Virada

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Jason entrou no elevador já pronto para me abraçar e eu ergui as mãos em negativa. Só podia ser piada de mau gosto né? O cara flerta com você, transa com você, some sem dar uma única notícia e vem te dar um abraço?


– Já ia subir para te chamar para almoçar comigo – Disse Jason na maior naturalidade.

– Espera, o quê?

– Almoço. Eu e você. Italiano.

– Isso é um pesadelo, é pegadinha – Olhei para a câmera do elevador e fiz careta.

– Não babe ...

Babe? Não te dei o direito de me chamar assim.

– Você está bravo...

– Bravo? Furioso me descreve melhor! Você some depois daquela noite sem dar uma notícia, deixar um recado. Vivemos na era da informação! Existe telefone, e-mail, mensagem de texto, aplicativos, internet. E se ninguém te informou, ainda existe o bom e velho papel, envelope e o Fedex.

– Deixa eu te explicar...

– Jason não tem explicação para o que você fez. Com licença.


Saí do elevador não sei nem em qual andar e quase esbarrei na pessoa que iria entrar. Abri porta da escada de emergência e sentei nos degraus para me acalmar. Estava transbordando de raiva.

Depois do almoço eu telefonei para Natasha e avisei que iria fazer uns trabalhos na rua e que não voltaria para o escritório. Eu tinha muito tempo para fazer o que precisava fora do escritório, mas a possibilidade de Jason subir e querer conversar era grande demais.

Fiz o que tinha para fazer e fui para casa, cheguei cedo e Ethan estava cuidadosamente montando um circuito eletrônico. Fiquei uns 5 minutos parado observando até que ele notasse minha presença.


– Gabriel, vai falar algo ou só quer fazer parte da decoração da sala? – Disse sem me olhar, ainda concentrado no circuito.

– Você já usou essa frase antes sr. Coleman – Rebati rindo e ele veio me dar um beijo.

– Chegou cedo, aconteceu alguma coisa? Você está com aquela cara...

– Que cara?

– De que quer me contar algo e não sabe como. Fez essa mesma cara várias vezes para mim e a última foi quando recebeu a promoção na empresa.

– Quando eu fui chamado para conversar com o juiz White, procurei o jurídico da empresa e conheci um advogado chamado Jason Cruz.

– Jason Cruz? Latino, alto, forte, ternos caros?

– Você o conhece?

– Nos esbarramos algumas vezes na empresa.

– Então, depois daquele dia no fórum ele me chamou para almoçar, e depois de novo e outra vez e durante duas semanas nós nos aproximamos e nós ficamos.

– Ficaram?

– Ele conseguiu ingressos para um musical na Broadway, nós comemos numa lanchonete com garçonetes cantoras e dormimos juntos naquela noite.

– E? – A cara de Ethan era linda e assustadora ao mesmo tempo.

– No dia seguinte ele sumiu. Desapareceu, não me ligou, mandou mensagens ou respondeu as minhas tentativas de contato. Na segunda-feira ele tirou uma licença do trabalho alegando motivos pessoais e virou pó.

O Assistente (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora