos, tentando inutilmente afastar o sono que insistia em tentar fechar os meus olhos novamente –Posso faltar aula hoje? Por favor!

—Caleb Brian Phillips, se você não levantar dessa cama agora...

—Tá levantei – uma dica: quando sua mãe ou qualquer outra mulher disser seu nome completo e estiver pelo menos só um pouquinho irritada, faça o que ela mandar.

 Ela respirou fundo, enquanto descruzava os braços.

  Me levantei da cama e lhe dei um beijo na bochecha.

—Me desculpe mamãe, é só que não consigo enxergar o propósito da escola, já que no final nós vamos acabar esquecendo oitenta por cento do que nos foi ensinado.

—Caleb, vai se arrumar – revirou os olhos e foi embora balançando a cabeça, como se estivesse dizendo pra si mesma: Esse menino não tem jeito.

 Antes que eu comece a te contar essa história, acho que você tem que saber meu nome etc e tal, então vamos lá.

 Meu nome é Caleb Brian Phillips, tenho 17 anos, moro com os meus pais, e estudo num maldito colégio chamado Clarmont McKenny High School (cara, mais que lugar dos infernos, não gosto nem de citar o nome, me dá até arrepios), tenho uma vida normal, amigos normais, vou a festas de adolescentes, faço as mesmas besteiras que todo adolescente de 17 anos que não tem nenhuma noção do que é a vida faz, enfim, você já deve ter entendido.

Então, hoje é segunda- feira, o dia mais abominável da semana pra mim, e eu, mesmo ainda grogue de sono, estou colocando uma roupa descente e me arrumando para mais uma viagem para o inferno, opa, escola.

O cheiro de bolo de cenoura enche os meus pulmões e faz meu faminto estomago roncar, os bolos que a minha mãe faz são tipo, daqueles que se você come um pedaço é impossível parar, tipo pipoca, você come uma e quando vê já acabou com um pote inteiro.

  Meu pai está sentado na cadeira da ponta da mesa, lendo o seu habitual jornal e com a sua caneca, que eu dei no ultimo dia dos pais porque não sabia mais o que dar pro meu pai, cheia de café do lado do misto quente que mamãe provavelmente tinha preparado pra ele.

—Bom dia pai- pego um pedaço do bolo que mamãe tinha deixado em cima do fogão, já cortado, em pedaços em forma de cubo.

—Bom dia Caleb – respondeu, mas não tirou os olhos do jornal – Sua mãe ainda está nervosa com você, pare de se atrasar, é sério.

—Ok, vou fazer o possível.

—Se não conseguir o possível, vai fazer o impossível, ou...

—Já entendi – disse, com a boca cheia de bolo de cenoura, enquanto abria a porta de casa – Tchau.

—Tchau – respondeu, enquanto levava a caneca de café aos lábios.

  A escola estava como sempre. Cheia de alunos sorridentes ( eu não sei o motivo desse pessoal sorrir tanto na segunda-feira ) conversando com seus respectivos amigos, as meninas bonitas continuavam sendo paqueradas pelos alunos que nunca teriam chances com elas, os inteligentes continuavam sendo perseguidos pelos valentões, os normais continuavam sendo normais. Tudo do mesmo jeito que estava na sexta-feira passada.

Querida MelodyOnde histórias criam vida. Descubra agora