- Diz-me uma coisa Niall... - começo enquanto me baixo até aos refrigerantes presentes no frigorífico - O que é que ganhas-te daquela miúda que te fez negar-me de uma maneira tão radical?
Tento parecer calma ao mesmo tempo que algumas recordações me assaltam a mente, leves, quase sem importância, pois já tiveram as suas horas de maior pavor de se repetirem. Agora não, acho que o tempo é capaz de curar todas as feridas, pelo menos as minhas!
- Ela era apenas uma das miúdas que gostavam de mim, não foi nada de relevante. - ele encolhe os ombros e endireita-se.
- Estás a dizer que eu era também mais uma das que gostava de ti? - pergunto enquanto seguro dois copos na mão e uma garrafa de coca-cola na outra.
- Eras diferente. Um outro caso... - ele indica e chega-se até mim.
- Sempre as mesmas palavras para quem se diz tão homem. - digo-lhe de frente a ele.
Forço as minhas pernas a darem uns passos quando este me segura por um ombro e a minha cabeça vir-se rapidamente de modo a que os meus olhos se deparassem com os seus.
- E se eu te pedisse uma última vez para voltares? O que dirias?
- Eu diria que vais ter de te esforçar mais do que isso.
Continuo a minha caminhada até Carrie que me olha e pede para me sentar ao seu lado. Encaro os cartões bem organizados que decidiu criar para a sua entrevista. Estava orgulhosa de poder ajudá-la, em parte orgulhosa de mim por ter ajudado tanto. Só isto fez valer a pena ter aqui estado.
Pouso ambos os copos sobre a mesa e começo por enche-los com o refrigerante. Carrie vai questiona primeiramente a mim para ter a certeza que tudo corria da melhor maneira.
Ao fim de uns minutos acabamos por entreolharmo-nos e percebemos que tudo estava pronto e organizado para Carrie começar a sua entrevista.
- Niall! - chamo.
Carrie olha para mim e baixo acaba por me alertar.
- Acho que devias pelo menos chamá-lo de senhor. - diz-me calma e logo de seguida sorri-me.
Acabo por dar-lhe razão, estávamos cá por uma entrevista e não numa brincadeira. Por isso, assim que Niall se senta Carrie senta-se em frente a ele enquanto eu tomo a liberdade de gravar ambas as falas, assim Carrie estaria mais à vontade.
Calmamente a entrevista desenrolou-se às mil maravilhas, com questões interessantes que partiram de Carrie e outras que partiram de mim. De certeza que Niall tivera gostado da entrevista pois no final pude observar algumas lágrimas que lhe tiveram escapado e lhe escorriam pela bochechas.
Carrie chegou-lhe um lenço que ele rapidamente pegou e serviu-se dele enquanto perguntava preocupado se estava tudo correto, pelos vistos teria sido uma das entrevistas mais sentimentais que tivera e tinha um certo receio que algo tivesse corrido mal.
- Está tudo bem Horan, não precisa de se preocupar! - digo-lhe e acabo por o abraçar.
Desde sempre que não conseguia ver alguém chorar, lembrava-me tempos em que uma amiga sofria de violência doméstica em casa e me pedia todos os dias por um abraço dos meus.
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Short StoryNão há um para sempre com ele. É amor, até deixar de o ser... - Mary twisted (definição): torcido/a ,, neste contexto é utilizado como - reviravolta. ➳ @dianacrferreira 2016© | all rights reserved