Dead Center. The Hotel

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Eu não agi como um homem, deveria ter protegido a garota. O sangue dela agora está em minhas mãos, pobre Lily. Desde sua morte a 3 dias a única coisa que consegui fazer foi fugir e se esconder, a arma que roubei do policial já não tem mais munição e o número de zumbis que estão na cidade parece apenas que ter aumentado. Passando pelo centro da cidade eu ouvi um boato que os militares estão mantendo um abrigo na escola da cidade, eu corri para lá o mais rápido que pude evitando ao máximo os zumbis. Passei por sufoco mais finalmente eu cheguei e de fato os militares estavam lá com muitas pessoas, criam grandes barricadas para impedir os zumbis de passarem. Com dificuldade consegui entrar no alojamento improvisado, e pela primeira vez desde este incidente começou eu consegui dormir em paz por algumas horas.
Quando acordei parecia ser cerca de 8:00am, não consegui dormir por muito tempo, pois podia claramente ouvir o barulho dos zumbis e tiros. Resolvi então caminhar pelo alojamento para ver se conseguia encontrar alguém conhecido, não encontrei nada além da ala médica lotada de pacientes feridos e o refeitório que me foi muito convidativo, entrei e após um tempo na fila consegui um prato de sopa que parecia estar feito com terra ou algo assim, não havia um lugar onde pudesse me sentar sozinho ou com alguém conhecido então sentei ao lado de um homem vestido de terno branco e uma camisa azulada por baixo, em sua mão destacavam-se alguns anéis de ouro. Seu nome era Nick.
Assim que sentei ao seu lado o rapaz me encarou:
- Posso me sentar aqui?
- Bom. - Disse Nick dando uma pausa para olhar ao seu redor. - Acho que não tem outro lugar pra você se sentar. Então pode né.
- Meu nome é Ellis, qual o seu?
- Nick.
- Você é de onde?
- Daqui mesmo guri, e quanto a você?
-Nasci em Miltown, mas vivo aqui fazem 3 anos. - Minha barriga nesse instante começou a se contorcer de fome, olhei fixamente para o prato e respirei fundo tomando coragem para começar a comer.
- Temos que sair daqui. - Sussurrou Nick.
- Porque? - Fiquei confuso, só podia pensar na segurança daquele lugar. Era muito melhor do que ficar lá fora, será que Nick não teve a chance de ficar lá fora sozinho?
- Você me parece ser um garoto que está sozinho por aqui. Então alguém precisa te ajudar, e ninguém melhor do que eu.
- E quem é que vai te ajudar?
- Você.
- Oque você quer de mim exatamente, Nick?
- Pense comigo Ellis, se você olhar pela janela vai ver que em algum momento um zumbi consegue passar por essas barricadas e logo é morto, tudo bem. Mas ouvi dizer em uma transmissão que existem variações entre os zumbis.
- Não entendi essa parte de variações.
- O governo vem fazendo transmissões por todo tipo de meios de comunicações por satélites tentando ajudar a quem está sobrevivendo nas cidades e anunciaram na última transmissão que encontraram um infectado capaz de vomitar em você para atrair outros infectados, chamaram ele de Boomer.
- Pera aí, você disse que outras cidades também estão sendo afetadas?
- Sim garoto, a América toda está sofrendo desse surto.
- Eu preciso ir para Miltown. Eu tenho uma irmãzinha lá que mora com minha tia, eu preciso vê-la.
- Presta atenção Ellis, essas coisas não morrem. Mesmo se você atirar na cabeça delas. Os infectados voltam a vida depois de 2 horas no mínimo.
- Já sabem como tudo começou?
- Estão dizendo que à uma espécie de vírus radioativo em uma água vendida em supermercados. Esqueci o nome, Water..
Nesse momento me lembrei que o policial bebendo um pouco de água antes de morrer:
- Water Fresh.
- Sim está marca mesmo.
- Mas não entendi, como você vai me ajudar?
- Para sair daqui precisamos sair armados então ajudo você a pegar uma arma pra você e para mim. Que tal? E uma hora ou outra com esse infectado diferente vão acabar derrubando a porra toda e nos matando.
Eu não concordava com a ideia de Nick que o alojamento não era seguro, mas queria muito ir a Miltown. Pra chegar lá eu precisava sair armado então topei. Combinamos que dentro de 30 minutos nos encontraríamos ali mesmo no refeitório, e assim nós fizemos.
Seguimos em direção a uma sala depois da quadra de basquete e logo chegamos ao corredor que levava a diretoria, secretária e sala dos professores que eram onde as armas estavam. Espiamos e vimos que o soldado que guardava a entrada estava no telefone chorando, por um momento prestei atenção na conversa dele, sua esposa parecia morar longe dali e estava em um alojamento em outra cidade, a vontade dele de poder vê-la era mais que evidente. Meus pensamentos foram cortados quando Nick me puxou para a sala dos professores encostando suavemente a porta. Assim que entramos nos deparamos com duas pessoas, um moreno alto com bastante massa e um uniforme que parecia pertencer aquela escola, em sua blusa estava escrito a palavra Coach. E junto a ele uma mulher morena com seu tom de pele um pouco mais morena que a do homem, vestia uma blusa rosa com uma calça jeans que realçava sua beleza, seu cabelo estava bem preso deixando seus grandes brincos de argola douradas bem a mostra. Ela era simplesmente deslumbrante.
- Acho que temos companhia, Ellis. - Sussurrou Nick para não sermos ouvidos.
- Não se preocupem, estamos aqui pelo mesmo motivo que vocês. - Disse o moreno fechando a cara para Nick.
- Se acalme grandalhão. Você não sabe nem por que estamos aqui.
- É claro que eu sei, ouvi vocês conversando no refeitório.
- Eu não quero aumentar o grupo. Isso vai nos fazer alvos fáceis. - Esbravejou Nick.
- Ninguém falou nisso aqui. Todos temos o mesmo objetivos, porque não trabalhamos juntos para sair? Assim um não atrapalha o outro. - Interviu a mulher na conversa de Nick e Coach.
- Eu topo, vamos lá. - Eu concordei queria apenas sumir daquele lugar. - Meu nome é Ellis, e esse aqui é Nick.
- Meu nome é Rochelle e esse "grandalhão" aqui é o..
- Não diga meu nome a eles. Não sabemos se podemos confiar neles. - Interrompeu o homem moreno.
- Como queira. - Disse Rochelle encarando o homem.
- Okay. Vou te chamar de Coach então. Que tal? Acho bem sua cara. Meu treinador na escola também era bem durão. Ele me fazia suar pra caramba nos treinos. Seu esporte favorito é qual?
- Não temos tempo para isso garoto, vamos dar o fora daqui. - Disse Nick correndo em direção a prateleira onde haviam armas, nesse instante um grande estrondo ecoou por todos os lados da escola. Ficamos paralisados. - Que merda é essa?
O estrondo então ocorreu de novo de uma direção totalmente diferente, seguido de outros dois e um deles atrás de nos. Todos corremos para as janelas e então algo que vi me fez tremer da cabeça aos pés, aquele estrondo era da barricada de madeira caindo:
- Bom nesse momento eu aconselho a vocês a comprarem fraldas geriátricas, aproveitem que fiquei sabendo que está em promoção da semana " Peguem oque quiser, é o fim do mundo mesmo. Foda-se."
Todos me olharam naquele momento como se eu não devesse mais abrir a boca, mas nossa atenção foi logo roubada por um zumbi que se jogou contra a janela fazendo uma grande rachadura na mesma, dei um berro no calor do momento e todos pegaram as primeiras armas que encontraram pela frente. A única coisa que consegui ver na minha frente foi um revolver, Nick assim como eu pegou um revolver e encheu seus bolso com pentes de munição, quando olhei para Coach e Rochelle ambos já estavam correndo sendo seguidos pelo soldado que berrava ambos sem parar. Nick e eu corremos logo depois buscando encontrar a saída, mas única que encontramos foi em direção a Rochelle e Coach. O soldado não os seguiu por muito tempo, pois logo foi chamado para ajudar a lutar. Sem dificuldades e guiados por Coach saímos dali, mas lá fora era onde estavam o grande problema, os zumbis logo fecharam nossa frente, creio que nunca atirei tanto em minha vida, eu nem ao menos estava mirando e podia ver vários zumbis caindo um após o outro. Rochelle então berrou:
- Não precisa acertar na cabeça, eles morrem como qualquer outro ser vivo.
Aquilo me aliviou, pois agora tinha certeza que meus tiros por mais errados que fossem estavam ajudando a mata-los, Nick era o único que parecia saber atirar. Todos os seus tiros atingiam órgãos vitais, gastamos muitas balas e acabei precisando de uma recarga dada por Nick que me deu maior esporro por não ter arranjado munição, um helicóptero então rasgou os céus voando rapidamente, sem dúvida veio ali pra buscar alguém importante para levar para um lugar seguro, todos tivemos a mesma ideia sem nem mesmo dizer uma palavra, berramos sem parar para o helicóptero e corremos em sua direção. Usando uma escadaria lateral conseguimos subir em grande prédio de 8 andares, chegamos até o terrasso onde sinalizamos e berramos para o helicóptero que apenas se distanciou sem nos dar a mínima.
Todos ficaram chocados e sem saber oque fazer até que Nick então quebrou o silêncio entre nos.
- Se olharmos pró céu podemos ver várias pessoas sendo resgatadas. Precisamos sair daqui.
- Tem alguma ideia? - Perguntou Rochelle.
- Tem um shopping naquela direção, sem dúvidas encontraremos coisas úteis pra gente lá. Comida, armas e qualquer outra coisa que nos ajude.
Todos concordaram com a cabeça enquanto Coach apenas olhava em silêncio. Nick então sorriu e disse a ele:
- Vamos lá grandalhão, se me ajudar nessa eu te dou um chocolatinho. - Debochou Nick olhando para a barriga de Coach que caia sobre o sinto.
A piada não soou engraçada para Coach que logo foi em direção do mesmo cerrando os punhos, pulei na frente pedindo pra que ambos se acalmassem e parece que Coach concordou que seria melhor não soca-lo. Rochelle encontrou dois machados para combater incêndios enquanto os dois brigavam, pedi a ela que trocasse comigo já que eu não era muito bom com armas e sem dúvida tinha mais força do que ela. Ela aceitou, já que sua arma já estava sem munição. Coach pegou o outro machado guardando sua arma em sua cintura.
- É melhor descermos rápido. - Comentou o mesmo.
Nick já foi tomando a frente e desceu por uma escadaria seguido por Rochelle, Coach e eu, no andar debaixo Nick abriu uma porta mostrando vários infectados em nosso caminho. Rapidamente eliminamos todos os que ficaram em nosso caminho, eu ainda não tinha feito absolutamente nada apenas caminhei junto a eles segurando o machado em mãos, andamos por um corredor e logo viramos a esquerda e para nossa surpresa o teto explodiu desabando por completo bem diante de nos, isso fez meu coração quase sair pela boca:
- Espero que no shopping tenham fraldas. Vou mesmo precisar.
Nick me olhou por cima do ombro enquanto apontava a arma para frente, deu um leve sorriso para mim pela primeira vez. Um pouco antes dos entulhos havia uma porta onde um infectado surgiu andando cambaleando soltando gemidos agudos, tinha o pescoço longo e a barriga bem inchada, sua boca está toda destruída onde parecia ter simplesmente sumido além de muito sangue que escorria da mesma. Ela fazia um som estranho com a boca como se estivesse puxando cuspe com a garganta além de uma voz aguda. Quando Coach avistou a coisa deu um berro:
- SPITTER !
Eu olhei para ele sem entender nada até que ouvi o barulho de um cuspe e senti meu pé queimar, olhei para o chão e vi um líquido verde que estava borbulhando e queimando meu pé, saltei para trás caindo sentado. Ainda sentado, Nick rapidamente atirou na cabeça da coisa matando-a nesse momento o mesmo líquido comecou a vazar de sua boca. Aos poucos parou de borbulhar e então Coach sinalizou para que eu levantasse, pisei lentamente com a ponta da minha bota naquele líquido e não senti nada, parece que o efeito havia passado.
- Isso é acido. Está é um tipo diferente de infectado, você não tem ouvido as transmissões? - Perguntou Coach enquanto todos me olhavam.
- Não.
- Isso é uma Spitter, fique longe de seu cuspe é acido estomacal.
- Que nojo cara. - Fiz uma careta buscando limpar meu pé, quando me dei conta todos estavam um pouco mais a frente entrando naquela portinha ao lado das chamas e entulhos. Corri até eles e olhei o cadáver da Spitter atentamente:
- Coitado do seu marido, ele deve ser um cara muito infeliz. Você é horrível, arde até meus olhos te olhar.
Coach então riu de dentro da sala que parecia ser um depósito de limpeza. Entrei e me deparei com todos olhando por uma janela vendo um parapeito berando as janelas.
- É o único caminho. - Sussurrou Nick.
- Enlouqueceu? Eu não vou ir por aí. - Disse Rochelle.
Concordei com ela olhando pela janela.
- Nick tem razão, isso é um hotel, todos os outros lugares são quartos. Precisamos chegar até o elevador pra descermos até o primeiro andar. - Disse Coach olhando para mim.
- Porque não vamos pelas escadas que viemos?
- Não pensei que teriam tantos zumbis aqui dentro. Agora não podemos voltar os zumbis da outra ala devem estar vindo para cá com todo esse barulho.
Coach então quebrou a janela e foi o primeiro a ir no parapeito, seguido por Rochelle, eu e Nick que verificava a todo momento nossa retaguarda. Olhei para baixo que fez sentir um arrepio da ponta do pé até o alto da cabeça:
- Pense positivo, se eu cair daqui eu morro. Traumatismo Craniano, não vou sentir nenhum zumbi me comendo. Ta de boa.
- Ou você pode sobreviver e ficar caído no chão tetraplégico, imagina que merda. - Riu Coach.
- Aqui é o sétimo andar seu maluco! To pensando seriamente em cometer um suicídio aqui.
Passamos por duas janelas onde os quartos estavam pegando fogo, no primeiro quarto mais tranquilo entramos e corremos em direção ao elevador, enquanto corria pude ouvir uma espécie de rosnado que estava distante, ninguém parecia ter ligado até o rosnado ficar mais alto. Parecia algum tipo de felino ou fera furiosa, quando me distrai algo veio saltando em nossa direção, agarrou Nick em minha frente e deu-lhe uma arranhada em seu peito que o fez agonizar, em meio ao desespero bati o machado com força no centro da cabeça daquele infectado, era como cortar uma lenha molhada. Foi uma sensação muito estranha cravar o machado em algo vivo.
Nick o tirou de cima de si e logo correu para o elevador, todos estávamos analisando aquele outro infectado diferente quando Nick berrou:
- Se não virem logo vou sem vocês.
Todos no mesmo instante corremos em direção ao elevador que fechou rapidamente em nossas costas, acionamos o primeiro andar e finalmente me senti seguro pela primeira vez naquele prédio, mas tinha uma coisa que me preocupava.
- Nick, temos que te matar. Você vai virar um zumbi.
- Não seja idiota Ellis, os médicos anunciaram ontem que ferimentos causado por eles não é contagioso. - Disse Coach abaixando meu machado sujo com sangue. - Me responde Nick, onde aprendeu a atirar tão bem?
- Eu servi por dois anos, mais feri meu ombro em um treinamento e fui dispensando dos serviços militares, não sou apenas eu que atiro bem. - Nick olhou para Rochelle calmamente com seus olhos verdes.
- Sou advogada, mas praticava tiro ao alvo na faculdade.
Uma grande cortina de fumaça negra se formou dentro do elevador que começou a nos fazer tossir, havia um cheiro de queimado no ar, tudo estava muito quente e tenho certeza que conseguia sentir o cheiro de carne queimando, já até imagino como estão as coisas no primeiro andar. A porta então se abriu e revelou que havia um grande incêndio tomando conta de todo o primeiro andar, ficamos desesperados, pois a saída estava em algum lugar por ali.
- Só faltou um cartaz escrito "Bem vindo ao Inferno"
Vi vários infectados correndo de um lado a outro e outros apenas queimando enquanto alguns se alimentavam no chão. Nick correu na frente dando um urro todos nos seguimos o mesmo, ao correr um pouco encontro um soldado morto no chão, rapidamente pego com ele sua metralhadora que sem dúvida seria de boa ajuda, disparei a mesma em várias direções matando inúmeros zumbis, vi Coach entrando no que parecia uma cozinha, pois era o caminho com menos fogo. Pulamos a mesa central e continuamos correndo pelo fogo, evitando-o ao máximo. Matei um zumbi que vestia oque parecia ser uma roupa de contensão. Um frasco com um líquido verde então caiu, eu imaginei que se tratava de uma coleta daquele ácido para ser estudado, poderia ser útil então o peguei. Saímos do meio do incêndio e chegamos ao pátio com o céu aberto, a nossa frente havia uma porta a qual corremos com toda a ferocidade, ainda atirando em vários infectados que cruzaram nosso caminho, disparei um tiro certeiro que estourou a cabeça de um deles e assim que ele caiu um vulto grande passou correndo em minha direção me derrubando enquanto urrava com uma voz forte e rouca. Antes que eu pudesse dizer algo, senti alguma coisa molhada se enrolar envolta de meus braços e me arrastar para trás eu não consegui ver nada além de um grande infectado na minha frente ser derrubado a machadadas por Coach, quando meu corpo esbarrou em algo vi Nick atirar em minha direção criando uma grande cortina de fumaça esverdeada, Rochelle me puxou enquanto eu tossia muito, seguindo todos levantei e fui em direção a porta que foi logo fechada por Nick e Coach que empilharam diversas coisas na frente como mesas e cadeiras enquanto eu apenas buscava recuperar o fôlego deitado no chão.

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