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    O tempo foi passando, pude ver o meu cabelo crescer ao longo tempo assim como o meu grau de importância perante a sociedade.

    O meu estatuto foi melhorando e neste momento trabalho para uma amiga que me trata como se fosse da família, faço textos para o jornal da cidade assim como curtas reportagens pela zona, aguardo ansiosamente por uma reportagem fora do país.

    Sei que apesar de tudo tenho observado o caminho que Niall seguiu, que não foi o melhor a princípio e que fiquei sem saber de mais novidades sobre ele desde que partiu parta o estrangeiro, lembro-me bem desse dia, saí do trabalho à pressa e corri o mais depressa possível até ao comboio que sabia que ele utilizava todo os dias, perdi um dia de trabalho só para o poder ver entrar para o aeroporto, uma última vez na minha vida. Sei que foi asneira para alguém que o estava a tentar esquecer, mas pôs um fim à esperança de alguma vez o ver crescer e se fazer um homem.

   Poder desculpar-se por tudo aquilo que me fez e voltar para mim, dizer-me que estava arrependido e que só me queria a mim. Mas não, tudo o que pude observar foi depois o avião levantar voo levando-o para sabe-se lá onde, enquanto eu ficava com os meus dedos presos à vedação do aeroporto. Baixei o olhar devido à intensidade do sol que me estava a magoar os olhos que já choravam, não sei se por dor, se por saudades antecipadas daquele rapaz de grande importância para mim.

    Vou ser realista para comigo e dizer mil vezes que não queria que ele fosse, mas sabia que tinha de me dar uma estaladas por ainda me importar com ele. Sabia que a culpa não era toda dele pois quem quis viver aquela grande ilusão fomos os dois. Sei que também estou a ser repetitiva nesta história de o querer ao pé de mim, mas ele é tudo o que me ocorre, quer eu esteja bem, quer eu esteja mal.

    E é por ainda ter uma esperança nele, que a sua imagem não morre na minha mente, perdurando por longos tempo e sem me aperceber, para sempre...

    Acordo dos meus pensamentos com a proposta de uma nova reportagem, não era para mim, mas sim para uma colega de secretária, ela estava num cargo mais alto que o meu, mas como tinha faltado durante o dia eu encarregava-me de lhe entregar todos os recados possíveis.

   De tal forma que lhe liguei assim que recebera aquela proposta, ela teria tudo pago para a sua viagem e teria de entrevistar um homem que trabalhava numa empresa de tecnologias, e que pelos vistos, era de grande importância. Ela sim, tinha uma enorme sorte.

    - Mary, por favor, não se esqueça de entregar essa reportagem à Carrie, ela tem mesmo de dar essa entrevista, vai enriquecer a nossa revista! - ouço as indicações da diretora e apercebo-me mais uma vez de que sou um fracasso.

    Ligo finalemente à Carrie. Ela vai ter a sorte de viajar!

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