Os Agentes

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Segunda quando eu cheguei do trabalho, Ethan já me esperava com o jantar pronto. Comemos e fomos nos sentar no sofá pois era hora da tal conversa.


– Bom, pode começar – Disse o encarando.

– Eu sempre fui muito focado nos meus estudos e você não vai se surpreender se eu disser que passei o segundo grau sozinho.

– Sozinho do tipo sem um namorado ou namorada ou sozinho do tipo totalmente virgem?

– Quando eu entrei na faculdade eu conheci o Jonathan, ele era meu companheiro de quarto no dormitório e estava no segundo ano.

– Espera, então você era do tipo totalmente virgem? – Arregalei os olhos e Ethan corou.

– Jonathan era do tipo festeiro e eu era o nerd. A minha metade do quarto era organizada e limpa e a dele era uma zona. Os primeiros meses de convivência foram horríveis, ele era barulhento e não tinha respeito nenhum por ninguém.

– Que babaca – Comentei.

– Ele era uma das estrelas do time de futebol americano, tinha bolsa de estudos, mas vivia em festas das fraternidades.

– E o que tem ele na história?

– Eu chego lá. Numa noite, ele chegou no quarto muito bêbado, chorando, dizendo que a vida dele era uma mentira. Eu não estava entendendo nada e aí ele falou que odiava ficar com as meninas da faculdade.

– Nossa!

– Eu não consegui resistir a perguntar o porquê e ele me disse que não podia ser a estrela gay do time de futebol, os patrocinadores não iriam aceitar e ele poderia perder a vaga no time e a bolsa. Sem bolsa ele não teria condições de fazer faculdade.

– Coitado.

– Quando ele acordou no dia seguinte a sua atitude estava bem diferente e nós nos tornamos amigos. E pouco antes das férias de verão ele disse que estava apaixonado por mim. Eu gostava bastante dele e começamos a namorar no nosso quarto.

– Ele foi seu primeiro namorado então?

– Antes de você, o único para ser sincero.

– Sério?

– Nós nunca saíamos em público juntos, nosso namoro era restrito ao nosso quarto, de porta fechada e cortina abaixada. E essa situação começou a nos incomodar.

– Imagino...

– Jonathan começou a estudar psicologia e quando ele entrou para o último ano da faculdade, decidimos sair do armário e assumir nosso namoro.

– E a bolsa?

– Mesmo que ele perdesse, ele já estava matriculado e depois de formado poderia arcar com a dívida.

– Coragem dele, e sua também.

– Eu já tinha perdido a minha mãe e quase não via minha irmã. Eu liguei para ela e contei, mas ela não disse muita coisa. Não sei a opinião dela sobre isso até hoje.

– A notícia deve ter sido um choque pra muita gente na faculdade.

– Ah, foi o assunto do mês. Eu não dava muita atenção, estava focado nos estudos, eu fazia além das matérias, pesquisa acadêmica e era do clube de robótica.

– E seus amigos?

– Eu não tinha nenhum e as pessoas que estudavam comigo não demonstraram nem apoio e nem repúdio. Com Jonathan foi diferente.

O Assistente (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora